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FUTEBOL
Cada um no seu estilo
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Assim como os jogadores, os
principais técnicos brasileiros possuem estilos diferentes. Independentemente de suas preferências, as suas equipes têm esquemas táticos definidos, com os
jogadores bem distribuídos em
campo. Isso é essencial.
Uma equipe pode se destacar
pela marcação e ser ofensiva, como o São Caetano. Porém os quatro gols só saíram porque o Santos
levou um, foi todo para a frente e
deixou a defesa desprotegida. O
Santos corre sempre esse risco. As
goleadas entre equipes com a
mesma qualidade acontecem geralmente dessa forma.
Se o Santos jogasse contra o São
Caetano com muitos cuidados
defensivos, como fizeram Brasil e
Paraguai, uma equipe esperaria a
outra e, provavelmente, o jogo
terminaria num chatíssimo 0 a 0,
ou 1 a 0, num gol de bola parada.
Foi assim também na final da Copa de 94, entre Brasil e Itália,
mesmo com Romário e Baggio em
campo.
Em 94, se o Brasil tivesse arriscado mais, ganharia nos noventa
minutos ou perderia o título num
contra-ataque. Na época, Parreira disse que, numa Copa, o importante era não levar o primeiro
gol. A seleção pentacampeã mostrou que isso é relativo.
Há várias maneiras de vencer
um jogo e ganhar um título. O
que foi bom ontem pode não ser
hoje. A experiência, como escreveu Pedro Nava, é como um farol
iluminando para trás. Na frente,
continua tudo escuro.
Os times dirigidos pelo Parreira
estão sempre bem posicionados
na defesa. Nunca marcam na
frente, mesmo quando estão perdendo. Raramente sofrem goleadas. Os seus zagueiros não correm
atrás dos atacantes, como os do
Santos. A preocupação em manter a posse de bola é outra maneira de evitar o contra-ataque.
A grande virtude do Parreira é
o equilíbrio. O seu grande defeito
é ser muito equilibrado.
Não podemos esquecer ainda
que o estilo ousado do Leão foi
responsável pela formação de um
ótimo time, que encantou a todos,
que ganhou o Brasileiro de 2002 e
que conseguiu belíssimas vitórias
e grandes viradas no placar.
Felipão é diferente dos dois. Ele
é mais intuitivo e surpreendente.
Nunca se sabe o que ele vai fazer.
Os seus times podem ser muito
defensivos ou ofensivos.
O Brasil ganhou a Copa de 2002
sem jogar no estilo cadenciado e
prudente do Parreira nem no jeito agressivo do Leão. Os times do
Felipão parecem seguir o seu variado humor.
As equipes dirigidas pelo Luxemburgo defendem bem como
as do Parreira e fazem muitos
gols como as do Leão.
No Cruzeiro, impressionou-me
como os laterais e o volante Wendell avançavam, sem deixarem
espaços na defesa. Zé Roberto,
que joga na seleção na posição do
Wendell e que tem mais habilidade e a mesma velocidade, não
consegue marcar bem e chegar
com freqüência no ataque.
O estilo dos principais técnicos
brasileiros (estão surgindo outros
excelentes), refletem as suas personalidades.
Parreira é mais prudente e arrisca menos. Leão é mais agitado
e ousa mais. Felipão é mais intuitivo e surpreende mais. Luxemburgo é mais perfeccionista e exige que seus times ataquem e defendam com eficiência.
Todos são excelentes. Cada um
no seu estilo.
Única surpresa
Em São Paulo, a única surpresa
foi o Paulista na final. Esse é um
dos charmes dos estaduais. Isso
nunca aconteceria num campeonato longo, por pontos corridos e
com um número maior de boas
equipes. O São Caetano estava no
mesmo nível do Santos e do São
Paulo e foi melhor nas partidas
decisivas.
No Rio, enquanto os jovens do
Vasco, auxiliados por alguns
mais experientes, tomavam a bola em todas as partes do campo e
chegavam com facilidade ao gol,
o Fluminense se arrastava em
campo. Era o esperado.
Romário, que foi um dos maiores atacantes do mundo de todos
os tempos, joga no ritmo de uma
pelada de veteranos no final de
semana.
Edmundo não atua bem há
muito tempo. Roger dá um passe
bonito e é chamado de craque.
Ramon é apenas um bom jogador. Todos estão desentrosados e
sem boas condições físicas.
O Fluminense nunca teve um
grande time na teoria e muito
menos na prática. Não é um bom
time real nem virtual. Não ganhou um único clássico no campeonato. Era apenas uma ilusão e
ou uma jogada de marketing.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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