São Paulo, Segunda-feira, 07 de Junho de 1999
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TÊNIS
Americano vence em Roland Garros e torna-se o 1º em 30 anos a ganhar os quatro principais torneios do esporte
Agassi entra para a história na França

ROBERTO DIAS
enviado especial a Paris

O norte-americano Andre Agassi, 29, venceu ontem o Aberto da França e se tornou o quinto tenista na história a ter ganho todos os torneios do Grand Slam.
Em uma virada espetacular, ele bateu na final o ucraniano Andrei Medvedev, 24, por 3 sets a 2 (1/6, 2/6, 6/4, 6/3 e 6/4) em partida que durou duas horas e 55 minutos.
Agassi recebeu o troféu das mãos do australiano Rod Laver, último jogador que havia conquistado todos os torneios da série mais importante do tênis.
Laver fechou a série, pela segunda vez em sua carreira, em 1969. Também obtiveram o feito o norte-americano Don Budge, o britânico Fred Perry e o australiano Roy Emerson -mas os três tiveram suas conquistas antes da era aberta (profissional) do tênis.
Agassi foi o primeiro a conquistar os quatro torneios do Grand Slam com a atual configuração -cada torneio é disputado em um piso (antes, os Abertos dos EUA e da Austrália eram na grama).
Antes do título de ontem, Agassi já havia vencido o Aberto da Austrália (em 1995), o Torneio de Wimbledon (em 1992) e o Aberto dos EUA (em 1994).
Nem Pete Sampras, considerado o melhor tenista da década, conseguiu todo o Grand Slam -nunca ganhou o Aberto da França.
"Pete (Sampras) ganhou 11 Grand Slams. Foi o número um por seis anos (no final da temporada). Ganhou tudo o que era possível à exceção do Aberto da França. Agassi, por sua vez, ganhou todos os Grand Slams e foi o número um, apesar de nunca ter terminado o ano nessa posição. É um forte argumento. Mas não sou eu que tenho de responder (sobre quem é melhor)", afirmou Medvedev.
Agassi, por sua vez, rebateu: "O que Pete (Sampras) fez, poucos fizeram também. Definitivamente, ele dominou os anos 90".
Antes 14º colocado no ranking da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais), Agassi deve aparecer hoje na quarta posição. Vice-campeão, Medvedev pulará do centésimo lugar para o grupo dos 30 melhores do mundo. No topo segue o russo Yevgeny Kafelnikov. Já o australiano Patrick Rafter desbancará Sampras da segunda posição.
Além de trazer Gustavo Kuerten na sétima posição (que será a melhor de um brasileiro em todos os tempos), o ranking que será divulgado hoje deverá ter outro brasileiro, Fernando Meligeni, entre os 30 melhores tenistas do mundo.
Foi a quinta vez que um tenista venceu Roland Garros após perder os dois primeiros sets na final do torneio. Mas jamais o campeão havia sido tão "massacrado" nos dois primeiros sets: Agassi conseguiu ganhar apenas três games.
"Não estava acostumado a perder por 6/1 e 6/2. Àquela altura, eu estava apenas tentando me manter vivo e esperar que algo bom acontecesse. Honestamente, estava em choque", afirmou Agassi, sobre o que sentiu após ser derrotado nos dois primeiros sets.
"Senti que ele estava começando a me dominar. E não fui suficientemente forte psicologicamente. (Mas) não posso dizer que fiz algo errado. Acho que ele jogou de forma inacreditável", disse Medvedev, sobre a virada.
Agassi creditou parte do mérito à chuva que interrompeu o jogo no segundo set, quando Medvedev vencia por 1 a 0.
"Fiquei feliz porque estava confuso. Quando voltei, continuou tudo como antes (perdeu o segundo set também), mas pelo menos eu tinha uma perspectiva do que estava ocorrendo. A chuva acabou me ajudando mais tarde", afirmou o norte-americano.
Agassi, que já havia chegado a duas outras finais em Roland Garros, classificou sua própria vitória como surpresa.
"No começo do torneio, você poderia eleger seis jogadores como possíveis campeões. Eu não seria um deles", afirmou Agassi, que recebeu um prêmio pelo título de cerca de US$ 650 mil.
Medvedev, que eliminou os dois brasileiros que disputavam o torneio (Gustavo Kuerten e Fernando Meligeni), poderia ter sido o campeão de pior ranking na história de Roland Garros.
O Aberto da França encerra a série de grandes competições disputadas no saibro. Agora, o tênis passa a viver, até o Torneio de Wimbledon (no final deste mês), uma "fase verde", na qual predominam os campeonatos na grama.


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