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FUTEBOL
Relator quer que governo tire dirigente, mas só colégio eleitoral da entidade pode promover impeachment
Em ato político, CPI pede afastamento de Teixeira da CBF
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
O relator da CPI da CBF/Nike,
deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), vai pedir que o Ministério do
Esporte e Turismo atue para afastar Ricardo Teixeira da presidência da entidade.
"Vou solicitar o afastamento
dele [Teixeira" baseado em tudo o
que apuramos na CPI. Esse pedido é para que o ministério promova gestões políticas para tirá-lo
do cargo", declarou Torres.
Como "gestões políticas" entenda-se pressão sobre a opinião pública e o colégio eleitoral da CBF
(Confederação Brasileira de Futebol), já que a entidade é privada e
só seus membros podem abrir
processo de impeachment de Teixeira, no cargo desde 1989.
A afirmação de Torres é mais
um gesto político do relator da
CPI contra a gestão de Teixeira,
pois não são grandes as chances
de o governo vir a intervir na CBF.
Torres apresentou ontem à noite o relatório final da comissão,
que começou a trabalhar em outubro do ano passado. O texto é
um duro ataque a Teixeira, mas
atenua críticas a outros dirigentes.
O presidente da CBF, por meio
de sua assessoria, classificou a
medida de demagógica porque a
comissão não reuniu provas que
comprovem crimes cometidos
por ele ou pela entidade.
Torres afirma que os indícios de
evasão de divisas, sonegação fiscal
e o que considera "má administração" de Teixeira são suficientes
para fundamentar o pedido.
Na prática, a sugestão de afastar
Teixeira terá poucas chances de
surtir efeito, pelo menos enquanto Carlos Melles estiver no cargo
de ministro do Esporte.
Em março último, Melles articulou o "pacto da bola", que uniu
Teixeira e Pelé. Desde então, o ministro tem trabalhado em conjunto com a CBF.
Outro empecilho para a concretização da proposta é que uma intervenção do governo para afastar
um presidente de confederação
pode banir o Brasil da próxima
Copa, conforme estatuto da Fifa.
Além disso, o texto de Torres
ainda precisa ser aprovado. A votação está marcada para a próxima terça. Ontem, os deputados
pediram vistas e devem sugerir alterações. "O texto está equivocado. A CPI e o ministério não têm
poderes sobre uma entidade privada como é a CBF", declarou José Rocha (PFL-BA).
A sugestão de Torres conta, no
entanto, com o apoio do presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do
B-SP), e de outros deputados, que
consideram a gestão de Teixeira
"desastrosa" para a CBF.
Além da CBF, o relatório recomenda a intervenção do governo
nas federações do Maranhão e de
Minas Gerais, acusadas de crimes
financeiros. No total, o texto solicita ao Ministério Público o indiciamento de 33 pessoas, entre dirigentes e empresários.
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