São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔLEI

Festa portuguesa

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O Mundial da Argentina já tem a sua maior surpresa: Portugal, quem diria, já garantiu lugar entre as oito melhores equipes. Para você ter uma idéia do que isso representa, a seleção portuguesa de vôlei nunca disputou uma Olimpíada. No primeiro e único Mundial do qual participou, em 1956, foi 15ª colocada.
A festa portuguesa tem o auxílio luxuoso de um cubano: Juan Diaz, que foi técnico da seleção masculina de Cuba de 1994 a 2000, assumiu o comando de Portugal em 2001. Diaz encontrou uma geração jovem, talentosa, mas ainda bem inexperiente.
Na última Liga Mundial, o time ficou em 15º lugar, mas conseguiu duas vitórias sobre a Argentina e uma sobre a Polônia. A revolução portuguesa aconteceu agora no Mundial. A equipe eliminou a Espanha, a Polônia e ficou com uma das vagas do grupo para as quartas-de-final.
Mas afinal, o que o time português tem de bom? Um dos destaques é o atacante José João, 24 anos e 1,94 m. Até antes de computados os números da rodada de ontem à noite, era o jogador com melhor bloqueio do Mundial. Ele tem a incrível média de um bloqueio por set.
Outro destaque é o levantador Nuno Pinheiro, de apenas 17 anos e 1,92 m. Habilidoso, ele tem sido apontado pelas estatísticas como um dos quatro melhores na posição, o que não é pouco para um Mundial que tem Maurício, o norte-americano Lloy Ball e o iugoslavo Nikola Grbic.
No ataque, o dono da bola é Gaspar, de 20 anos, 2,00 m e muita força no braço. Ok, Portugal fez bonito, mas também não deve ir muito além. É um time, como a idade dos seus jogadores revela, para o futuro.
No presente, o que vale é que as quatro grandes forças continuam na luta pelo título. Brasil, Iugoslávia, Itália e Rússia. Dos quatro times, o russo é o que tem sofrido mais. Na primeira fase, perdeu para a Bulgária e França. Na segunda etapa, sofreu, mas conseguiu vencer a Polônia e a Espanha por 3 sets a 2.
Uma campanha muito irregular para um time apontado como um dos favoritos ao título. Pelo que parece, a preparação da Rússia deve ter sido forte para vencer a Liga, em agosto, e o time não chegou bem para o Mundial.
Confesso que cheguei a pensar o mesmo do Brasil quando quatro titulares se machucaram pouco antes do Mundial e depois da derrota para os EUA na primeira fase. Mas nos jogos contra República Tcheca e França, a seleção, reforçada por Nalbert, voltou a jogar bem e parece que se acertou.
Para os saudosistas, o Mundial teve uma baixa significativa já na primeira fase: os cubanos. Em três partidas, ganharam só uma da República Tcheca e foram eliminados. Nos três Mundiais anteriores, Cuba havia ficado entre os quatro primeiros colocados. Desta vez, acabou em 18º lugar. Um mergulho no poço.
Há onze meses, o panorama era bem diverso: os cubanos conquistaram a Copa dos Campeões e eram apontados como um dos favoritos para o Mundial. Mas em janeiro, seis jogadores abandonaram a delegação e se refugiaram na Itália, entre os quais Ihosvany Hernandez, Dennis, Ramon Gato e Leonel Marshall.
Resultado: em Cuba, o tempo é de reconstrução. A nova geração vai ter de trabalhar muito para voltar a subir os degraus mais altos do pódio.

Rivalidade
A imprensa esportiva argentina não perde a chance de torcer contra o Brasil. O diário "Olé" é um dos que mais alimentam a rivalidade entre os dois países. Na última segunda-feira, quando a seleção brasileira foi derrotada pelos EUA, o diário estampou na primeira página, em sua edição na internet, uma reportagem comemorando a então vitória da Argentina sobre a equipe da China. A matéria era complementado com a seguinte frase: "Outra boa notícia: o Brasil perdeu".

Curiosidade
Entre as 24 equipes do Mundial, Cuba e Argentina empatam em um quesito: são os dois países com maior número de técnicos no torneio. Três seleções são comandadas por cubanos: Portugal (Juan Diaz), Venezuela (José David Suarez) e Cuba (Eliseo Ramos). Outras três, por argentinos: República Tcheca (Julio Velasco), Austrália (Jon Uriarte) e Argentina (Carlos Getzelevich).

E-mail cidasan@uol.com.br



Texto Anterior: Tênis: Guga estréia em duplas em torneio francês
Próximo Texto: Automobilismo: Brasileiro Da Matta é campeão da Indy
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.