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CICLISMO
Luciano Pagliarini, radicado na Itália, obtém vaga após jejum de 12 anos, mas não tem autorização para viajar
Visto ameaça volta do Brasil ao Mundial
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao ver Luciano Pagliarini empunhar a bandeira verde e amarela no pódio de uma prova européia, Eric Zabel, premiado ciclista
alemão, comentou: "Você é do
Brasil? Nunca conheci um brasileiro que corre de bicicleta".
Cenas como essa se tornaram
comuns desde 1999, quando um
jovem de Arapongas, no interior
do Paraná, resolveu tentar a sorte
em uma equipe italiana.
Aos 25 anos, porém, quando
poderia colher para o país os frutos de suas pedaladas no exterior,
Pagliarini esbarrou em uma celeuma com os dirigentes da Confederação Brasileira de Ciclismo.
Seu nome está entre os classificados para o Mundial de Hamilton, no Canadá, que tem início
hoje, mas sua participação pode
naufragar por problemas burocráticos -o atleta ainda não obteve o visto para viajar.
O Brasil não conseguia emplacar um ciclista no torneio desde
1991. Na oportunidade, Mauro
Ribeiro levou sua bicicleta para
Stuttgart, na Alemanha, e deixou
a cidade com um 58º lugar.
Pagliarini vive em Treviso, norte da Itália, e defende desde 2001 a
Lampre-Daikin, uma das 15 melhores equipes do planeta. Ele
conta que requisitou à CBC uma
carta notificando sua convocação.
Pretendia, assim, agilizar o processo no consulado canadense.
"Eles demoraram demais para
expedir um documento de 20 linhas. Fui disputar uma prova na
França e só voltei hoje [ontem].
Não tive tempo de correr atrás de
nada. Acho que esse Mundial já
era", afirmou o atleta.
O ciclista teria que rumar amanhã para Veneza, de onde partiria
seu vôo para Hamilton. Como última cartada, ele pediu para o diretor esportivo da Lampre interceder e fazer um contato com o
consulado canadense, localizado
em Milão (300 km de Treviso).
"Se der certo, corro para lá e
consigo a autorização. Mas essas
coisas nunca são tão simples. Pelo
prazo que tenho, acho que minhas chances de competir são mínimas", contou Pagliarini.
A CBC, que deve receber R$ 816
mil de recursos da Lei Piva para a
temporada, alega que o atleta deveria ter procurado resolver a situação com mais antecedência.
"Realmente, acho que pode ter
ocorrido um atraso no envio da
convocação. Mas não podemos
levar a culpa. O Luciano sabia
desse Mundial há muito tempo e
poderia ter buscado seu visto sozinho", contou José Luis Vasconcellos, vice-presidente e diretor
técnico da confederação.
A passagem e a estada de Pagliarini no Mundial seriam custeadas
com verba da lei. Ontem, Vasconcelos cogitava até cancelar as reservas do hotel no Canadá.
"O tempo agora está contra nós.
É uma situação chata, mas preciso
admitir que o Brasil corre um sério risco de ficar fora", contou.
Pagliarini está inscrito na prova
de resistência (260 km), que será
realizada no domingo, derradeiro
dia de disputas. O torneio conta
pontos na definição dos competidores que tentam classificação
para os Jogos de Atenas-2004.
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