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TOSTÃO
Baixinhos e altinhos
Globalizado, com domínio da marcação e dos cruzamentos para a área, o futebol é hoje um esporte de fortes altinhos
UM DOS motivos das más atuações de Tevez e de ele não ter
feito nenhum gol pelo West
Ham é a sua posição em campo.
Na equipe inglesa, Tevez atua no
meio-campo, pela direita.
Nada a ver com o argentino, que
sempre foi um atacante, que somente recua para receber a bola e parte
com ela para o gol.
Como Tevez é habilidoso e baixinho, o técnico inglês o escala para
ser um meia.
Isso ocorre em todo o mundo. Os
treinadores querem atacantes fortes
e altos para o jogo aéreo.
Assim como aconteceu na população mundial e em quase todos os esportes, os atletas de futebol, também do Brasil, estão cada dia mais
altos e fortes.
No passado, a grande dificuldade
dos times brasileiros no confronto
com os europeus era o tamanho dos
atletas e a condição física.
Hoje não existe mais esse problema. Já os baixinhos brasileiros têm
cada dia menos chance de brilhar,
mesmo os que atuam no Brasil.
O antigo conceito de que o futebol
é um esporte em que os atletas de todos os tamanhos podem jogar bem
não é mais verdade. Há exceções.
Na Copa de 70, todos os meias e os
atacantes da seleção brasileira tinham menos de 1,75 m.
Nos últimos tempos, quase todos
jogadores que mais se destacaram
nessas posições mediam mais de
1,80 m, como Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká. O mesmo
ocorreu na Europa, com Henry, Zidane, Schevchenko e outros.
Quando o técnico gaúcho Rubens
Minelli disse nos anos 70 que entre
dois jogadores com a mesma técnica
ele preferia o mais alto, foi mal interpretado e criticado.
Hoje, os técnicos, desde as categorias de base, escolhem os mais altos,
mesmo que sejam um pouco piores.
Romário foi o último dos pequenos grandes atacantes.
Se ele chegasse hoje às categorias
de base de um grande clube, o técnico o colocaria para jogar como meia
ou seria reprovado para o futebol.
No recente Sul-Americano sub-20, vencido pelo Brasil, a maior diferença do time brasileiro não foi a habilidade, e sim a força física, a altura
dos atletas e o jogo aéreo.
Essa é uma das maiores qualidades do Alexandre Pato. Por esse motivo e pelo talento, ele tem tudo para
ter sucesso.
Assim, o antigo conceito de que o
futebol brasileiro é diferente, mais
leve, mais bonito, mais habilidoso,
de mais dribles e de mais tabelas,
precisa ser revisto.
O futebol está globalizado na maneira de jogar e na estrutura física
dos atletas.
No Brasil e em todo o mundo, predominam a marcação forte e os cruzamentos para a área.
O futebol é hoje um esporte de fortes altinhos.
Ótima atuação
Edmundo teve uma excepcional
atuação no primeiro tempo contra
o Santos e cansou no segundo, jogando de meia, mais recuado, em
uma posição que disse que ele não
deveria jogar.
Isso é um fato.
Outro é, por causa de uma única
partida, dizer, como li e escutei várias vezes, que essa é a função ideal
para o Edmundo.
Nessa última passagem pelo Palmeiras, ele jogou nessa mesma posição e não tinha tido uma única
ótima atuação.
Os conceitos e as teorias, mesmo
com bons argumentos, são ótimos
até serem desmentidos pela prática. Aí, cria-se uma nova e excelente
teoria, que também será contestada mais tarde.
As coisas vão e voltam.
O que é bom e novo hoje já foi
ruim e velho ontem.
Poucas coisas são definitivas, como o delicioso sabor de um sorvete
de coco.
tostao.folha@uol.com.br
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