|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÔLEI
Festa portuguesa
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
O Mundial da Argentina já
tem a sua maior surpresa:
Portugal, quem diria, já garantiu
lugar entre as oito melhores equipes. Para você ter uma idéia do
que isso representa, a seleção portuguesa de vôlei nunca disputou
uma Olimpíada. No primeiro e
único Mundial do qual participou, em 1956, foi 15ª colocada.
A festa portuguesa tem o auxílio luxuoso de um cubano: Juan
Diaz, que foi técnico da seleção
masculina de Cuba de 1994 a
2000, assumiu o comando de Portugal em 2001. Diaz encontrou
uma geração jovem, talentosa,
mas ainda bem inexperiente.
Na última Liga Mundial, o time
ficou em 15º lugar, mas conseguiu
duas vitórias sobre a Argentina e
uma sobre a Polônia. A revolução
portuguesa aconteceu agora no
Mundial. A equipe eliminou a Espanha, a Polônia e ficou com
uma das vagas do grupo para as
quartas-de-final.
Mas afinal, o que o time português tem de bom? Um dos destaques é o atacante José João, 24
anos e 1,94 m. Até antes de computados os números da rodada de
ontem à noite, era o jogador com
melhor bloqueio do Mundial. Ele
tem a incrível média de um bloqueio por set.
Outro destaque é o levantador
Nuno Pinheiro, de apenas 17 anos
e 1,92 m. Habilidoso, ele tem sido
apontado pelas estatísticas como
um dos quatro melhores na posição, o que não é pouco para um
Mundial que tem Maurício, o
norte-americano Lloy Ball e o iugoslavo Nikola Grbic.
No ataque, o dono da bola é
Gaspar, de 20 anos, 2,00 m e muita força no braço. Ok, Portugal fez
bonito, mas também não deve ir
muito além. É um time, como a
idade dos seus jogadores revela,
para o futuro.
No presente, o que vale é que as
quatro grandes forças continuam
na luta pelo título. Brasil, Iugoslávia, Itália e Rússia. Dos quatro times, o russo é o que tem sofrido
mais. Na primeira fase, perdeu
para a Bulgária e França. Na segunda etapa, sofreu, mas conseguiu vencer a Polônia e a Espanha por 3 sets a 2.
Uma campanha muito irregular para um time apontado como
um dos favoritos ao título. Pelo
que parece, a preparação da Rússia deve ter sido forte para vencer
a Liga, em agosto, e o time não
chegou bem para o Mundial.
Confesso que cheguei a pensar o
mesmo do Brasil quando quatro
titulares se machucaram pouco
antes do Mundial e depois da derrota para os EUA na primeira fase. Mas nos jogos contra República Tcheca e França, a seleção, reforçada por Nalbert, voltou a jogar bem e parece que se acertou.
Para os saudosistas, o Mundial
teve uma baixa significativa já na
primeira fase: os cubanos. Em três
partidas, ganharam só uma da
República Tcheca e foram eliminados. Nos três Mundiais anteriores, Cuba havia ficado entre os
quatro primeiros colocados. Desta vez, acabou em 18º lugar. Um
mergulho no poço.
Há onze meses, o panorama era
bem diverso: os cubanos conquistaram a Copa dos Campeões e
eram apontados como um dos favoritos para o Mundial. Mas em
janeiro, seis jogadores abandonaram a delegação e se refugiaram
na Itália, entre os quais Ihosvany
Hernandez, Dennis, Ramon Gato
e Leonel Marshall.
Resultado: em Cuba, o tempo é
de reconstrução. A nova geração
vai ter de trabalhar muito para
voltar a subir os degraus mais altos do pódio.
Rivalidade
A imprensa esportiva argentina não perde a chance de torcer contra o Brasil. O diário "Olé" é um dos que mais alimentam a rivalidade entre os dois países. Na última segunda-feira, quando a seleção
brasileira foi derrotada pelos EUA, o diário estampou na primeira
página, em sua edição na internet, uma reportagem comemorando a então vitória da Argentina sobre a equipe da China. A matéria
era complementado com a seguinte frase: "Outra boa notícia: o
Brasil perdeu".
Curiosidade
Entre as 24 equipes do Mundial, Cuba e Argentina empatam em
um quesito: são os dois países com maior número de técnicos no
torneio. Três seleções são comandadas por cubanos: Portugal
(Juan Diaz), Venezuela (José David Suarez) e Cuba (Eliseo Ramos). Outras três, por argentinos: República Tcheca (Julio Velasco), Austrália (Jon Uriarte) e Argentina (Carlos Getzelevich).
E-mail cidasan@uol.com.br
Texto Anterior: Tênis: Guga estréia em duplas em torneio francês Próximo Texto: Automobilismo: Brasileiro Da Matta é campeão da Indy Índice
|