São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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BASQUETE

Os últimos serão os primeiros

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Na última vez que eles sentiram o gosto de um jogo de mata-mata, Michael Jordan ainda reinava, a marcação por zona era vetada e o Brasil assistia aos jogos da NBA pela TV aberta.
Golden State, Los Angeles Clippers e Cleveland são as grandes surpresas do campeonato 05/06, justamente os três clubes há mais tempo afastados dos playoffs.
É verdade que as lesões de Amaré Stoudamire (Phoenix) e Shaquille O'Neal (Miami) sacudiram o balanço de forças no Oeste e no Leste. Mas os sacos de pancadas ostentam números sólidos.
Dono da mais longa fila -não avança à segunda fase desde 1994-, o Golden State fechou novembro com 11 vitórias e 6 derrotas, seu melhor mês de abertura desde 1974/75, quando ergueu a taça pela primeira e última vez.
A arrancada começou já nos estertores do torneio passado, após a contratação de Baron Davis, armador tão criativo quanto frágil (em três anos, ficou 83 rodadas fora por contusão). Com ele, a equipe ganhou 31 de 46 partidas.
No banco, Mike Montgomery é o primeiro técnico saído do circuito universitário a vingar na NBA em mais de uma década. Na sua segunda temporada, não mostra a marra de outros. "Pelo menos hoje eu sei o que eu não sei."
Líderes do Pacífico, os Clippers colocaram a cidade de ponta-cabeça. Com a melhor largada de sua história (11v e 5d), vêem o "primo rico" Lakers (7v e 9d) na vice-lanterna da divisão.
Como no caso do Golden State, um armador veterano e com saúde pouco confiável é a chave do sucesso da franquia, que desde 1992 não tem campanha vitoriosa e desde 1997 não vai aos playoffs.
Um dos reis do último quarto, quando o diâmetro do aro diminui para muitos, Sam Cassell relutou em ir ao "purgatório" da liga. Mas agora o discurso é outro. "Todos nós fomos vencedores em algum lugar, seja na faculdade ou em outro lugar. Então por que não podemos vencer aqui?"
A autoconfiança contagiou os colegas. O esforçado ala-pivô Elton Brand arrebatou o troféu de craque do mês do Oeste (proeza inédita no clube havia 25 anos).
Talvez menos assombroso seja o Cleveland. Nos últimos dois anos, o fenômeno LeBron James por pouco não levou o time aos playoffs, o que não ocorre desde 1998.
Mas ninguém esperava, mesmo com os mais de US$ 100 milhões investidos em contratações (o versátil Larry Hughes e os gatilhos Damon Jones e Donyell Marshall), que ele lutasse com Detroit e Indiana pelo topo da divisão Central, a mais competitiva da liga.
No comando, Mike Brown confirma o pedigree. O treinador estreante foi assessor de Gregg Popovich (San Antonio) e Rick Carlisle (Indiana), obcecados por uma defesa que não desista e por um ataque que não faça firulas.
Golden State e Clippers merecem aplausos. É preciso, porém, frisar que se aproveitam da diluição do talento da conferência outrora todo-poderosa (exceto o San Antonio, todos os "orientais" estão enfraquecidos neste ano). No Leste, não, pelo contrário, a briga melhorou, virou cabeça a cabeça. Baron é bom, Cassell é papão, mas LeBron é o cara.

Borralheira 1
LeBron James registra a melhor pontaria de sua vida (48%). Por isso não desgarra na briga pela artilharia, mesmo chutando por jogo sete bolas a menos do que os rivais diretos. Tem média de 28,8 pontos (seu recorde), contra 34,4 de Allen Iverson e 32,1 de Kobe Bryant.

Borralheira 2
O Phoenix (ainda sem Leandrinho) reagiu. Venceu seis partidas seguidas e, com 10v e 5d, encostou nos Clippers e no Golden State.

Borralheira 3
Não há previsão de Clippers e Golden State na grade da ESPN para o Brasil. Já o Cleveland virou figura fácil no único canal que transmite a liga para o país. Nesta sexta-feira LeBron & Cia. pegam o New Jersey.

E-mail melk@uol.com.br


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