PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os clubes brasileiros largaram rapidamente na corrida pela contratação de Vanderlei Luxemburgo. Mas o treinador, demitido anteontem do Real Madrid, deseja continuar no futebol europeu.
Luxemburgo, que prometeu não falar publicamente sobre sua demissão até o final desta semana, afirma já ter recebido proposta de um clube da Alemanha e de um da Inglaterra, além de outras duas agremiações nacionais, que seriam Santos e Flamengo.
A prioridade do treinador é acertar com um clube europeu. Teme que seu currículo fique manchado pelo fracasso no continente onde sempre demonstrou vontade de trabalhar.
Outra alternativa é esperar a Copa do Mundo para depois voltar à seleção brasileira. Luxemburgo é o preferido de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF.
O treinador fica na Espanha mais alguns dias para acertar sua mudança e se desfazer de bens que comprou na sua passagem de menos de um ano pelo Real. Enquanto isso, Juan Figger, empresário que ajudou o técnico a emplacar no time, tentará encaixar Luxemburgo em outro emprego num clube ou seleção européia.
Ontem, ficou ainda mais evidente a divisão que havia entre espanhóis e o clã brasileiro chefiado pelo técnico no Real Madrid.
O zagueiro Pavón disse que a "mudança foi drástica, mas boa".
Antes da demissão do treinador, o capitão Raúl, em um almoço com os dirigentes do time, queixou-se do comportamento de Luxemburgo, que não contou com o apoio de Emílio Butragueño e Arrigo Sachi, os homens do presidente Florentino Pérez no futebol do clube espanhol.
O italiano, aliás, anunciou ontem que vai deixar o clube no final do ano por "razões pessoais". De acordo com o Real, o diretor de futebol havia tomado a decisão antes da saída de Luxemburgo.
Os atletas brasileiros não gostaram da demissão do compatriota, mas evitaram críticas públicas aos cartolas. "Luxemburgo era um profissional que estava tentando fazer as coisas da melhor forma, mas não foi possível", disse o meia-atacante Júlio Baptista.
Antes mesmo de ser demitido, por telefone, Luxemburgo já havia jogado a toalha. A Folha apurou que o treinador tomou a decisão de deixar o clube, mesmo que não fosse demitido, no sábado, logo após a magra vitória sobre o Getafe, quando novamente foi vaiado pelos torcedores.
Hoje, pela Copa dos Campeões, o Real será dirigido pelo interino Juan Ramon Lopez Caro, que pode ficar no cargo mais tempo que o desejado pela diretoria, já que o time tem poucas chances de acertar com um treinador de ponta. "Eu estou feliz no Liverpool. Tenho um trabalho para fazer aqui", disse Rafa Benitez, um dos preferidos de Florentino Pérez. Fabio Capello, José Mourinho e Arsene Wenger também são cobiçados.