São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

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lição do Pan

Para evitar atrasos, COI falará direto com o governo

Entidade quer que Rio siga exemplo de Londres-2012 e crie agência governamental para cuidar dos Jogos de 2016

Para executivo do comitê, atrasos nas obras em 2007 ocorreram porque Odepa não fazia uma fiscalização sistemática do cronograma

RODRIGO MATTOS
DO ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE

Para evitar atrasos nas obras dos Jogos de 2016, o COI (Comitê Olímpico Internacional) vai lidar diretamente com o governo federal, além do controle que exercerá sobre o comitê organizador do evento. É do conhecimento do COI que houve demora na entrega de sedes esportivas no Pan de 2007.
A informação é do diretor- -executivo de Olimpíadas do comitê, Gilbert Felli, que explicou à Folha como funciona a operação dos Jogos.
"Quando formos ao local, gostaríamos de falar com os membros do governo, não só com o comitê organizador", explicou ele, que quer um membro da União no comitê organizador. "Queremos a apresentação da cidade e do governo."
Por isso, Felli declarou que o primeiro passo deve ser a formação da agência do governo -nos moldes de Londres- -2012- que cuidará dos Jogos. O comitê organizador já existe.
Não descartou ter encontros até com o presidente Lula, dependendo da situação do cronograma de obras. Citou que, acompanhado do presidente do COI, Jacques Rogge, reuniu-se com Vladimir Putin, primeiro-ministro da Rússia, para tratar das obras dos Jogos de Inverno de Sochi-2014.
A partir de janeiro, em encontro com os organizadores locais, o COI traçará o plano geral com cronograma de execução para a Rio-2016.
É política do COI ter participação ativa na execução das Olimpíadas. Para isso, adota procedimentos por etapas.
Primeiro, repassa ao comitê organizador local o seu plano geral para os Jogos. Segundo, educa o comitê local para entender a informação. Terceiro, acompanha a realização de suas instruções. Quarto, se não der certo, envia especialistas ao local para acelerar a execução.
O controle rígido serve para evitar atrasos, como os ocorridos no Pan de 2007. Foram entregues instalações esportivas na última hora, o que prejudicou a realização de eventos- -teste. Felli esteve no Rio.
"Claro [que houve atrasos]. A diferença é que não havia estrutura da Odepa [Organização Desportiva Pan-Americana] para apoiar os organizadores. O Rio teve que fazer tudo sozinho", disse ele, acrescentando que confia no comitê local.
O acompanhamento do COI se dará por conferências telefônicas a cada duas semanas, quando se tornarem mais intensos os preparativos. E haverá visitas periódicas à cidade, possivelmente semestrais.
Segundo Felli, em cada encontro, são checadas 47 funções relacionadas aos Jogos por especialistas do COI e do comitê local para saber se está tudo dentro do prazo.
No cronograma, as primeiras sedes olímpicas a serem entregues serão às dos esportes praticados em campo aberto, como o remo. Nesse caso, tudo terá de ficar pronto um ano antes do evento. O objetivo é testar as instalações sob as mesmas condições meteorológicas da época da competição oficial.
Para o Pan do Rio-2007, o remo sofreu com atrasos nas obras na sua sede na lagoa Rodrigo de Freitas, por conta de disputa judicial relacionada ao tombamento de parte do local.
A filosofia do COI, segundo Felli, é não punir os organizadores por atrasos na obra.
"No contrato, há cláusula em que as partes podem tomar ação contra o parceiro. Mas o COI nunca teve que fazer isso." O contrato padrão dos Jogos prevê que o COI possa adotar medidas para cobrar por prejuízos à realização do evento.


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