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FUTEBOL
Na véspera da estréia, treinador da seleção brasileira ainda não sabe a quem dar tarja de capitão na Copa América
Falta de líder cria dilema para Parreira
FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A AREQUIPA
Falta um líder nato, alguém com
voz de comando entre os 11 titulares da seleção brasileira, que estréia amanhã na Copa América,
contra o Chile. A avaliação é da
comissão técnica, que vive pela
primeira vez sob o comando Carlos Alberto Parreira o dilema sobre quem usará a tarja de capitão.
Acostumado a ver em Cafu um
homem com influência sobre os
colegas, o técnico não encontrou
alguém na seleção "B" que seja, ao
mesmo tempo, líder e titular.
O posto de capitão é visto como
estratégico num grupo formado
exclusivamente por reservas.
A Folha apurou que a discussão
sobre quem deve ser o capitão divide opiniões na comissão técnica
e foi debatida em mais de uma
reunião em Arequipa (Peru).
Normalmente, a tarja seria de
Alex, que exerceu a função no
Cruzeiro campeão brasileiro em
2003 e nos Jogos de Sydney, em
2000. O meia do Fenerbahce
(Turquia) é que mais defendeu a
seleção entre os 22 que estão no
Peru -já disputou 55 jogos.
O problema é que o atleta ainda
gera alguma desconfiança. Apesar de elogiar Alex publicamente,
Parreira não está certo de que ele
será titular até o fim da competição. A opinião geral é que a ida do
capitão para o banco no meio da
Copa América poderia abalar o
grupo, ainda "verde" em se tratando de seleção principal.
A cada dia mais próximo do
treinador, Edu surge como sombra para Alex. Estrela do Arsenal,
campeão inglês, tem bagagem internacional, já exerceu a função
nos juniores do Corinthians e é tido como titular absoluto.
Uma terceira opção, com menos chances, seria Kleberson, que
tem a seu favor o fato de ser o único pentacampeão a estar no Peru.
O problema é que o jogador não
passa por boa fase, sofreu uma
contusão e tem sua posição ameaçada entre os 11 titulares.
"Nunca tive tanta dificuldades
[para escolher o capitão]. Todos
são bons jogadores, estão em ótimo nível, mas não há ninguém
que se destaque em relação aos
outros. Não vejo um que una todas as características de um capitão. O Kleberson seria um nome,
mas é muito introvertido. Tem o
Juan, mas ele está na zaga. Tem o
Edu, tem o Alex. Só vou definir no
dia da estréia", disse Parreira.
Questionado pela reportagem,
Edu disse que não faz questão de
ser a voz do técnico em campo.
"Tenho como característica falar bastante, mas não me apego a
isso. Não sou daqueles que ficam
pensando que vai ser o primeiro a
erguer na taça. O que importa é
jogar", disse o volante do Arsenal.
Já Kleberson reagiu com preocupação ao ser informado que
poderia herdar a tarja: "Estou fora. Sou muito tímido, quieto".
Entre os 11 pré-escalados por
Parreira para a estréia, o atacante
Adriano foi um dos poucos que se
dispuseram a falar abertamente
sobre o seu preferido.
"O melhor é o Alex. Já disputou
Olimpíada, já foi capitão, é o que
mais jogou com a camisa do Brasil. Ele é uma referência. E acho
que a maioria dos meus companheiros pensa o mesmo."
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