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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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CICLISMO

Luciano Pagliarini, radicado na Itália, obtém vaga após jejum de 12 anos, mas não tem autorização para viajar

Visto ameaça volta do Brasil ao Mundial

GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao ver Luciano Pagliarini empunhar a bandeira verde e amarela no pódio de uma prova européia, Eric Zabel, premiado ciclista alemão, comentou: "Você é do Brasil? Nunca conheci um brasileiro que corre de bicicleta".
Cenas como essa se tornaram comuns desde 1999, quando um jovem de Arapongas, no interior do Paraná, resolveu tentar a sorte em uma equipe italiana.
Aos 25 anos, porém, quando poderia colher para o país os frutos de suas pedaladas no exterior, Pagliarini esbarrou em uma celeuma com os dirigentes da Confederação Brasileira de Ciclismo.
Seu nome está entre os classificados para o Mundial de Hamilton, no Canadá, que tem início hoje, mas sua participação pode naufragar por problemas burocráticos -o atleta ainda não obteve o visto para viajar.
O Brasil não conseguia emplacar um ciclista no torneio desde 1991. Na oportunidade, Mauro Ribeiro levou sua bicicleta para Stuttgart, na Alemanha, e deixou a cidade com um 58º lugar.
Pagliarini vive em Treviso, norte da Itália, e defende desde 2001 a Lampre-Daikin, uma das 15 melhores equipes do planeta. Ele conta que requisitou à CBC uma carta notificando sua convocação. Pretendia, assim, agilizar o processo no consulado canadense.
"Eles demoraram demais para expedir um documento de 20 linhas. Fui disputar uma prova na França e só voltei hoje [ontem]. Não tive tempo de correr atrás de nada. Acho que esse Mundial já era", afirmou o atleta.
O ciclista teria que rumar amanhã para Veneza, de onde partiria seu vôo para Hamilton. Como última cartada, ele pediu para o diretor esportivo da Lampre interceder e fazer um contato com o consulado canadense, localizado em Milão (300 km de Treviso).
"Se der certo, corro para lá e consigo a autorização. Mas essas coisas nunca são tão simples. Pelo prazo que tenho, acho que minhas chances de competir são mínimas", contou Pagliarini.
A CBC, que deve receber R$ 816 mil de recursos da Lei Piva para a temporada, alega que o atleta deveria ter procurado resolver a situação com mais antecedência.
"Realmente, acho que pode ter ocorrido um atraso no envio da convocação. Mas não podemos levar a culpa. O Luciano sabia desse Mundial há muito tempo e poderia ter buscado seu visto sozinho", contou José Luis Vasconcellos, vice-presidente e diretor técnico da confederação.
A passagem e a estada de Pagliarini no Mundial seriam custeadas com verba da lei. Ontem, Vasconcelos cogitava até cancelar as reservas do hotel no Canadá.
"O tempo agora está contra nós. É uma situação chata, mas preciso admitir que o Brasil corre um sério risco de ficar fora", contou.
Pagliarini está inscrito na prova de resistência (260 km), que será realizada no domingo, derradeiro dia de disputas. O torneio conta pontos na definição dos competidores que tentam classificação para os Jogos de Atenas-2004.


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