São Paulo, sábado, 7 de fevereiro de 1998

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FUTEBOL
Paulo Mata, suspenso por tirar a roupa em campo em protesto à arbitragem do Estadual do Rio, vira cantor
Treinador "striper' lança CD de pagode

FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local

Desde o dia 12 de março de 1997, quando invadiu o campo do estádio Jair Bittencourt, em Itaperuna, Rio, e ficou nu, o técnico Paulo Mata, 52, viu sua vida profissional sofrer uma reviravolta.
Na ocasião, o então treinador do Itaperuna tirou a roupa em protesto à arbitragem na derrota para o Vasco (leia texto ao lado) e acabou sendo suspenso por um ano e dois meses.
A pena imposta pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Federação de Futebol do Rio fez Mata levar a sério seu hobby de cantar pagodes.
No final do ano passado, lançou o CD ""Eu me orgulho de ser brasileiro", cuja ""música de trabalho" é uma versão do Hino Nacional brasileiro em ritmo de samba.
Há também novos arranjos de ""Copacabana" (Braguinha), ""É impossível acreditar em você" (Márcio Greik) e ""Perfídia" (Alberto Dominguez). Entre suas composições, há três sambas-pagode, dois baiões, duas axé-music, um merengue e um afoxé.
A produção foi bancada, segundo Mata, com recursos próprios. Gastou "em torno de RÏ 20 mil" para prensar mil cópias.
O disco não tem um esquema de distribuição. Ele próprio diz ter deixado algumas cópias em lojas, mas conta com a possibilidade de assinar com alguma gravadora.
Empolgado com a nova carreira, Mata diz não ter planos de voltar para o futebol -o que poderia acontecer em 12 de maio próximo, quando termina sua suspensão.
""Estou confiando tanto no meu disco que já recusei duas propostas do futebol árabe."
O treinador de futebol, cantor e compositor -como consta no seu cartão de visitas- descarta a possibilidade de se promover a partir do ""que fez em campo".
Para sustentar que a sua atitude foi mais política do que circense, conta que chegou a recusar proposta de revistas pornográficas para posar nu.
""Para você ver que, mesmo sem ganhar dinheiro há dez meses e com meu apartamento penhorado, recusei, pois conservo meu protesto até hoje."
Metáforas
Mata diz que algumas de suas letras fazem alusão ao ""protesto" do ano passado. Segundo ele, a música ""Jogo da Vida" foi feita toda em linguagem figurada.
""A vida é tão bela, mas parece um jogo/ No jogo da vida quem vence é o bem", diz a canção.
""Naquele trecho, fica claro. Quero dizer que, no final, o bem vai ganhar do mal. E é por isso que sigo", afirma.
Mas esta não é, conforme Mata, a única metáfora da música.
""Quando falo que "a vida é um jogo de cartas marcadas' , dá para notar que estou me referindo ao Campeonato Estadual do Rio."



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