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FUTEBOL
O "efeito Boca"
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Parece até um "efeito Boca
Juniors": a rodada do Brasileirão foi amplamente favorável
aos times do Sul. Venceram seus
jogos o Grêmio, o Atlético-PR, o
Figueirense, o Criciúma e o Paraná, os dois últimos fora de casa.
E o que o Boca tem a ver com isso? É que os clubes sulistas seguem, em geral, a receita aplicada pelo técnico Carlos Bianchi,
tão comentada nos últimos dias:
marcação cerrada no próprio
campo e saída rápida nos contra-ataques, buscando explorar o
chamado "erro do adversário".
Foi assim no Olímpico, no Grêmio 2 x 0 Flamengo, e foi assim na
Arena da Baixada, no Atlético-PR 3 x 0 Corinthians. Neste último, a estratégia paranaense foi
facilitada pela chuva forte e pelo
péssimo estado do gramado. E,
claro, também pelo pênalti perdido pelo corintiano Rogério.
Mas não estou tirando o mérito
do Furacão. Para que a "tática
Boca" dê certo, é preciso ter jogadores inteligentes e velozes para
aproveitar as poucas chances de
gol. E Dagoberto e Ilan estavam
inspirados ontem, particularmente o segundo, que fez três gols
e assumiu a artilharia do torneio.
Com essa derrota, o Corinthians, que já vivia em clima de
tensão entre técnico, diretoria e
torcida, agora deve entrar em crise aberta.
O problema não é tanto de Geninho. Visto numa perspectiva
temporal ampla, o elenco do Corinthians se empobreceu muito
nos últimos tempos.
Se o forte da equipe nos anos
1998/99 era seu meio-campo versátil e criativo, hoje o alvinegro
tem bons defensores, ótimos atacantes e meio-campistas medianos, para não dizer medíocres.
A saída (por contusão) de Vampeta, o último remanescente daquela fase áurea, foi simbólica.
Ficaram os carregadores de piano. Só não tem mais quem toque.
Curiosamente, o único time sulista que perdeu na rodada foi
justamente o que estava melhor
na tabela, o Coritiba.
A vitória santista serviu para
reanimar o time depois da derrota na Libertadores e também para testar os reservas que assumirão os lugares dos convocados para a seleção sub-23. Ontem eles foram bem.
Para vencer um esquema de
duas linhas de marcadores como
o de Bianchi, é preciso antes de
tudo criatividade na forma de
atacar, conforme lembra o leitor
Mario Tagara, segundo o qual em
termos táticos o futebol está muito atrasado em comparação com
o basquete. Não acompanho o
basquete de perto, mas tendo a
concordar com o leitor.
De todo modo, a aposta nas
inovações, na criatividade e nas
variações de jogadas ofensivas me
parece sempre a melhor opção.
Para isso, volto a insistir, é preciso
valorizar o meio de campo e a
qualidade técnica dos alas.
O segundo tempo do jogo de ontem em Curitiba foi medonho
porque a chuva ocasionou (ou
serviu de pretexto para) as coisas
mais abomináveis do futebol: o
chutão para o mato e a ligação direta defesa-ataque.
Reação catarinense
Os times catarinenses estão subindo rapidamente na tabela de
classificação. Nos últimos 40
dias, Criciúma e Figueirense tiveram apenas uma derrota cada (o Criciúma diante do Vasco
e o Figueirense diante do próprio Criciúma). Nas duas últimas rodadas, o time de Florianópolis venceu o Flamengo (no
Maracanã) e o todo-poderoso
Cruzeiro. Está agora mais perto
do líder que do lanterna. E o
Criciúma já está entre os oito
primeiros.
Futebol opaco
Diante do "rei do empate" (o
São Caetano), o São Paulo perdeu a grande chance de alcançar o líder Cruzeiro. O tricolor
adotou realmente o "futebol de
resultados": perdeu o brilho,
mas ganhou consistência defensiva.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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