São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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Favoritos param, e Button vence a 1ª

Petr David Josek/Associated Press
Button, primeiro inglês a vencer na F-1 desde Johnny Herbert em 99, vibra no pódio em Budapeste


Inglês larga em 14º e conta com abandonos de Alonso, Raikkonen e Schumacher para ganhar GP histórico na Hungria

Chuva, ultrapassagens e incidentes marcam uma das melhores corridas da F-1 nos últimos anos; Barrichello é o quarto, e Massa, o sétimo


FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE

Houve o momento de Fernando Alonso, liderando o GP e fazendo de Michael Schumacher retardatário. Houve o momento de Schumacher, na zona de pódio e vendo o rival quebrar. Houve chuva, algo inédito em 20 anos de GP da Hungria e que não acontecia na F-1 havia exatas 50 provas, desde 2003.
E houve um pódio que dá a dimensão do que foi a 13ª etapa do Mundial, ontem, em Budapeste: vitória de Jenson Button, seguido por Pedro de la Rosa e Nick Heidfeld. Uma prova "sui generis", tumultuada. De longe a melhor do ano.
A lista de jejuns quebrados é extensa. Foi a primeira vitória de Button na F-1 -é o terceiro piloto da história que mais esperou para ganhar, 113 GPs. Foi a primeira vitória da Honda, como equipe, em 39 anos -a última havia sido na Itália, em 1967, com John Surtees. Foi a primeira vitória de um inglês desde Johnny Herbert em Nurburgring em 1999. Foi a primeira vitória de um time médio desde o triunfo de Giancarlo Fisichella em Interlagos, em 2003, ao volante da Jordan.
A lista de incidentes nas 70 voltas da corrida é ainda maior. E, na verdade, começou antes mesmo das tais 70 voltas: choveu forte em Hungaroring pela manhã e, com o asfalto encharcado, os pilotos tiveram problemas para levar os carros até o grid. Segundo colocado na largada, Felipe Massa chegou a rodar na volta de instalação.
Na hora da largada não chovia, mas a pista estava muito molhada, o que fez a maioria optar por pneus intermediários. A exceção: Rubens Barrichello, terceiro no grid, com compostos para chuva forte.
Lá no segundo pelotão do grid, os protagonistas da luta pelo título: Schumacher, em 11º, e Alonso, em 15º. Entre eles, Button, em 14º. Os três largando tão atrás, fruto de punições durante o fim de semana.
E os três foram os destaques da largada. Enquanto Kimi Raikkonen, pole, manteve a ponta, Alonso ganhou nove posições e fechou a primeira volta em sexto. Schumacher escalou sete postos. Button, cinco.
Os brasileiros foram mal. Massa caiu de segundo para sétimo. Barrichello herdou a vice-liderança, mas teve que parar na quinta volta para, enfim, colocar pneus intermediários.
A chuva voltou. Para Alonso, nada mudou. Dando show numa pista que tem fama de ferrolho, superou Giancarlo Fisichella na segunda volta. Na quarta, encontrou Schumacher. Como se o alemão fosse um novato, ultrapassou-o por fora na Curva 5. Com os pits de De la Rosa e de Raikkonen, chegou à liderança na 17ª volta.
Oito voltas depois, Alonso impôs uma volta em Schumacher -os pneus da Ferrari, Bridgestone, perdiam ritmo enquanto a chuva apertava.
Houve então o grande acidente do dia: Raikkonen acertou Vitantonio Liuzzi, retardatário, exigindo a entrada do safety-car. Button foi promovido a segundo. A essa altura, os cinco pilotos na volta do líder estavam calçados com os Michelin.
A vitória de Alonso parecia tranqüila. Parecia. Na 51ª volta, logo após seu último pit, a quebra de uma peça na suspensão traseira encerrou seu dia.
Schumacher, segundo, ganhou a chance de reduzir drasticamente sua desvantagem no Mundial. Parecia rumar seguro para mais um pódio. Parecia. Na 67ª volta, bateu e parou. Barrichello ainda conseguiu ser quarto, e Massa, sétimo. Mas o mais feliz do dia parecia mesmo ser Button. "Uau, que dia."
Era John Button, seu pai. Que três horas depois do GP dançava no motorhome, eufórico, champanhe na mão.


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