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Foco
Torcida oferece acarajé, negocia credencial e tenta
acampar para ver treinos
PAULO SAMPAIO
ENVIADO ESPECIAL A KÖNIGSTEIN
As duas senhoras da foto estão na feirinha brasileira montada na praça principal de Königstein. "Acabou o feijão, só
tem peixe, mas eu sou alérgica a
comidas do mar", queixa-se Bete Suzano, 47, a da direita.
"Xiiii, vou ter que partir pro arroz com couve, coxinha e farofa, é mole?"
Bete se apresenta como terapeuta corporal, e sua amiga
Suzy Meury, 47, como sambista
na Itália. Desesperadas para assistir ao jogo do Brasil em Berlim, as duas perguntam à reportagem: "Não dá pra emprestar a
credencial? Ah, empresta...".
Será que alguém acreditaria
que aquele da foto é Bete, ou
Suzy? Não importa: "Empresta
o crachá e deixa que a gente faz
o resto".
Impossível tentar explicar
que credenciamento não se
empresta. A gincana para conseguir entrar no Taunus
Gymnasium, que seja, onde os
jogadores treinam e o acesso é
restrito à imprensa, é uma
competição à parte.
No banco de trás do carro da
produtora cultural Suzanne
Lipkau, 46, seu filho, Alexandre, 16, ouve a seguinte proposta do amigo Marcos, 15: "A gente poderia acampar no bosque
[vizinho ao ginásio] e ver dali os
treinos", propõe o garoto, com
indefectível tom de lobinho.
Para a baiana Josilene Xavier, 35, que é casada com o técnico em segurança alemão
Klaus Dries, 48, com quem toca
samba em uma banda chamada
"Bateria Infernal", a moeda de
troca é um suprimento de acarajés."Que tal?", oferece ela.
Mas quantos acarajés valem
um jogo de Copa?
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