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FUTEBOL
Torneio tem a menor média de passes tabulados até hoje pelo Datafolha
Toque de bola agoniza, e Brasileiro vira um gol a gol
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Toque de bola. A característica
que é a marca do futebol pentacampeão mundial sofre no principal campeonato do país.
Levantamento do Datafolha
mostra que o Brasileiro-05 é o
campeonato tabulado pelo instituto, que começou a fazer levantamentos na área no final da década
de 80, com menos passes trocados. Em média, cada equipe do
torneio faz 274 passes por jogo,
com um índice de acerto que não
passa de 81% (já chegou a quase
84% em edições passadas).
Essa marca é quase 20% menor
do que a média histórica da competição, que já chegou a ter suas
equipes distribuindo a bola quase
400 vezes por confronto. E a falta
de um estilo cadenciado, pela
classificação da competição, está
longe de ser um problema.
Nenhuma equipe, na era Datafolha, é tão adepta do estilo gol a
gol de jogar como o Paraná, a
maior surpresa do Nacional -o
time, que enfrenta hoje o Santos,
começou a rodada em terceiro.
A equipe curitibana troca, em
média, apenas 224 passes por jogo, ou metade do que fazia a seleção brasileira na Copa de 1994.
E os jogadores da equipe não escondem a preferência pelo jogo
corrido e nem sempre vistoso.
"Sabemos de nossas limitações",
afirma o meia Beto. "Precisamos
de 48 pontos para garantirmos
nossa participação na Série A em
2006", diz o técnico Lori Sandri,
preocupando-se, apesar da ótima
colocação na tabela, mais com o
rebaixamento do que com a possibilidade do título nacional.
A Ponte Preta, que começou a
18ª rodada na vice-liderança, é o
segundo time que menos arrisca
passes -são 225 por partida.
O único clube que segue a tradição brasileira de tratar a bola com
esmero é o Santos. São, em média,
348 trocas de bola por jogo. A boa
performance do clube nesse fundamento do futebol não vem de
hoje. Em 2004, quando ainda tinha Vanderlei Luxemburgo como treinador, a agremiação do litoral paulista também liderou nos
passes, segundo o Datafolha.
A disseminação do esquema 3-5-2, no lugar do tradicional 4-4-2,
parece ser um dos motivos da
queda no número de passes.
A fórmula com menos meias
em campo e mais espaço para os
laterais (que geralmente têm menos habilidade) produz os times
líderes no desprezo pelo passe.
Das dez equipes com o pior desempenho no quesito, sete têm o
3-5-2 como esquema habitual ou
bastante freqüente. Essas equipes,
mesmo arriscando menos, ainda
têm qualidade sofrível no fundamento que o técnico da seleção,
Carlos Alberto Parreira, mais preza. O Paraná tem o segundo menor índice de acerto (76%).
Menos passes, mais gols
Se conspira contra a qualidade,
o futebol vertiginoso da maior
parte dos clubes faz da edição
2005 a mais goleadora da história
do Brasileiro. A média, antes da
rodada de ontem, estava em 3,04
tentos por partida.
Com exceção do Santos, nenhum dos clubes top 10 da artilharia trocam mais de 300 passes
por jogo, marca que não seria suficiente para colocar um time entre os 20 que mais bolas trocaram
no Nacional de 2001.
O Brasileiro-05, aliás, tem outro
ponto na artilharia que conspira
contra o futebol bem jogado. Segundo o Datafolha, só 12% dos
gols saíram em jogadas individuais. No ano passado, 19% das
vezes em que a rede balançou foram depois de lances assim.
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