|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE
Os últimos serão os primeiros
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Na última vez que eles sentiram o gosto de um jogo de
mata-mata, Michael Jordan ainda reinava, a marcação por zona
era vetada e o Brasil assistia aos
jogos da NBA pela TV aberta.
Golden State, Los Angeles Clippers e Cleveland são as grandes
surpresas do campeonato 05/06,
justamente os três clubes há mais
tempo afastados dos playoffs.
É verdade que as lesões de Amaré Stoudamire (Phoenix) e Shaquille O'Neal (Miami) sacudiram
o balanço de forças no Oeste e no
Leste. Mas os sacos de pancadas
ostentam números sólidos.
Dono da mais longa fila -não
avança à segunda fase desde
1994-, o Golden State fechou novembro com 11 vitórias e 6 derrotas, seu melhor mês de abertura
desde 1974/75, quando ergueu a
taça pela primeira e última vez.
A arrancada começou já nos estertores do torneio passado, após
a contratação de Baron Davis, armador tão criativo quanto frágil
(em três anos, ficou 83 rodadas
fora por contusão). Com ele, a
equipe ganhou 31 de 46 partidas.
No banco, Mike Montgomery é
o primeiro técnico saído do circuito universitário a vingar na NBA
em mais de uma década. Na sua
segunda temporada, não mostra
a marra de outros. "Pelo menos
hoje eu sei o que eu não sei."
Líderes do Pacífico, os Clippers
colocaram a cidade de ponta-cabeça. Com a melhor largada de
sua história (11v e 5d), vêem o
"primo rico" Lakers (7v e 9d) na
vice-lanterna da divisão.
Como no caso do Golden State,
um armador veterano e com saúde pouco confiável é a chave do
sucesso da franquia, que desde
1992 não tem campanha vitoriosa
e desde 1997 não vai aos playoffs.
Um dos reis do último quarto,
quando o diâmetro do aro diminui para muitos, Sam Cassell relutou em ir ao "purgatório" da liga. Mas agora o discurso é outro.
"Todos nós fomos vencedores em
algum lugar, seja na faculdade ou
em outro lugar. Então por que
não podemos vencer aqui?"
A autoconfiança contagiou os
colegas. O esforçado ala-pivô Elton Brand arrebatou o troféu de
craque do mês do Oeste (proeza
inédita no clube havia 25 anos).
Talvez menos assombroso seja o
Cleveland. Nos últimos dois anos,
o fenômeno LeBron James por
pouco não levou o time aos playoffs, o que não ocorre desde 1998.
Mas ninguém esperava, mesmo
com os mais de US$ 100 milhões
investidos em contratações (o versátil Larry Hughes e os gatilhos
Damon Jones e Donyell Marshall), que ele lutasse com Detroit e
Indiana pelo topo da divisão Central, a mais competitiva da liga.
No comando, Mike Brown confirma o pedigree. O treinador estreante foi assessor de Gregg Popovich (San Antonio) e Rick Carlisle (Indiana), obcecados por
uma defesa que não desista e por
um ataque que não faça firulas.
Golden State e Clippers merecem aplausos. É preciso, porém,
frisar que se aproveitam da diluição do talento da conferência outrora todo-poderosa (exceto o San
Antonio, todos os "orientais" estão enfraquecidos neste ano). No
Leste, não, pelo contrário, a briga
melhorou, virou cabeça a cabeça.
Baron é bom, Cassell é papão,
mas LeBron é o cara.
Borralheira 1
LeBron James registra a melhor pontaria de sua vida (48%). Por isso
não desgarra na briga pela artilharia, mesmo chutando por jogo sete
bolas a menos do que os rivais diretos. Tem média de 28,8 pontos
(seu recorde), contra 34,4 de Allen Iverson e 32,1 de Kobe Bryant.
Borralheira 2
O Phoenix (ainda sem Leandrinho) reagiu. Venceu seis partidas seguidas e, com 10v e 5d, encostou nos Clippers e no Golden State.
Borralheira 3
Não há previsão de Clippers e Golden State na grade da ESPN para o
Brasil. Já o Cleveland virou figura fácil no único canal que transmite a
liga para o país. Nesta sexta-feira LeBron & Cia. pegam o New Jersey.
E-mail melk@uol.com.br
Texto Anterior: Fifa veta chip na bola do Mundial e da Copa Próximo Texto: Futebol - Soninha: O velho exercício do "se..." Índice
|