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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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Clube decide devolver taxa paga pelos torcedores que compraram ingresso em banca depois de ministério afirmar que a prática era ilegal e passível de punição

São Paulo faz "recall" de ingressos para cumprir lei

MARÍLIA RUIZ
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os torcedores que compraram ingressos com ágio para o jogo de amanhã do São Paulo nos postos de venda alternativos, o que feria o Estatuto do Torcedor, poderão receber a diferença de volta.
Quem pagou R$ 18 por um ingresso de arquibancada superior azul em uma das quatro bancas de jornal usadas como revendas autorizadas dos bilhetes pode receber R$ 3 de volta. Para tanto, deve ir à mesma banca, pegar o dinheiro e trocar o seu ingresso.
A devolução da diferença cobrada por ingressos comprados fora das bilheterias do estádio do Morumbi foi definida pelo São Paulo e pela Ingresso Fácil depois da publicação da reportagem pela Folha, ontem, que mostrou ser a cobrança da sobretaxa irregular, assim como a venda de ingressos em menos de cinco distritos (bairros) diferentes da cidade.
A pedido do clube, a Ingresso Fácil, empresa do Grupo BWA a qual foram cedidos os direitos sobre a venda antecipada das entradas dos seus jogos, recolheu ontem os bilhetes para a partida São Paulo x Bahia das bancas.
Foram substituídos por ingressos idênticos aos vendidos nas bilheterias do Morumbi, com emblema do clube em um lado e tarja magnética no outro.
Antes, estavam sendo vendidos nas bancas os mesmos ingressos que podem ser adquiridos por meio da internet, com a impressão do logotipo do site da Ingresso Fácil de um lado e com a tarja magnética do outro.
"Embora haja diferentes interpretações sobre a possibilidade de se cobrar a taxa, pedimos à Ingresso Fácil para que parasse de cobrar R$ 3 a mais pelos ingressos vendidos nas bancas. O São Paulo não havia percebido que a cobrança poderia ser indevida", declarou João Paulo de Jesus Lopes, diretor financeiro e de planejamento do clube.
O Corinthians, que utilizou o mesmo sistema de venda em bancas para os dois jogos que mandou depois da vigência do estatuto (contra Juventude e Vitória), ainda não decidiu se vai ressarcir os seus torcedores que compraram ingressos sobretaxados. O ouvidor corintiano, Marcelo Góes, já recebeu uma reclamação sobre o assunto.
"Pedi um parecer jurídico para a Ingresso Fácil para saber se a cobrança é ilegal. Se for, estará acabado. Se o jogo [com mando nosso] fosse agora, não faríamos a cobrança ou a venda nas bancas", afirmou Luiz Cezar Granieri, vice de marketing do Corinthians.
O presidente licenciado da BWA/Ingresso Fácil, Bruno Balsimelli, limitou-se a dizer que vai cumprir o pedido do São Paulo, apesar de não considerar a interpretação da consultoria jurídica do Ministério do Esporte definitiva -segundo o parecer, a cobrança da taxa serve de motivo para torcedores e Ministério Público processarem os clubes.
"Quem comprou ingresso em banca pode receber o dinheiro de volta. Mas nossos advogados vão se certificar da interpretação da lei", disse Balsimelli.
Segundo o artigo 24 do estatuto, os ingressos de um mesmo setor não podem ter valores diferentes.
O Procon-SP ainda não recebeu nenhuma reclamação baseada no estatuto, mas informou que todos os torcedores que se sentiram lesados pela cobrança indevida podem denunciar a prática.
"A cobrança dos R$ 3 não poderia ter ocorrido. É o que chamamos de prática abusiva contra o consumidor. Por telefone [1512], fax [0-xx-11-3824-0717] ou nos postos do Poupatempo podem ser feitas as reclamações", disse Sérgio Giannella, diretor de fiscalização do Procon-SP.


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