São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2001

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FUTEBOL

Depois de não marcar contra Canadá e Japão, seleção de Leão tenta vazar defesa francesa, a melhor da Copa-98

Reaprender a fazer gol é desafio do Brasil

DO ENVIADO A SEUL

Para devolver à França a derrota na final da Copa do Mundo de 98, que, segundo os jogadores brasileiros, está engasgada em suas gargantas, a seleção terá de fazer algo que não conseguiu nos dois últimos jogos da Copa das Confederações: gols.
Em três partidas pela primeira fase do torneio, o Brasil marcou só dois gols, na estréia contra Camarões. Depois empatou em 0 a 0 com o Canadá e com o Japão.
A escassez de gols, uma marca da seleção brasileira na gestão do técnico Emerson Leão, tem incomodado e deixado ansiosos os atacantes da equipe.
Eles sabem que a importância do jogo contra a França aumenta a pressão em torno deles -a seleção francesa sofreu apenas dois gols em suas sete partidas na Copa de 98 e foi a melhor defesa do último Mundial-, mas também confiam que o final do jejum pode ter efeito inverso.
"A responsabilidade está maior, mas tenho na cabeça que, se fizer o gol da vitória, posso entrar para a história", analisa Leandro, que ganhou uma vaga no time após o corte de Ânderson por lesão e esteve apagado no único jogo em que foi titular, contra o Canadá.
Washington, destaque nos dois primeiros jogos do Brasil no Japão -contra o clube Verdy Tokyo e a seleção de Camarões-, nos quais fez dois gols, não vê a hora de balançar as redes.
O jogador da Ponte Preta, artilheiro do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, não havia tido ainda este ano uma sequência de duas partidas sem marcar.
"A gente está ansioso para que aconteça logo a partida", disse o jogador, que se esforça para manter a tranquilidade.
"O pessoal fala da falta de gols, a pressão é grande. Mas se eu pensar nisso, me afobar ou me desesperar, será pior. Na hora certa o gol vai sair", disse Washington.
O mais ansioso de todos, entretanto, é Magno Alves.
Único reserva do ataque desde o corte de Ânderson, ele tem assistido do banco de reservas os seus colegas desperdiçarem várias chances de gol. Por isso, alimenta a esperança de ser titular na partida de hoje ou de, pelo menos, entrar no decorrer do jogo e decidir para a seleção brasileira.
"Como o Leandro teve a chance dele, quem sabe eu não tenho a minha", questionou Magno Alves, antes de cutucar os colegas.
""As finalizações estão indo mais para fora do que no gol. Os goleiros adversários quase não fazem defesas. Não é questão de azar ou sorte. O que está faltando é finalizar bem", disse o atacante.
O jogador do Fluminense também reclamou da falta de tempo para mostrar serviço.
"Pego o jogo já corrido. Quando entro, já está no final."
Além de mostrarem uma penca de fragilidades da seleção, os 0 a 0 com Canadá e Japão diminuíram a péssima média de gols do Brasil na gestão de Emerson Leão.
Desde que o técnico assumiu o cargo, em outubro do ano passado, a seleção fez nove gols em oito partidas contra seleções, média de 1,1 gol por partida.
Na gestão de Wanderley Luxemburgo, de 98 a 2000, quando a seleção viveu alguns dos maiores vexames de sua história, a média de gols foi de 2,67 por jogo.
Apesar do evidente problema, Leão tem preferido exaltar a "invencibilidade" do Brasil na Copa das Confederações e o fato de a defesa ainda não ter sido vazada.
"Tecnicamente, os brasileiros ainda são superiores a todos. A valorização da defesa é um pouco decepcionante para o Brasil, mas é uma tendência mundial", disse o volante francês Vieira.
Mais eficiente do torneio ao lado da japonesa, a zaga da seleção enfrentará hoje o melhor ataque da competição, com nove gols -a França goleou a Coréia por 5 a 0 e o México por 4 a 0 e perdeu da Austrália por 1 a 0.
Embora a França tenha marcado nove gols em três jogos, vem atuando na Copa das Confederações com apenas um atacante nato, Anelka. O seu colega de setor, Wiltord, é na verdade um meia ofensivo que arma jogadas -mas que também vai ao ataque concluir. (FÁBIO VICTOR)


NA TV - Globo e Sportv, ao vivo, às 8h (de Brasília)



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