São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OLIMPÍADA

Banco encerra parceria com campeões juvenis, evita novos acordos e reavalia status de tenistas em ano ruim

BB corta no vôlei de praia e espreita tênis

DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas do Mundial juvenil de vôlei de praia, no Rio de Janeiro, eles viram a fonte secar.
Donos de quatro títulos e freqüentadores do pódio de todas as quatro edições já realizadas do evento, os filhos da ex-jogadora Isabel ouviram do Banco do Brasil que o patrocínio acabara.
O contrato de Maria Clara, 22, Carol, 18, e Pedro, 19, valia até este mês e não foi renovado.
"Foi o banco que nos procurou interessado no patrocínio. E justo agora que temos um Mundial, ainda mais no Brasil, eles encerram o acordo. Os atletas que temem perder seu contrato no fim do ano estão melhor do que a gente, porque têm alguns meses para se virar", afirma Isabel.
Seu diagnóstico é apenas um exemplo do clima que se instalou entre atletas que contam com auxílio do Banco do Brasil.
O acordo que rende à Confederação Brasileira de Vôlei cerca de R$ 22 milhões vence só em 2008 e deve ser cumprido. O esporte -principalmente a seleção masculina- é o que tem a melhor avaliação de retorno da estatal.
Nos últimos quatro anos, levou praticamente todos os troféus que buscou, foi campeão mundial e bicampeão olímpico.
O temor, porém, está centrado nos patrocínios individuais, como como os obtidos por Behar e Shelda e Ricardo e Emanuel, todos do vôlei de praia, respectivamente prata e ouro em Atenas.
Segundo a Folha apurou, atletas têm procurado a CBV apavorados com a possibilidade de não contar com ajuda. Muitos dos acordos acabam no fim de 2005.
Outros, que estavam em negociação, teriam feito água, como o que bancaria a dupla das medalhistas olímpicas Virna e Sandra.
Quem respira aliviado é Robert Scheidt, que já renovou contrato.
O controle do departamento de marketing do BB, que passa por devassa nas prestações de contas e avaliação de retorno dos patrocínios, está nas mãos de Paulo Rogério Caffarelli, substituto interino de Henrique Pizzolatto. A estatal informou, por meio da assessoria, que o procedimento de encerrar contratos que não produziram efeito desejado é normal.
Isabel, contudo, diz que seus filhos não poderiam exibir retrospecto mais qualificado para fazer a união com o banco prosperar.
Carol foi campeã em 2004 e bronze em 2001 no Mundial juvenil. Medalhas repetidas por Maria Clara em 2001 e 2002. Pedro levantou a taça em 2001 e 2003, foi prata em 2002 e bronze no ano passado. Anteontem, Maria Clara e Carol terminaram em nono a etapa da Áustria do circuito adulto ao baterem Ana Paula e Sandra.
"Eles são jovens e estão conseguindo bons resultados", relata.
Se atletas que freqüentam pódios de competições internacionais demonstram preocupação com o futuro, a sensação é ainda pior entre os que não conseguem repetir o mesmo sucesso de temporadas anteriores.
É o caso dos tenistas. Apesar de não admitirem publicamente, Maria Fernanda Alves, Flávio Saretta, Ricardo Mello e até Gustavo Kuerten -nenhum integra a lista dos 50 melhores do mundo-já manifestaram apreensão sobre o futuro de seus patrocínios.
"O banco está examinando todos os contratos. Estamos prontos para eventuais mudanças", conta Luis Felipe Tavares, da Octagon Koch Tavares, que organiza eventos em parceria com o BB -incluindo o Torneio da Costa do Sauípe.(GUILHERME ROSEGUINI E MARIANA LAJOLO)


Colaborou Régis Andaku, colunista da Folha

Texto Anterior: Futebol: Figo chega à Itália e faz críticas a Luxemburgo
Próximo Texto: Memória: CBV fez depósito para ex-mulher de diretor do BB
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.