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TOSTÃO
Profissão: olheiro
Ele dizia até quantas vezes um jogador tocava a bola com cada um dos pés
O BRASIL tem vários
espiões, olheiros
ou observadores
assistindo aos jogos de outras seleções. Gosto mais
da palavra olheiro. Saber
olhar é uma virtude. A
maioria só enxerga com o
olho e não vê o essencial.
Em 1996, na véspera de
Brasil x Japão pela Olimpíada, conheci o mais antigo olheiro brasileiro, Jairo
dos Santos, até hoje na seleção. O Brasil não perdeu
por falta de informações.
No seu minucioso relatório, ele dizia até quantas
vezes um jogador tocava a
bola com as pernas direita
e esquerda. Setas mostravam a movimentação dos
atletas. Às vezes, uma seta
trombava com a outra.
Porém ele não dava opiniões objetivas nem subjetivas sobre os adversários,
como se gostou ou não do
que viu. Só informava. O
conhecimento vai muito
além da informação.
Santos disse também
que nunca assistira a uma
partida da seleção brasileira no estádio. Estranho!
Será que os espiões modernos, com computadores, gravando milhões de
informações, ainda têm
tempo de olhar o jogo? Será que há ainda espiões de
binóculos, chapéu, óculos
escuros e olhando desconfiados para os lados? Ou
será que o sonho de todo
espião é ser descoberto?
Apressados
Bastou o excepcional
Kaká ser o melhor da seleção contra dois fraquíssimos adversários, que
perderiam de goleada para qualquer time brasileiro, para os apressados dizerem que o melhor jogador do Brasil e do mundo
não é mais Ronaldinho
Gaúcho, e sim Kaká. Falam ainda que Kaká é
mais objetivo. Até Zagallo
disse que Kaká será o craque da Copa. Pode ser.
Como já expliquei, a
maneira de jogar da seleção favorece Kaká e dificulta para Ronaldinho.
Mesmo assim, Ronaldinho é um excepcional armador no time brasileiro.
No Barcelona, é também
um excepcional atacante.
Mesmo se não for na
Copa tão espetacular como no Barcelona, Ronaldinho, com passes espetaculares e precisos, é o
maior trunfo para o Brasil
ganhar o título. Dar passes decisivos é tão importante quanto fazer gols.
@ - tostao.folha@uol.com.br
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