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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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MOTOR

Mercado aberto

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O aclamado novo regulamento pela primeira vez no ano sucumbiu à velha guerra de pneus. Até então, as duas maiores opções do campeonato haviam trabalhado em conjunto. Dessa vez, não. O resultado foi estranho, surpreendente, mas sem emoção.
Mônaco pelo menos ressuscitou Montoya e, mais importante, a Williams, cobrada publicamente pela BMW. Manteve Raikkonen na liderança e Schumacher apenas como o concorrente mais próximo. Barrichello sumiu. A Renault voltou para o segundo plano. Assim foi o domingo.
Mas o que o principado não proporcionou na pista, o fez fora dela, com uma série de comentários, falatórios e boatos. O alemão, por exemplo, foi aposentado, renovado pela Ferrari e cooptado para correr ao lado do irmão de viva voz por Frank Williams.
Massa virou companheiro de Schumacher, de Montoya e até a principal aposta de futuro da Ferrari. Barrichello, desanimado, foi parar na satélite Sauber.
De tudo isso, sobrou pouca coisa. Mas o que sobrou é importante. Willi Weber disse que Schumacher responde só em Monza sobre seu futuro na F-1. Sendo o pentacampeão a referência do mercado, é de se esperar que até lá a fofoca ferva sem dó nem piedade.
O prazo é significativo. Deixa qualquer espécie de decisão para o momento em que o campeonato estará mais definido. Dizem que Schumacher pode anunciar sua aposentadoria se estiver perto de ser hexacampeão. Dizem o inverso também. A verdade é que ninguém sabe nada. Nem vai saber.
O interessante desse prematuro espasmo de mercado é que ocorre em uma temporada de poucas certezas. Faz tempo que a F-1 não chega à metade de um campeonato sem ter idéia do que vai acontecer no segundo semestre.
Raikkonen, por exemplo, está para perder a liderança desde o advento da Ferrari GA, mas insiste em ficar à frente do alemão. Pior, dois bons resultados levam qualquer dos membros do segundo pelotão (formado até aqui por Alonso, Barrichello, Coulthard, Montoya e Ralf) para a briga.
E, se o novo carro da McLaren ainda não promete muita coisa, assim como as aguardadas e necessárias correções nos Williams, pelo menos existe a Michelin para equilibrar a disputa, exatamente como aconteceu no último GP.
Ou seja, sem falar nas subtramas -a disputa é boa também no terceiro pelotão, formado por BAR, Jordan, Sauber e Mark Webber (o piloto é maior que o time, neste momento)-, o enredo da novela é tão complicado que o mercado vai esperar sentado por Schumacher, quem sabe, pelo resultado do próprio campeonato.
Pior, não bastasse, ainda existe a disputa entre Ecclestone e as montadoras, que tem tudo para congelar negociações em todos os níveis do Mundial. Afinal, apenas no ano que vem, quando precisam assinar um termo de compromisso para renovar o Pacto de Concórdia, os times saberão se vão correr ou não em uma categoria única a partir de 2008.
Prepare-se então o leitor. Até o final do ano (ou além) será fumaça e mais fumaça. E, como sempre, um fogo ali, outro aqui.

Bruxa
Acidentes graves marcam a atual temporada, que já produziu até um morto, no MotoGP. Na Nascar, após semanas em coma, Jerry Nadeau encara delicado processo de reabilitação. Numericamente, a a IRL, agora anabolizada, coleciona mais vítimas. Mas nem a pretensamente segura F-1 tem escapado da sina. E vem mais por aí.

Choque
Na classificação para a prova noturna do Texas, a Chevrolet, fabricante histórica da IRL, ficou com os últimos seis postos do grid. No campeonato, Honda e Toyota empurram os 11 primeiros da tabela. O sonho de uma categoria essencialmente americana, desculpa de Tony George para criar a liga nos anos 90, foi para o espaço. Dinheiro não move montanhas, mas consegue comprá-las para loteamentos.

E-mail mariante@uol.com.br


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