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Tostão
Mais que um craque
Zidane se preparou para este Mundial; Ronaldo deveria
ter feito o mesmo
VOU CORRER o mesmo risco da Fifa,
que elegeu antes do
jogo final Ronaldo em
1998 e o goleiro alemão
Kahn em 2002 como os
melhores do Mundial.
Mesmo que Zidane não jogue e/ou que a Itália seja
campeã, voto no francês.
Pela primeira vez na história do futebol, um grande craque anuncia antes
da Copa a sua despedida
para o final da competição. Ele, que tinha deixado
a seleção antes das eliminatórias, voltou para ajudar o time. Depois da classificação, Zidane se preparou para este momento.
Ronaldo deveria ter feito o
mesmo. Mas ele se apresentou para os treinos
com cinco quilos a mais.
Lamentável!
Zidane é o último dos
grandes meias-armadores. Não se pode confundir
esse armador com os
meias ofensivos, como Ronaldinho Gaúcho, Totti e
outros, que se destacam
pelas jogadas em direção
ao gol. Zidane é um organizador, um pensador, que
controla a bola, o jogo e o
ritmo da equipe. Tudo
com elegância, com a cabeça em pé e sem olhar para a bola.
A atuação de Zidane
contra o Brasil foi uma das
maiores exibições que vi
no estádio de um jogador.
Inesquecível!
O companheiro Paulo
Cobos me perguntou se eu
achava que os melhores
momentos de Ronaldinho
no Barcelona foram superiores aos melhores de Zidane. Acho que sim. Mas
concordo com ele que Zidane foi muito mais importante para o futebol,
pelo menos até agora.
O Zidane é um dos pouquíssimos grandes craques do mundo que brilharam intensamente em
duas Copas do Mundo.
Se quisesse, Zidane poderia jogar mais uns cinco
anos e ganhar muito dinheiro, como fazem quase
todos os grandes craques.
Porém ele percebeu, como
disse, que não poderia ter
mais a mesma regularidade. Um gesto de dignidade.
Não se pode confundir
sucesso com fama.
Zidane buscou o sucesso, a perfeição técnica, como deve fazer todo profissional. Mas ele sempre foi
discreto e nunca deu importância à fama, ao marketing e ao trabalho de garoto-propaganda. Nunca
quis ser uma celebridade.
A fama enriquece a conta
bancária e empobrece o
ser humano.
tostao.folha@uol.com.br
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