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País gasta US$ 2,5 milhões na divulgação do produto na Copa e faz duelo ferrenho com Colômbia
Brasil luta na França por troféu de café
RODRIGO BERTOLOTTO
enviado especial a Saint-Étienne
Apesar de estarem em grupos diferentes na Copa, o Brasil terá um
embate especial contra a Colômbia na França. Mas o alvo não são
os torcedores e sim os consumidores de café europeus.
O Brasil, porém, entra como
azarão, já que até os jogadores da
seleção colombiana são associados à bebida, apelidados de "los
cafeteros" (em português, algo como "os cafeeiros").
Com uma estratégia de marketing de US$ 2,5 milhões, o Café do
Brasil volta a estar em uma Copa
depois de ter se ausentado nas
duas últimas edições.
"Esta Copa é imperdível. É
uma grande reintrodução no cenário mundial, já que desde 1990,
quando foi extinto o IBC (Instituto Nacional de Café), não há uma
campanha internacional", afirma
Rui Queiroz, presidente da Comissão Nacional do Café.
A estatal IBC associou durante as
décadas de 60, 70 e 80 o café brasileira aos esportistas do país.
Na era Pelé, as excursões pela
Europa eram utilizadas para a divulgação do produto. Nos 70, foi a
vez do piloto de F-1 Emerson Fittipaldi. Mas a Copa de 1982, na Espanha, foi o momento de maior
promoção. A camiseta de treino
do Brasil tinha o nome Café do
Brasil escrito sob um ramo do
produto. Mas a Fifa, entidade que
controla o futebol mundial, proibiu a inscrição no uniforme.
Foi dado um "jeitinho", e o
desenho do ramo de café acabou
dentro do emblema da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Desta vez, a campanha inclui
placas publicitárias à beira dos
gramados dos amistosos da seleção, com um estande na exposição
"É tempo de Brasil", no museu
do Louvre, com sete pontos de degustação em restaurantes da capital francesa e com propaganda nos
canais esportivos da França.
Esse esquema consumirá 25% da
verba para o marketing internacional, US$ 10 milhões no ano,
que são retirados do Funcafé
(Fundo de Defesa da Economia
Cafeeira), formado por recursos
provindos de um imposto sobre o
produto exportado.
São números baixos em comparação aos colombianos: US$ 40
milhões pela divulgação mundial.
Desses, US$ 30 milhões vão para
eventos esportivos. O curioso é
que a seleção colombiana de futebol não é a prioridade. O forte está
nos esportes de elite e de inverno.
O logotipo do Café da Colômbia,
no qual que aparecem o mascotes
Juan Valdez e sua mula Lana, estão presentes nos torneios de tênis
Aberto dos EUA, Aberto do Canadá, Aberto de Madri e em Roland
Garros, que deve terminar hoje.
No ano passado, o tenista brasileiro Gustavo Kuerten ergueu a taça de Roland Garros com a propaganda colombiana atrás dele.
Além disso, o Café da Colômbia
patrocina a Copa Mundial de esqui, a regata Le Havre-Cartagena
(chamada de "Rota do Café") e
o campeonato norte-americano
de esqui aquático. Afinal, os países
de clima temperado, como EUA,
Japão e Alemanha, são os principais consumidores da bebida.
Outro gol colombiano: a Air
France, transportadora oficial da
Copa, tem contrato de exclusividade com o Café da Colômbia.
A luta principal entre Brasil e
Colômbia é pelo mercado de cafés
finos, cuja demanda cresce 5% ao
ano no mundo, enquanto o do café normal está estagnado.
Os colombianos, com base em
uma publicidade intensa, ocupam
30% desse segmento. O Brasil detém apenas 1% dele, apesar de ser
o maior produtor mundial de café.
Há ainda dois países presentes
na Copa que são coadjuvantes tanto no café quanto em campo: o
México (quarto maior produtor) e
a Jamaica (vice-líder no mercado
de cafés finos).
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