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FUTEBOL
Paulo Mata, suspenso por tirar a roupa em campo em protesto à arbitragem do Estadual do Rio, vira cantor
Treinador "striper' lança CD de pagode
FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local
Desde o dia 12 de março de 1997,
quando invadiu o campo do estádio Jair Bittencourt, em Itaperuna,
Rio, e ficou nu, o técnico Paulo
Mata, 52, viu sua vida profissional
sofrer uma reviravolta.
Na ocasião, o então treinador do
Itaperuna tirou a roupa em protesto à arbitragem na derrota para
o Vasco (leia texto ao lado) e acabou sendo suspenso por um ano e
dois meses.
A pena imposta pelo Tribunal de
Justiça Desportiva da Federação
de Futebol do Rio fez Mata levar a
sério seu hobby de cantar pagodes.
No final do ano passado, lançou
o CD ""Eu me orgulho de ser brasileiro", cuja ""música de trabalho" é
uma versão do Hino Nacional brasileiro em ritmo de samba.
Há também novos arranjos de
""Copacabana" (Braguinha), ""É
impossível acreditar em você"
(Márcio Greik) e ""Perfídia" (Alberto Dominguez). Entre suas
composições, há três sambas-pagode, dois baiões, duas axé-music,
um merengue e um afoxé.
A produção foi bancada, segundo Mata, com recursos próprios.
Gastou "em torno de RÏ 20 mil"
para prensar mil cópias.
O disco não tem um esquema de
distribuição. Ele próprio diz ter
deixado algumas cópias em lojas,
mas conta com a possibilidade de
assinar com alguma gravadora.
Empolgado com a nova carreira,
Mata diz não ter planos de voltar
para o futebol -o que poderia
acontecer em 12 de maio próximo,
quando termina sua suspensão.
""Estou confiando tanto no meu
disco que já recusei duas propostas do futebol árabe."
O treinador de futebol, cantor e
compositor -como consta no seu
cartão de visitas- descarta a possibilidade de se promover a partir
do ""que fez em campo".
Para sustentar que a sua atitude
foi mais política do que circense,
conta que chegou a recusar proposta de revistas pornográficas
para posar nu.
""Para você ver que, mesmo sem
ganhar dinheiro há dez meses e
com meu apartamento penhorado, recusei, pois conservo meu
protesto até hoje."
Metáforas
Mata diz que algumas de suas letras fazem alusão ao ""protesto" do
ano passado. Segundo ele, a música ""Jogo da Vida" foi feita toda em
linguagem figurada.
""A vida é tão bela, mas parece
um jogo/ No jogo da vida quem
vence é o bem", diz a canção.
""Naquele trecho, fica claro. Quero dizer que, no final, o bem vai
ganhar do mal. E é por isso que
sigo", afirma.
Mas esta não é, conforme Mata,
a única metáfora da música.
""Quando falo que "a vida é um
jogo de cartas marcadas' , dá para
notar que estou me referindo ao
Campeonato Estadual do Rio."
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