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Clube decide devolver taxa paga pelos torcedores que compraram ingresso em banca depois de ministério afirmar que a prática era ilegal e passível de punição
São Paulo faz "recall" de ingressos para cumprir lei
MARÍLIA RUIZ
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Os torcedores que compraram
ingressos com ágio para o jogo de
amanhã do São Paulo nos postos
de venda alternativos, o que feria
o Estatuto do Torcedor, poderão
receber a diferença de volta.
Quem pagou R$ 18 por um ingresso de arquibancada superior
azul em uma das quatro bancas
de jornal usadas como revendas
autorizadas dos bilhetes pode receber R$ 3 de volta. Para tanto, deve ir à mesma banca, pegar o dinheiro e trocar o seu ingresso.
A devolução da diferença cobrada por ingressos comprados
fora das bilheterias do estádio do
Morumbi foi definida pelo São
Paulo e pela Ingresso Fácil depois
da publicação da reportagem pela
Folha, ontem, que mostrou ser a
cobrança da sobretaxa irregular,
assim como a venda de ingressos
em menos de cinco distritos
(bairros) diferentes da cidade.
A pedido do clube, a Ingresso
Fácil, empresa do Grupo BWA a
qual foram cedidos os direitos sobre a venda antecipada das entradas dos seus jogos, recolheu ontem os bilhetes para a partida São
Paulo x Bahia das bancas.
Foram substituídos por ingressos idênticos aos vendidos nas bilheterias do Morumbi, com emblema do clube em um lado e tarja
magnética no outro.
Antes, estavam sendo vendidos
nas bancas os mesmos ingressos
que podem ser adquiridos por
meio da internet, com a impressão do logotipo do site da Ingresso Fácil de um lado e com a tarja
magnética do outro.
"Embora haja diferentes interpretações sobre a possibilidade de
se cobrar a taxa, pedimos à Ingresso Fácil para que parasse de
cobrar R$ 3 a mais pelos ingressos
vendidos nas bancas. O São Paulo
não havia percebido que a cobrança poderia ser indevida", declarou João Paulo de Jesus Lopes,
diretor financeiro e de planejamento do clube.
O Corinthians, que utilizou o
mesmo sistema de venda em bancas para os dois jogos que mandou depois da vigência do estatuto (contra Juventude e Vitória),
ainda não decidiu se vai ressarcir
os seus torcedores que compraram ingressos sobretaxados. O
ouvidor corintiano, Marcelo
Góes, já recebeu uma reclamação
sobre o assunto.
"Pedi um parecer jurídico para
a Ingresso Fácil para saber se a cobrança é ilegal. Se for, estará acabado. Se o jogo [com mando nosso] fosse agora, não faríamos a
cobrança ou a venda nas bancas",
afirmou Luiz Cezar Granieri, vice
de marketing do Corinthians.
O presidente licenciado da
BWA/Ingresso Fácil, Bruno Balsimelli, limitou-se a dizer que vai
cumprir o pedido do São Paulo,
apesar de não considerar a interpretação da consultoria jurídica
do Ministério do Esporte definitiva -segundo o parecer, a cobrança da taxa serve de motivo
para torcedores e Ministério Público processarem os clubes.
"Quem comprou ingresso em
banca pode receber o dinheiro de
volta. Mas nossos advogados vão
se certificar da interpretação da
lei", disse Balsimelli.
Segundo o artigo 24 do estatuto,
os ingressos de um mesmo setor
não podem ter valores diferentes.
O Procon-SP ainda não recebeu
nenhuma reclamação baseada no
estatuto, mas informou que todos
os torcedores que se sentiram lesados pela cobrança indevida podem denunciar a prática.
"A cobrança dos R$ 3 não poderia ter ocorrido. É o que chamamos de prática abusiva contra
o consumidor. Por telefone
[1512], fax [0-xx-11-3824-0717] ou
nos postos do Poupatempo podem ser feitas as reclamações",
disse Sérgio Giannella, diretor de
fiscalização do Procon-SP.
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