|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Técnico injeta espírito olímpico no time e jogadores se encantam com a chance de fazer história
Sub-23 faz da Olimpíada sonho e Copa do Mundo
RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A CONCEPCIÓN
"A Olimpíada não deve nada à
Copa do Mundo." O discurso de
Ricardo Gomes, técnico da seleção brasileira sub-23, é mais motivacional que qualquer coisa nas
horas que antecedem a estréia no
Pré-Olímpico, hoje, contra a Venezuela, em Concepción (Chile).
"O fato de o Brasil nunca ter ganho uma medalha de ouro olímpica é uma motivação para nós",
disse o treinador, que não tem o
perfil de Luiz Felipe Scolari, mas
que está aproveitando situações
desfavoráveis para imbuir no grupo o tal espírito olímpico.
"Sou um esportista. Sempre
gostei de Olímpiada. A medalha
de ouro é um sonho para o Brasil.
Os jogadores aqui sabem disso.
Como eles não têm ainda muita
maturidade, lembro a eles a importância de uma Olimpíada."
O regime econômico imposto
pela Conmebol ao torneio, a falta
de um tempo ideal para treinar o
time, o cansaço dos atletas, as
conquistas dos times sub-17, sub-20 e principal nos últimos Mundiais... Tudo o que poderia pesar
contra a seleção sub-23 está sendo
transformado em uma espécie de
fonte energética para a equipe.
"Nós temos um sonho. E temos
que superar qualquer condição
que não seja favorável se quisermos concretizar esse sonho. Para
nós, a medalha de ouro não seria
um título só de 2004, será para
sempre", afirmou Gomes.
Os jogadores, aos poucos, vão
entendendo a mensagem.
"Para nós, a Olimpíada é uma
Copa do Mundo", disse Edu Dracena, o capitão do time.
Maxwell, único atleta ""estrangeiro" que estava na delegação até
anteontem com a delegação, também vestiu a camisa. "Sei o que os
europeus pensam do torneio
olímpico de futebol. Ele não dão
muita importância, pouco se fala
nisso. Mas eu sou brasileiro e sei o
que significa essa medalha de ouro para o nosso país. Meu desejo
maior é ganhá-la", afirmou o lateral do Ajax (Holanda).
Robinho, o mais badalado atleta
do grupo, já ouviu de Carlos Alberto Parreira, técnico do time
principal, que "poderia queimar
etapas" na seleção, mas o jogador
se mostra animado mesmo agora
com o projeto olímpico.
"Sabemos que entraremos para
a história da seleção se conquistarmos a medalha de ouro. Muitos jogadores tentaram e não conseguiram. Tenho certeza de que
vamos nos classificar neste Pré-Olímpico", disse Robinho.
Ele e Diego dizem que o momento olímpico mais marcante
para eles foi a eliminação da seleção brasileira diante de Camarões
em Sydney. "Eu torci muito, sofri.
O time do Brasil tinha o Ronaldinho, mas acabou eliminado na
morte súbita", disse Diego.
Já Elano, que será batizado hoje
contra Venezuela como titular da
seleção brasileira em jogos oficiais, lembra até os grandes feitos
olímpicos. "Tenho na mente as
imagens daquela corredora sofrendo para completar a prova [a
suíça Gabriele Andersen-Schiess,
em Los Angeles-1984] e daquele
saltador que bateu a cabeça no
trampolim e ainda assim ganhou
a medalha de ouro [Greg Louganis, em Seul-1988]", disse.
O Brasil é indiscutivelmente hoje o país do futebol no que se refere a seleções. O país ostenta uma
"tríplice coroa" após os títulos da
Copa, em 2002, e dos Mundiais
sub-20 e sub-17 no segundo semestre de 2003.
O técnico Ricardo Gomes disse
que essas conquistas recentes não
dão mais responsabilidade ao
grupo sub-23 e que, por não serem inéditas, seriam menos celebradas que um possível ouro.
"O Brasil já ganhou cinco Copas, é tetracampeão do Mundial
sub-20 e tricampeão no sub-17.
Nosso grupo tem a chance, uma
chance única, de conquistar o título de um torneio que é o sonho
de todos os brasileiros, de escrever o nome na história."
NA TV - Brasil x Venezuela,
Globo, ao vivo, às 23h10
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Torneio começa esvaziado, sem festa e sem hino Índice
|