São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MEMÓRIA

CBV fez depósito para ex-mulher de diretor do BB

DA REPORTAGEM LOCAL

Constrangimentos envolvendo o principal patrocinado do Banco do Brasil marcaram a administração de Henrique Pizzolato à frente do marketing da entidade.
O primeiro deles data de 6 de outubro de 2003. Naquele dia foi detectado cheque no valor de R$ 6 mil na conta de Andréa Haas, mulher do ex-diretor. Procedência: Confederação Brasileira de vôlei.
Cerca de um mês depois, após avaliar os valores que constavam em seu extrato, Andréa devolveu a quantia em novo cheque entregue à entidade, datado de 3 de novembro.
No verso, ela escreveu: "refere-se a depósito indevido em minha conta corrente, feito no dia 06/10/2003".
À época, ao ser questionada sobre o motivo do documento, a CBV alegou erro administrativo. O valor foi sacado pela entidade em 11 de dezembro.
Procurado pela Folha, o presidente da CBV, Ary Graça, afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não iria falar sobre o assunto porque "a história já fora resolvida".
Segundo a entidade, a mulher do ex-diretor do Banco do Brasil, que é arquiteta, teria prestado serviço de consultoria no CT de Saquarema.
Inaugurada em 2003, a obra é a menina dos olhos da CBV. Ela foi construída em terreno cedido pela prefeitura da cidade carioca e consumiu R$ 3,6 milhões do governo federal.
Pizzolato, no entanto, por meio da assessoria do banco, desmentiu a prestação de serviços no CT. De acordo com ele, sua mulher apenas visitou as instalações em Saquarema e "deu palpites" sobre a obra, de maneira informal.
O próprio presidente da confederação já negara o caso. E afirmou que Andréa nunca havia firmado vínculo empregatício ou mantido qualquer relação profissional com a entidade que ele dirige.
Apesar da contradição de Graça, Pizzolato preferiu não mexer mais no caso.
No ano seguinte, o executivo envolveu-se nos maiores escândalos de sua passagem pelo BB. Apadrinhado do ex-ministro Luiz Gushiken, ele autorizou patrocínio de R$ 2,5 mi a evento que beneficiou o governo de Zeca do PT (MS).
A estatal já havia desembolsado R$ 73,5 mil em ingressos para show de Zezé Di Camargo & Luciano, cuja arrecadação iria para o PT.
No início deste ano, o ex-diretor de marketing ficou novamente em saia justa com a CBV. O problema, desta vez, foi diretamente ligado ao patrocínio da estatal às seleções de vôlei, seu principal investimento no esporte.
Em fevereiro, Pizzolato e os executivos do BB foram surpreendidos durante o desfile de apresentação dos novos uniformes dos times nacionais.
Além das cores tradicionais, a confederação autorizou a Olympikus a criar camisas em rosa, para o time feminino, e preto, para o masculino.
Na apresentação, Graça declarou que os conservadores teriam de se acostumar.
O BB, porém, não gostou da ousadia. A entidade financeira viu lesados seus direitos de propriedade, já que não havia autorizado nem a mudança das cores nem da forma de apresentação de seu logo.
Por orientação do então ministro Luiz Gushiken, o banco pressionou a CBV a voltar atrás na escolha dos uniformes.
Na avaliação dele, além de manter o respeito às cores da bandeira, pesquisas do governo indicavam que o verde-amarelo tem mais potencial mercadológico.
Diante da pressão de seu principal mantenedor, a CBV voltou atrás, e a Olympikus forneceu novos uniformes com padrões em verde, amarelo, azul e branco.
As peças rosa e preta estão sendo vendidas somente como parte da coleção da marca esportiva. A ação é permitida pelo Banco do Brasil.(GR E ML)

Texto Anterior: Olimpíada: BB corta no vôlei de praia e espreita tênis
Próximo Texto: Banco é único a expor marca em roupa de Guga
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.