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Leão cai, e Santos passa a ter um punhado de órfãos
Depois de perder pela Libertadores em Quito, técnico não agüenta pressão e deixa clube, que tenta agora contratar Luxemburgo, e jogadores que até hoje só atingiram sucesso com ele
MARCUS VINICIUS MARINHO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Emerson Leão, 54, deixou ontem o Santos e um punhado de jogadores que só conheceram o sucesso sob seu comando.
Em um distrato "amigável", segundo a diretoria do clube, o treinador, que era o recordista de
permanência no emprego na elite
do país (estava no cargo desde
maio de 2002), deixou o clube
após ver o time ser derrotado na
madrugada de ontem pela LDU,
por 4 a 2, pela Taça Libertadores.
Ele tinha outras duas derrotas seguidas, pelo Nacional, e acumulava desavenças no clube.
A reunião que selou a saída de
Leão foi realizada ainda em Quito,
de onde a delegação santista só
chegaria na madrugada de hoje.
Em 2001, ele foi demitido do comando da seleção brasileira também numa viagem pelo exterior
-foi avisado da dispensa em um
aeroporto japonês.
Leão, que tinha contrato até o
fim do ano (recebia cerca de R$
180 mil mensais), será substituído
interinamente por Márcio Fernandes, técnico das categorias de
base. O principal favorito para assumir o Santos, que volta a campo
amanhã, na Vila Belmiro, contra
o Juventude, pelo Brasileiro, é
Wanderley Luxemburgo.
"Partiu dele [a decisão de deixar o clube]. Foi uma saída extremamente amigável" disse, em entrevista à rádio Jovem Pan, Francisco Lopes, diretor de futebol do
Santos. "Ele [Leão] sabe que o time precisava de uma guinada,
precisava dar uma chacoalhada."
No domingo, após perder para
o Cruzeiro na Vila, Leão já havia
entregado o cargo, mas, com medo de mandar um time sem comando para o Equador, a cúpula
santista o manteve.
Nos últimos anos, o Santos só
teve sucesso sob a batuta de Leão.
Em 1998, na sua primeira passagem pelo clube, foi campeão da
Copa Conmebol com o clube.
Em 2002, quebrou um tabu santista de 18 anos sem títulos de primeira linha ao ganhar o primeiro
Brasileiro da história da equipe.
Além do time, praticamente todos os titulares terão que provar
que podem ter sucesso sem Leão.
Revelações e atletas mais veteranos não repetiram o mesmo sucesso quando deixaram a proteção do demissionário técnico.
Isso a começar pelas três maiores revelações do clube. Alex, Diego e Robinho fracassaram em janeiro com a seleção sub-23 no
Pré-Olímpico do Chile, que também tinha os santistas Paulo Almeida e Elano. Sem a presença do
disciplinador Leão, Robinho e
Diego foram acusados por alguns
críticos, incluindo Zagallo, o
coordenador de seleções da CBF,
de se excederem nas brincadeiras
e atrapalharem o grupo, que acabou fora dos Jogos de Atenas.
Diego e Robinho chegaram
também à seleção principal, mas
logo foram descartados por Carlos Alberto Parreira, que considera os dois ainda pouco maduros.
O treinador também chamou
Elano, outro que logo foi deixado
de lado, e Renato, que chegou a
ser titular da seleção mas foi desprezado anteontem na convocação mais importante do ano, para
o amistoso contra a França e a
partida das eliminatórias diante
da Argentina. Antes, havia sido o
único jogador de linha a não entrar em campo no último amistoso do Brasil, contra a Hungria.
Elano e Renato eram jovens vindos de times do interior em baixa
quando Leão assumiu o Santos.
O treinador reabilitou também
as carreiras do zagueiro André
Luiz e do lateral-esquerdo Léo.
Lançou ainda novos nomes, como o goleiro Júlio Sérgio.
Todos eles nunca haviam sido
campeões de competições importantes como titulares de um clube.
Ontem, no Equador, os atletas
santistas mostraram surpresa
com a saída do treinador.
"Acordei sem saber de nada. Para mim, o Leão ainda era o técnico", disse Paulo Almeida, que
chegou a ser o capitão da equipe,
mas vinha ficando na reserva -o
recém-chegado Claiton ganhou
sua posição no time principal.
Colaborou a Agência Folha, em Santos
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