São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2001

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FUTEBOL

Relator quer que governo tire dirigente, mas só colégio eleitoral da entidade pode promover impeachment

Em ato político, CPI pede afastamento de Teixeira da CBF

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

O relator da CPI da CBF/Nike, deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), vai pedir que o Ministério do Esporte e Turismo atue para afastar Ricardo Teixeira da presidência da entidade.
"Vou solicitar o afastamento dele [Teixeira" baseado em tudo o que apuramos na CPI. Esse pedido é para que o ministério promova gestões políticas para tirá-lo do cargo", declarou Torres.
Como "gestões políticas" entenda-se pressão sobre a opinião pública e o colégio eleitoral da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), já que a entidade é privada e só seus membros podem abrir processo de impeachment de Teixeira, no cargo desde 1989.
A afirmação de Torres é mais um gesto político do relator da CPI contra a gestão de Teixeira, pois não são grandes as chances de o governo vir a intervir na CBF.
Torres apresentou ontem à noite o relatório final da comissão, que começou a trabalhar em outubro do ano passado. O texto é um duro ataque a Teixeira, mas atenua críticas a outros dirigentes.
O presidente da CBF, por meio de sua assessoria, classificou a medida de demagógica porque a comissão não reuniu provas que comprovem crimes cometidos por ele ou pela entidade.
Torres afirma que os indícios de evasão de divisas, sonegação fiscal e o que considera "má administração" de Teixeira são suficientes para fundamentar o pedido.
Na prática, a sugestão de afastar Teixeira terá poucas chances de surtir efeito, pelo menos enquanto Carlos Melles estiver no cargo de ministro do Esporte.
Em março último, Melles articulou o "pacto da bola", que uniu Teixeira e Pelé. Desde então, o ministro tem trabalhado em conjunto com a CBF.
Outro empecilho para a concretização da proposta é que uma intervenção do governo para afastar um presidente de confederação pode banir o Brasil da próxima Copa, conforme estatuto da Fifa.
Além disso, o texto de Torres ainda precisa ser aprovado. A votação está marcada para a próxima terça. Ontem, os deputados pediram vistas e devem sugerir alterações. "O texto está equivocado. A CPI e o ministério não têm poderes sobre uma entidade privada como é a CBF", declarou José Rocha (PFL-BA).
A sugestão de Torres conta, no entanto, com o apoio do presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do B-SP), e de outros deputados, que consideram a gestão de Teixeira "desastrosa" para a CBF.
Além da CBF, o relatório recomenda a intervenção do governo nas federações do Maranhão e de Minas Gerais, acusadas de crimes financeiros. No total, o texto solicita ao Ministério Público o indiciamento de 33 pessoas, entre dirigentes e empresários.


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