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MEMÓRIA
CBV fez depósito para ex-mulher de diretor do BB
DA REPORTAGEM LOCAL
Constrangimentos envolvendo o principal patrocinado
do Banco do Brasil marcaram a
administração de Henrique
Pizzolato à frente do marketing
da entidade.
O primeiro deles data de 6 de
outubro de 2003. Naquele dia
foi detectado cheque no valor
de R$ 6 mil na conta de Andréa
Haas, mulher do ex-diretor.
Procedência: Confederação
Brasileira de vôlei.
Cerca de um mês depois,
após avaliar os valores que
constavam em seu extrato, Andréa devolveu a quantia em novo cheque entregue à entidade,
datado de 3 de novembro.
No verso, ela escreveu: "refere-se a depósito indevido em
minha conta corrente, feito no
dia 06/10/2003".
À época, ao ser questionada
sobre o motivo do documento,
a CBV alegou erro administrativo. O valor foi sacado pela entidade em 11 de dezembro.
Procurado pela Folha, o presidente da CBV, Ary Graça,
afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não iria
falar sobre o assunto porque "a
história já fora resolvida".
Segundo a entidade, a mulher
do ex-diretor do Banco do Brasil, que é arquiteta, teria prestado serviço de consultoria no
CT de Saquarema.
Inaugurada em 2003, a obra é
a menina dos olhos da CBV.
Ela foi construída em terreno
cedido pela prefeitura da cidade carioca e consumiu R$ 3,6
milhões do governo federal.
Pizzolato, no entanto, por
meio da assessoria do banco,
desmentiu a prestação de serviços no CT. De acordo com ele,
sua mulher apenas visitou as
instalações em Saquarema e
"deu palpites" sobre a obra, de
maneira informal.
O próprio presidente da confederação já negara o caso. E
afirmou que Andréa nunca havia firmado vínculo empregatício ou mantido qualquer relação profissional com a entidade que ele dirige.
Apesar da contradição de
Graça, Pizzolato preferiu não
mexer mais no caso.
No ano seguinte, o executivo
envolveu-se nos maiores escândalos de sua passagem pelo
BB. Apadrinhado do ex-ministro Luiz Gushiken, ele autorizou patrocínio de R$ 2,5 mi a
evento que beneficiou o governo de Zeca do PT (MS).
A estatal já havia desembolsado R$ 73,5 mil em ingressos
para show de Zezé Di Camargo
& Luciano, cuja arrecadação
iria para o PT.
No início deste ano, o ex-diretor de marketing ficou novamente em saia justa com a
CBV. O problema, desta vez,
foi diretamente ligado ao patrocínio da estatal às seleções
de vôlei, seu principal investimento no esporte.
Em fevereiro, Pizzolato e os
executivos do BB foram surpreendidos durante o desfile de
apresentação dos novos uniformes dos times nacionais.
Além das cores tradicionais, a
confederação autorizou a
Olympikus a criar camisas em
rosa, para o time feminino, e
preto, para o masculino.
Na apresentação, Graça declarou que os conservadores teriam de se acostumar.
O BB, porém, não gostou da
ousadia. A entidade financeira
viu lesados seus direitos de
propriedade, já que não havia
autorizado nem a mudança das
cores nem da forma de apresentação de seu logo.
Por orientação do então ministro Luiz Gushiken, o banco
pressionou a CBV a voltar atrás
na escolha dos uniformes.
Na avaliação dele, além de
manter o respeito às cores da
bandeira, pesquisas do governo indicavam que o verde-amarelo tem mais potencial
mercadológico.
Diante da pressão de seu
principal mantenedor, a CBV
voltou atrás, e a Olympikus forneceu novos uniformes com
padrões em verde, amarelo,
azul e branco.
As peças rosa e preta estão
sendo vendidas somente como
parte da coleção da marca esportiva. A ação é permitida pelo Banco do Brasil.(GR E ML)
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