São Paulo, quarta-feira, 07 de setembro de 2011

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Rogério chega a mil jogos pelo São Paulo com poder único no futebol brasileiro: indica atletas , dá preleções, palpita nas escalações e se envolve na política

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Nenhum jogador tem tanto poder em um grande clube brasileiro quanto Rogério.
O goleiro, que hoje completa 21 anos e mil jogos pelo São Paulo, desempenha muito mais funções no Morumbi do que as que a braçadeira de capitão e o posto de ídolo normalmente lhe credenciariam.
Além de defender a meta são-paulina, o camisa 1 indica reforços, observa adversários, dá palpites na formação da equipe e é responsável pelas preleções motivacionais.
Foi Rogério, por exemplo, quem bancou a chegada de Rivaldo, no começo do ano.
A indicação foi prontamente aprovada pela diretoria, composta basicamente por seus amigos. O goleiro, 38, tem relação mais íntima com os dirigentes e membros da comissão técnica do que com seus companheiros de time.
Diferentemente dos colegas, muitos deles com menos tempo de vida do que ele tem de clube, Rogério não divide quarto na concentração e tem canal direto com os cartolas.
"Conversamos sobre o time, sobre conjunturas do futebol e ouço suas sugestões. Mas ele nunca cobrou uma contratação, derrubou técnico, apenas indicou nomes que considerava interessantes", disse o vice de futebol, João Paulo de Jesus Lopes.
O jogador que mais atuou pelo São Paulo na história já teve até seu nome indicado para assumir o comando do time. Um grupo de dirigentes sugeriu que ele virasse treinador interino após a saída de Muricy Ramalho, em 2009.
"O grande diferencial é que ele realmente é são-paulino. Além disso, é um cara diferenciado, que conhece os bastidores e que sabe como é a gestão do futebol", afirmou o vice de marketing, Júlio Casares, um dos que tentaram fazer de Rogério treinador.
Informalmente, ele já exerce essa função. Quando o auxiliar Milton Cruz esteve no cargo, era normal vê-lo dando instruções ao técnico.
Rogério também se envolve na política são-paulina. Ele fez campanha para o atual presidente do clube, Juvenal Juvêncio, e atribui a um antigo rival do mandatário o episódio mais nebuloso da sua história no São Paulo.
Em 2001, Rogério e o presidente Paulo Amaral se desentenderam sobre a autencidade de uma proposta do Arsenal apresentada pelo goleiro. Em meio a essa crise, o ídolo foi afastado do time. Mas, depois, teve aumento.
"Aquela polêmica foi o momento em que tive mais disposição de ir embora. Sempre passei as propostas para a diretoria. Mas ser honesto neste país não parece ser qualidade", disse Rogério.
Dez anos depois da crise, Rogério alcança uma marca que só Pelé (1.114, no Santos) e Roberto Dinamite (1.065, no Vasco) têm no Brasil: fazer mil jogos pelo mesmo time.
E caminha para ampliar sua história no São Paulo. É consenso entre os dirigentes que o goleiro se juntará a eles após o fim da carreira -tem contrato até o fim de 2012.


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