São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Blefe

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Rei leitor, rainha leitora, estamos vivendo a época do blefe (do inglês "bluff", que significa fingimento, simulação, ardil).
Estamos vivendo o império do blefe porque estes são os dias das contratações, da chegada dos novos jogadores que, suprindo uma ou outra pequena deficiência, farão com que os nossos times passem a jogar como uma máquina praticamente impossível de ser derrotada.
Nessa época, mais do que em qualquer outra, o noticiário é feito de suposições, e os torcedores, ansiosos, ficam projetando escalações em suas mentes. Se aquele zagueiro vier, nossa defesa ficará mais firme... Se aquele meio-campista for mesmo contratado, teremos o organizador de jogo que tanta falta nos fez em 2002... Se tal atacante chegar, ninguém vai nos segurar, se...
Infelizmente, a maior parte dessas especulações é apenas isso: especulações (do latim "especulatio", que significa espionar, conjeturar). Diretorias de clubes, empresários e os próprios jogadores se vêem envolvidos numa série de blefes, tudo para que se consigam algumas fichas, ou moedas, a mais.
Tomemos como exemplo uma entre as muitas manchetes que pipocaram nos jornais nestas últimas semanas: "Santos tenta contratar Evair ou Robson".
Isto pode ser tanto:
a) Um blefe do empresário de Evair, que deseja valorizar o atleta para mais um ano de contrato com o Goiás;
b) Um blefe do empresário de Robson, que espera negociar o jogador com um outro clube, mas que divulga o hipotético interesse do Santos para valorizar sua mercadoria;
c) Um blefe das diretorias de Goiás e Bahia, que não têm como renovar com os jogadores e, temendo a reação da torcida, divulgam a notícia querendo marcá-los como mercenários;
d) Um blefe da diretoria do Santos, que quer apenas um desses atletas, mas inventa o interesse pelo outro para pagar menos pelo escolhido;
e) Outro tipo de blefe do Santos, que, na verdade, quer um terceiro jogador, mas espalha o boato para trabalhar nesta contratação em sigilo.
Essas são apenas algumas das muitas possibilidades e, no fim das contas, até é possível que a manchete seja verdadeira.
Mas isso é o mais raro, e muitos outros tipos de manobras astuciosas podem estar por trás das manchetes que anunciam Fábio Costa, Hélton e Carlos Germano no Corinthians, Fernando Baiano, Dimba e Oséas no Coritiba, Romário no Flamengo (ou no Vasco), Magno Alves no Grêmio, Dininho no Palmeiras (ou São Paulo), Felipe no Vasco (ou São Paulo), Aristizábal no Atlético-MG, Evair, Dimba, Rodrigão ou Taílson no Guarani, Fábio Júnior no Atlético-PR, Vampeta no Cruzeiro (ou no Flamengo) e Marcelinho Carioca em qualquer clube.
Enfim, nesta hora de renovações e contratações, o blefe é a regra e todos fazem ares de quem possui uma quadra de ases na mão. Aliás, caro editor de Esporte, veja só que coincidência: justo nesta época de reajuste salarial fui sondado pelo "Lance!", contatado por um diretor do "Estadão" e parece que "O Globo" anda interessado no meu passe. Mas, é claro, eu prefiro ficar no time da Folha, onde tenho grande identificação com a torcida, digo, com os leitores; desde que, é claro, tenha o meu valor reconhecido e..., bem, conversamos depois.

Adeus?
Depois de ter feito mais de 50 gols com a camisa alviverde, Francisco Arce parece que está deixando o Palmeiras. Por um lado, é uma péssima notícia, pois o jogador foi a alma ofensiva do time nos últimos anos; por outro, é um interessante desafio, pois o Palmeiras vai ter que aprender a jogar como um conjunto.

Feiúra pura
Na última coluna, publiquei a seleção "Beleza Pura" apenas com jogadores bonitões. Em resposta, Luciano Eliçagaray enviou um escrete apenas com jogadores, digamos, pouco belos: Jairo; Rosemiro, Marião, Cléber e Chico Fraga; Amaral, Biro-Biro e Sócrates; Edu Bala, Beijoca e Nei.

Sofá x banco
O Corinthians escolheu a Kolumbus Móveis, e não o Santander, para ser seu segundo patrocinador. Trocou o banco pelo sofá.

E-mail torero@uol.com.br


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