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BOXE
Com um asterisco
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Então Roy Jones Jr. é o campeão dos pesos-pesados pela
Associação Mundial de Boxe?
Ele é o segundo campeão dos
meio-pesados (limite de 79,3 kg) a
subir de categoria e derrotar um
campeão da categoria máxima?
(O primeiro foi Michael Spinks.)
E também é o primeiro ex-campeão dos médios (limite de 72,5
kg) a ganhar um título dos pesados (sem limite de peso)?
Foi realmente um grande feito,
principalmente quando levamos
em conta que seus primeiros combates foram entre os médios-ligeiros (cujo limite é de 69,8 kg).
Mas o caso é que na visão dos
puristas (eu me incluo nesse grupo) a conquista de Jones Jr., apesar de histórica, teria de estar
acompanhada por um asterisco.
Por quê? Por causa do contexto.
Quando Bob Fitzsimmons, ex-campeão dos médios, venceu James J. Corbett, só havia um campeão mundial dos pesos-pesados.
Quando Spinks venceu Larry
Holmes, em 1985, pelo título da
Federação Internacional de Boxe,
apesar de já haver sopa de letrinhas, este era reconhecido como o
real campeão dos pesos-pesados.
Afinal, Holmes era o campeão
linear (bateu Muhammad Ali,
que havia batido Leon Spinks, e
assim uma linha poderia ser traçada até o primeiro campeão) e
seus cinturões do CMB e da AMB
foram tomados no tapetão.
Mas retornando ao presente, no
caso de Roy Jones Jr., este derrotou um dos (diversos) campeões,
John Ruiz, o que dilui seu feito.
Não, não estou desmerecendo a
conquista de Jones Jr., ao contrário. Não esqueçam que não acho
Ruiz tão medíocre como os críticos apregoam que é e até acreditava em vitória sua sobre Jones Jr.
Afinal, para mim, quem aguenta 36 assaltos com um Holyfield
que posteriormente venceria o ex-campeão Hasim Rahman, e ainda defendeu o cinturão com sucesso contra Kirk Johnson, que
era apontado como grande promessa, tem alguma qualidade.
Mas o fato é que, além de Jones
Jr., também há os campeões Chris
Byrd (pela Federação Internacional de Boxe) e Lennox Lewis
(CMB), esse sim considerado o
campeão linear, depois que venceu Shannon Briggs, que havia
vencido George Foreman... (acho
que você já assimilou o conceito).
Aliás, a exemplo do que ocorreu
com Holmes, houve um período
em que Lewis manteve os três cinturões em seu poder, até perder o
da AMB e o da FIB da mesma forma que Holmes, no tapetão.
Agora, Jones Jr., que tem como
primeiro do ranking o gigante
ucraniano Vitali Klitschko, fala
em pegar Lewis, Tyson e Byrd... Se
as bolsas valerem a pena.
Mas o quão sério Jones Jr. está
falando? Se contra Ruiz a diferença de peso contra ele foi de 15 kg,
contra Lewis seria de no mínimo
uns 22,5 kg. E contra Vitali, a diferença de altura seria de 18 cm
-Jones Jr. mede 1,80 m, e Klitshko, 1,98 m. A diferença de peso, de
23 kg. O irmão de Vitali, Wladimir, é mais alto, mede 2,01 m.
Byrd e Tyson, pesados menores,
parecem cenários mais razoáveis.
De toda forma, Jones Jr. reforçou domingo a crença de que é o
melhor boxeador da atualidade.
Mesmo que a prova tenha vindo
acompanhada por um asterisco.
Um a favor
A "Boxing Digest" selecionou Popó como o quarto melhor lutador
de 2002. "Provou que também sabe boxear" foi o comentário.
Outro contra
Ainda pela publicação, o combate unificatório entre Popó e o cubano
Joel Casamayor foi eleito o segundo mais polêmico do ano. "No local
da luta havia um forte sentimento de que o cubano havia ganhado."
Mais premiações
Dois combates exibidos no Brasil foram "surras do ano". A luta entre
Lewis e Tyson, segunda ("Você tinha de sentir pena de Tyson no decorrer da luta"), e a entre Wladimir Klitschko e Ray Mercer, quinto
("Parece que [o manager] Peter Kohl sabia de algo, e nós não").
E-mail eohata@folhasp.com.br
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