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Holanda, Corinthians e a pelada do Maracanã
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Corinthians 4 x 0 São Paulo.
Por essa nem os operadores de
bola de cristal esperavam.
Tudo bem que o placar não
corresponde ao que aconteceu
em campo (um jogo muito mais
equilibrado), que o juiz ajudou
o Corinthians no primeiro gol
(ao não marcar falta de Marcelinho) e que Rogério ajudou no
segundo.
Mas quem vai negar que uma
goleada como essa empurra o
alvinegro com força rumo ao
título?
O curioso é que o primeiro gol
corintiano saiu quando o São
Paulo era mais organizado e
objetivo, e o segundo quando o
tricolor acuava o Corinthians
em seu campo.
Depois, as modificações promovidas pelo sempre ousado
Carpegiani parecem ter deixado o time perdido e sem ímpeto,
dando margem ao domínio alvinegro, numa tarde inspirada
de Ricardinho e Edilson.
Pelo pouco que pude ver de
Vasco 2 x 0 Flamengo, o Maracanã lotado presenciou uma
autêntica pelada. O campo parecia um charco, os jogadores
davam voadoras nos adversários, os goleiros não enxergavam nada. Houve invasão de
campo antes, durante e depois
da partida. No meio do caos
encharcado, brilhou a estrela
de Edmundo, eterno filho pródigo do Vasco.
Mesmo sem treinar e sofrendo
efeitos da ressaca de vatapá e
cerveja, a Holanda deu um
show de bola no segundo tempo
da partida contra o Brasil, sábado em Salvador.
Brasil e Holanda são, sem nenhuma dúvida, os países mais
bem servidos de craques do
mundo. A diferença, talvez, está na maior inteligência tática
deles, ou na ênfase que dão a
esse fundamento tão simples e
tão desprezado pelos brasileiros, que é o passe.
Basta pensar nas inúmeras
vezes que Rivaldo, Juninho,
Giovanni e Leonardo -todos
craques indiscutíveis- perderam a bola por insistir em retê-la, em vez de servi-la a um companheiro. Os holandeses raramente cometem esse tipo de erro. Outra coisa que sempre impressiona na Holanda é a tranquilidade e a categoria de seus
jogadores de defesa, que quase
nunca dão chutões para cima
-"trabalho sujo" reservado
eventualmente para o goleiro
Van Der Sar, que atua como
uma espécie de "beque de espera".
Isso não é fruto de nenhum
gene especial holandês, mas
simplesmente de um bom posicionamento, aliado a boa técnica e frieza de raciocínio. Técnica temos de sobra. O resto
precisamos aprender.
O segundo gol do Brasil (de
Giovanni) e o segundo da Holanda (de Van Vossen) foram
muito bonitos, mas a jogada
mais espetacular do jogo, aquela que merece entrar para as
antologias, foi a do gol perdido
pelo artilheiro Van Nistelrooy
no segundo tempo.
Depois de driblar dois zagueiros e o goleiro Dida, atravessando a pequena área horizontalmente, ele quis concluir de
calcanhar diante do gol vazio e
tropeçou bisonhamente em si
mesmo. Para concluir o show, o
craque cobriu a cabeça com a
camiseta, como que confessando sua vergonha. Se fosse numa
Copa do Mundo, ele seria crucificado. Mas, num amistoso
festivo como aquele, uma maluquice dessas é bem vinda.
E amanhã tem mais.
José Geraldo Couto escreve às segundas e aos
sábados
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