São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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FUTEBOL

Torneio tem a menor média de passes tabulados até hoje pelo Datafolha

Toque de bola agoniza, e Brasileiro vira um gol a gol

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Toque de bola. A característica que é a marca do futebol pentacampeão mundial sofre no principal campeonato do país.
Levantamento do Datafolha mostra que o Brasileiro-05 é o campeonato tabulado pelo instituto, que começou a fazer levantamentos na área no final da década de 80, com menos passes trocados. Em média, cada equipe do torneio faz 274 passes por jogo, com um índice de acerto que não passa de 81% (já chegou a quase 84% em edições passadas).
Essa marca é quase 20% menor do que a média histórica da competição, que já chegou a ter suas equipes distribuindo a bola quase 400 vezes por confronto. E a falta de um estilo cadenciado, pela classificação da competição, está longe de ser um problema.
Nenhuma equipe, na era Datafolha, é tão adepta do estilo gol a gol de jogar como o Paraná, a maior surpresa do Nacional -o time, que enfrenta hoje o Santos, começou a rodada em terceiro.
A equipe curitibana troca, em média, apenas 224 passes por jogo, ou metade do que fazia a seleção brasileira na Copa de 1994.
E os jogadores da equipe não escondem a preferência pelo jogo corrido e nem sempre vistoso. "Sabemos de nossas limitações", afirma o meia Beto. "Precisamos de 48 pontos para garantirmos nossa participação na Série A em 2006", diz o técnico Lori Sandri, preocupando-se, apesar da ótima colocação na tabela, mais com o rebaixamento do que com a possibilidade do título nacional.
A Ponte Preta, que começou a 18ª rodada na vice-liderança, é o segundo time que menos arrisca passes -são 225 por partida.
O único clube que segue a tradição brasileira de tratar a bola com esmero é o Santos. São, em média, 348 trocas de bola por jogo. A boa performance do clube nesse fundamento do futebol não vem de hoje. Em 2004, quando ainda tinha Vanderlei Luxemburgo como treinador, a agremiação do litoral paulista também liderou nos passes, segundo o Datafolha.
A disseminação do esquema 3-5-2, no lugar do tradicional 4-4-2, parece ser um dos motivos da queda no número de passes.
A fórmula com menos meias em campo e mais espaço para os laterais (que geralmente têm menos habilidade) produz os times líderes no desprezo pelo passe.
Das dez equipes com o pior desempenho no quesito, sete têm o 3-5-2 como esquema habitual ou bastante freqüente. Essas equipes, mesmo arriscando menos, ainda têm qualidade sofrível no fundamento que o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, mais preza. O Paraná tem o segundo menor índice de acerto (76%).

Menos passes, mais gols
Se conspira contra a qualidade, o futebol vertiginoso da maior parte dos clubes faz da edição 2005 a mais goleadora da história do Brasileiro. A média, antes da rodada de ontem, estava em 3,04 tentos por partida.
Com exceção do Santos, nenhum dos clubes top 10 da artilharia trocam mais de 300 passes por jogo, marca que não seria suficiente para colocar um time entre os 20 que mais bolas trocaram no Nacional de 2001.
O Brasileiro-05, aliás, tem outro ponto na artilharia que conspira contra o futebol bem jogado. Segundo o Datafolha, só 12% dos gols saíram em jogadas individuais. No ano passado, 19% das vezes em que a rede balançou foram depois de lances assim.

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