São Paulo, sábado, 07 de julho de 2001

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OUTDOORS

Ferramenta essencial num rali humano, a proteção dos pés pode determinar o fim de uma corrida

Bom é meia fina

VANER VENDRAMINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Hoje começa mais uma prova do Circuito Brasileiro de corrida de aventura, competição de resistência, organização, logística e preparação, principalmente no quesito equipamento.
E nesse ponto, segundo o organizador da EMA (Expedição Mata Atlântica), o paulista Alexandre Freitas, a proteção dos pés para aguentar o tranco tem um componente fundamental: meias finas, como aquelas que acompanham o conjunto terno e gravata.
Além das meias finas, que, segundo Freitas, seriam ideais para evitar o atrito entre a areia e os pés do corredor, vaselina ou pomada Hipoglós também têm sua aplicação para evitar as bolhas.
"A sugestão é combinar uma meia fina com uma grossa por fora. A meia fina impede a passagem de areia, que, depois de algumas horas de caminhada, pode ser determinante para aparecimento de bolhas", ressaltou Freitas logo nos primeiros minutos de exposição do bê-á-bá do corredor de aventura durante a terceira edição do EMA Escola, curso de um dia ministrado na região de Juquitiba, a 70 km ao sul de São Paulo, no sábado passado.
Como exemplo, Freitas citou o neozelandês John Howard, "o melhor corredor do mundo".
""No último Eco-Challenge [a mais dura corrida de aventura do mundo", em Bornéo [Indonésia", ele teve que abandonar a prova por causa de bolhas nos pés no momento em que preparava o bote para assumir a liderança da competição", afirmou.
Segundo Freitas, apesar de ter o condicionamento físico como base, com o passar do tempo houve um nivelamento na preparação dos atletas das corridas de aventura, e a criatividade na construção de meios de economia de tempo e de otimização no uso dos recursos de energia disponíveis passou a diferenciar as equipes.
Hoje, as principais cartadas estão nas técnicas que aprimoram as transições (pontos da corrida onde a equipe modifica algo de importante, como, por exemplo, o meio de transporte), que diminuem o peso transportado durante a prova e até que minimizam o atraso para se alimentar.
Levar o que se gosta de comer, então, pode parecer supérfluo, mas também é uma recomendação. "Você tem que se alimentar durante toda a prova, e o importante é levar coisas que você gosta", afirma Freitas.
De acordo com outros corredores, tanto experientes como amadores, a hidratação e a alimentação são fundamentais para aguentar os períodos de dezenas de horas acordado -a média de sono das equipes de ponta é de duas horas por dia.
Uma das técnicas é estabelecer intervalos fixos -de até dez minutos- para se comer e beber.
Mesmo com a manutenção da hidratação, entretanto, "as alucinações são normais em uma corrida de aventura, mas não é preciso ser um super-homem para conseguir", completou Freitas.
E, pelo menos com os corredores que formaram a turma da última EMA Escola, a tarefa foi terminada com total sucesso.
Todos os participantes conseguiram completar o tranquilo percurso de 20 km de trekking, canoagem, rafting e orientação.
Já para esse final de semana, a coisa não parece que será tão fácil. A prova, segundo a própria organização, lembra a primeira edição da EMA, em 98, pois será disputada na mesma região: no litoral norte de São Paulo.
Com largada hoje em São Sebastião e chegada em Bertioga, na segunda-feira, a competição terá 230 km e os seguintes esportes: trekking (59 km), mountain bike (106 km), canoagem em caiaques infláveis (60 km), costeira (4 km) e técnicas verticais, com um rapel de 150 m e uma tirolesa cruzando um vão com mais de 60 m.

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