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FUTEBOL
Blefe
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Rei leitor, rainha leitora,
estamos vivendo a época do
blefe (do inglês "bluff", que significa fingimento, simulação, ardil).
Estamos vivendo o império do
blefe porque estes são os dias das
contratações, da chegada dos novos jogadores que, suprindo uma
ou outra pequena deficiência, farão com que os nossos times passem a jogar como uma máquina
praticamente impossível de ser
derrotada.
Nessa época, mais do que em
qualquer outra, o noticiário é feito de suposições, e os torcedores,
ansiosos, ficam projetando escalações em suas mentes. Se aquele
zagueiro vier, nossa defesa ficará
mais firme... Se aquele meio-campista for mesmo contratado, teremos o organizador de jogo que
tanta falta nos fez em 2002... Se
tal atacante chegar, ninguém vai
nos segurar, se...
Infelizmente, a maior parte dessas especulações é apenas isso: especulações (do latim "especulatio", que significa espionar, conjeturar). Diretorias de clubes,
empresários e os próprios jogadores se vêem envolvidos numa série
de blefes, tudo para que se consigam algumas fichas, ou moedas,
a mais.
Tomemos como exemplo uma
entre as muitas manchetes que pipocaram nos jornais nestas últimas semanas: "Santos tenta contratar Evair ou Robson".
Isto pode ser tanto:
a) Um blefe do empresário de
Evair, que deseja valorizar o atleta para mais um ano de contrato
com o Goiás;
b) Um blefe do empresário de
Robson, que espera negociar o jogador com um outro clube, mas
que divulga o hipotético interesse
do Santos para valorizar sua mercadoria;
c) Um blefe das diretorias de
Goiás e Bahia, que não têm como
renovar com os jogadores e, temendo a reação da torcida, divulgam a notícia querendo marcá-los como mercenários;
d) Um blefe da diretoria do
Santos, que quer apenas um desses atletas, mas inventa o interesse pelo outro para pagar menos
pelo escolhido;
e) Outro tipo de blefe do Santos,
que, na verdade, quer um terceiro
jogador, mas espalha o boato para trabalhar nesta contratação
em sigilo.
Essas são apenas algumas das
muitas possibilidades e, no fim
das contas, até é possível que a
manchete seja verdadeira.
Mas isso é o mais raro, e muitos
outros tipos de manobras astuciosas podem estar por trás das manchetes que anunciam Fábio Costa, Hélton e Carlos Germano no
Corinthians, Fernando Baiano,
Dimba e Oséas no Coritiba, Romário no Flamengo (ou no Vasco), Magno Alves no Grêmio, Dininho no Palmeiras (ou São Paulo), Felipe no Vasco (ou São Paulo), Aristizábal no Atlético-MG,
Evair, Dimba, Rodrigão ou Taílson no Guarani, Fábio Júnior no
Atlético-PR, Vampeta no Cruzeiro (ou no Flamengo) e Marcelinho Carioca em qualquer clube.
Enfim, nesta hora de renovações e contratações, o blefe é a regra e todos fazem ares de quem
possui uma quadra de ases na
mão. Aliás, caro editor de Esporte, veja só que coincidência: justo
nesta época de reajuste salarial
fui sondado pelo "Lance!", contatado por um diretor do "Estadão"
e parece que "O Globo" anda interessado no meu passe. Mas, é
claro, eu prefiro ficar no time da
Folha, onde tenho grande identificação com a torcida, digo, com
os leitores; desde que, é claro, tenha o meu valor reconhecido e...,
bem, conversamos depois.
Adeus?
Depois de ter feito mais de 50
gols com a camisa alviverde,
Francisco Arce parece que está deixando o Palmeiras. Por
um lado, é uma péssima notícia, pois o jogador foi a alma
ofensiva do time nos últimos
anos; por outro, é um interessante desafio, pois o Palmeiras vai ter que aprender a jogar como um conjunto.
Feiúra pura
Na última coluna, publiquei a
seleção "Beleza Pura" apenas
com jogadores bonitões. Em
resposta, Luciano Eliçagaray
enviou um escrete apenas
com jogadores, digamos,
pouco belos: Jairo; Rosemiro,
Marião, Cléber e Chico Fraga;
Amaral, Biro-Biro e Sócrates;
Edu Bala, Beijoca e Nei.
Sofá x banco
O Corinthians escolheu a Kolumbus Móveis, e não o Santander, para ser seu segundo
patrocinador. Trocou o banco pelo sofá.
E-mail torero@uol.com.br
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