São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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Leão cai, e Santos passa a ter um punhado de órfãos

Depois de perder pela Libertadores em Quito, técnico não agüenta pressão e deixa clube, que tenta agora contratar Luxemburgo, e jogadores que até hoje só atingiram sucesso com ele

MARCUS VINICIUS MARINHO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Emerson Leão, 54, deixou ontem o Santos e um punhado de jogadores que só conheceram o sucesso sob seu comando.
Em um distrato "amigável", segundo a diretoria do clube, o treinador, que era o recordista de permanência no emprego na elite do país (estava no cargo desde maio de 2002), deixou o clube após ver o time ser derrotado na madrugada de ontem pela LDU, por 4 a 2, pela Taça Libertadores. Ele tinha outras duas derrotas seguidas, pelo Nacional, e acumulava desavenças no clube.
A reunião que selou a saída de Leão foi realizada ainda em Quito, de onde a delegação santista só chegaria na madrugada de hoje.
Em 2001, ele foi demitido do comando da seleção brasileira também numa viagem pelo exterior -foi avisado da dispensa em um aeroporto japonês.
Leão, que tinha contrato até o fim do ano (recebia cerca de R$ 180 mil mensais), será substituído interinamente por Márcio Fernandes, técnico das categorias de base. O principal favorito para assumir o Santos, que volta a campo amanhã, na Vila Belmiro, contra o Juventude, pelo Brasileiro, é Wanderley Luxemburgo.
"Partiu dele [a decisão de deixar o clube]. Foi uma saída extremamente amigável" disse, em entrevista à rádio Jovem Pan, Francisco Lopes, diretor de futebol do Santos. "Ele [Leão] sabe que o time precisava de uma guinada, precisava dar uma chacoalhada."
No domingo, após perder para o Cruzeiro na Vila, Leão já havia entregado o cargo, mas, com medo de mandar um time sem comando para o Equador, a cúpula santista o manteve.
Nos últimos anos, o Santos só teve sucesso sob a batuta de Leão. Em 1998, na sua primeira passagem pelo clube, foi campeão da Copa Conmebol com o clube.
Em 2002, quebrou um tabu santista de 18 anos sem títulos de primeira linha ao ganhar o primeiro Brasileiro da história da equipe.
Além do time, praticamente todos os titulares terão que provar que podem ter sucesso sem Leão.
Revelações e atletas mais veteranos não repetiram o mesmo sucesso quando deixaram a proteção do demissionário técnico.
Isso a começar pelas três maiores revelações do clube. Alex, Diego e Robinho fracassaram em janeiro com a seleção sub-23 no Pré-Olímpico do Chile, que também tinha os santistas Paulo Almeida e Elano. Sem a presença do disciplinador Leão, Robinho e Diego foram acusados por alguns críticos, incluindo Zagallo, o coordenador de seleções da CBF, de se excederem nas brincadeiras e atrapalharem o grupo, que acabou fora dos Jogos de Atenas.
Diego e Robinho chegaram também à seleção principal, mas logo foram descartados por Carlos Alberto Parreira, que considera os dois ainda pouco maduros.
O treinador também chamou Elano, outro que logo foi deixado de lado, e Renato, que chegou a ser titular da seleção mas foi desprezado anteontem na convocação mais importante do ano, para o amistoso contra a França e a partida das eliminatórias diante da Argentina. Antes, havia sido o único jogador de linha a não entrar em campo no último amistoso do Brasil, contra a Hungria.
Elano e Renato eram jovens vindos de times do interior em baixa quando Leão assumiu o Santos.
O treinador reabilitou também as carreiras do zagueiro André Luiz e do lateral-esquerdo Léo. Lançou ainda novos nomes, como o goleiro Júlio Sérgio.
Todos eles nunca haviam sido campeões de competições importantes como titulares de um clube.
Ontem, no Equador, os atletas santistas mostraram surpresa com a saída do treinador.
"Acordei sem saber de nada. Para mim, o Leão ainda era o técnico", disse Paulo Almeida, que chegou a ser o capitão da equipe, mas vinha ficando na reserva -o recém-chegado Claiton ganhou sua posição no time principal.


Colaborou a Agência Folha, em Santos


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