São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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FUTEBOL

Na véspera da estréia, treinador da seleção brasileira ainda não sabe a quem dar tarja de capitão na Copa América

Falta de líder cria dilema para Parreira

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A AREQUIPA

Falta um líder nato, alguém com voz de comando entre os 11 titulares da seleção brasileira, que estréia amanhã na Copa América, contra o Chile. A avaliação é da comissão técnica, que vive pela primeira vez sob o comando Carlos Alberto Parreira o dilema sobre quem usará a tarja de capitão.
Acostumado a ver em Cafu um homem com influência sobre os colegas, o técnico não encontrou alguém na seleção "B" que seja, ao mesmo tempo, líder e titular.
O posto de capitão é visto como estratégico num grupo formado exclusivamente por reservas.
A Folha apurou que a discussão sobre quem deve ser o capitão divide opiniões na comissão técnica e foi debatida em mais de uma reunião em Arequipa (Peru).
Normalmente, a tarja seria de Alex, que exerceu a função no Cruzeiro campeão brasileiro em 2003 e nos Jogos de Sydney, em 2000. O meia do Fenerbahce (Turquia) é que mais defendeu a seleção entre os 22 que estão no Peru -já disputou 55 jogos.
O problema é que o atleta ainda gera alguma desconfiança. Apesar de elogiar Alex publicamente, Parreira não está certo de que ele será titular até o fim da competição. A opinião geral é que a ida do capitão para o banco no meio da Copa América poderia abalar o grupo, ainda "verde" em se tratando de seleção principal.
A cada dia mais próximo do treinador, Edu surge como sombra para Alex. Estrela do Arsenal, campeão inglês, tem bagagem internacional, já exerceu a função nos juniores do Corinthians e é tido como titular absoluto.
Uma terceira opção, com menos chances, seria Kleberson, que tem a seu favor o fato de ser o único pentacampeão a estar no Peru. O problema é que o jogador não passa por boa fase, sofreu uma contusão e tem sua posição ameaçada entre os 11 titulares.
"Nunca tive tanta dificuldades [para escolher o capitão]. Todos são bons jogadores, estão em ótimo nível, mas não há ninguém que se destaque em relação aos outros. Não vejo um que una todas as características de um capitão. O Kleberson seria um nome, mas é muito introvertido. Tem o Juan, mas ele está na zaga. Tem o Edu, tem o Alex. Só vou definir no dia da estréia", disse Parreira.
Questionado pela reportagem, Edu disse que não faz questão de ser a voz do técnico em campo.
"Tenho como característica falar bastante, mas não me apego a isso. Não sou daqueles que ficam pensando que vai ser o primeiro a erguer na taça. O que importa é jogar", disse o volante do Arsenal.
Já Kleberson reagiu com preocupação ao ser informado que poderia herdar a tarja: "Estou fora. Sou muito tímido, quieto".
Entre os 11 pré-escalados por Parreira para a estréia, o atacante Adriano foi um dos poucos que se dispuseram a falar abertamente sobre o seu preferido.
"O melhor é o Alex. Já disputou Olimpíada, já foi capitão, é o que mais jogou com a camisa do Brasil. Ele é uma referência. E acho que a maioria dos meus companheiros pensa o mesmo."


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