São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Foco

Torcida oferece acarajé, negocia credencial e tenta acampar para ver treinos

PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A KÖNIGSTEIN

As duas senhoras da foto estão na feirinha brasileira montada na praça principal de Königstein. "Acabou o feijão, só tem peixe, mas eu sou alérgica a comidas do mar", queixa-se Bete Suzano, 47, a da direita. "Xiiii, vou ter que partir pro arroz com couve, coxinha e farofa, é mole?"
Bete se apresenta como terapeuta corporal, e sua amiga Suzy Meury, 47, como sambista na Itália. Desesperadas para assistir ao jogo do Brasil em Berlim, as duas perguntam à reportagem: "Não dá pra emprestar a credencial? Ah, empresta...".
Será que alguém acreditaria que aquele da foto é Bete, ou Suzy? Não importa: "Empresta o crachá e deixa que a gente faz o resto".
Impossível tentar explicar que credenciamento não se empresta. A gincana para conseguir entrar no Taunus Gymnasium, que seja, onde os jogadores treinam e o acesso é restrito à imprensa, é uma competição à parte.
No banco de trás do carro da produtora cultural Suzanne Lipkau, 46, seu filho, Alexandre, 16, ouve a seguinte proposta do amigo Marcos, 15: "A gente poderia acampar no bosque [vizinho ao ginásio] e ver dali os treinos", propõe o garoto, com indefectível tom de lobinho.
Para a baiana Josilene Xavier, 35, que é casada com o técnico em segurança alemão Klaus Dries, 48, com quem toca samba em uma banda chamada "Bateria Infernal", a moeda de troca é um suprimento de acarajés."Que tal?", oferece ela.
Mas quantos acarajés valem um jogo de Copa?


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