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lição do Pan
Para evitar atrasos, COI falará direto com o governo
Entidade quer que Rio siga exemplo de Londres-2012 e crie agência governamental para cuidar dos Jogos de 2016
Para executivo do comitê, atrasos nas obras em 2007 ocorreram porque Odepa não fazia uma fiscalização sistemática do cronograma
RODRIGO MATTOS
DO ENVIADO ESPECIAL A COPENHAGUE
Para evitar atrasos nas obras
dos Jogos de 2016, o COI (Comitê Olímpico Internacional)
vai lidar diretamente com o governo federal, além do controle
que exercerá sobre o comitê organizador do evento. É do conhecimento do COI que houve
demora na entrega de sedes esportivas no Pan de 2007.
A informação é do diretor-
-executivo de Olimpíadas do
comitê, Gilbert Felli, que explicou à Folha como funciona a
operação dos Jogos.
"Quando formos ao local,
gostaríamos de falar com os
membros do governo, não só
com o comitê organizador", explicou ele, que quer um membro da União no comitê organizador. "Queremos a apresentação da cidade e do governo."
Por isso, Felli declarou que o
primeiro passo deve ser a formação da agência do governo
-nos moldes de Londres-
-2012- que cuidará dos Jogos.
O comitê organizador já existe.
Não descartou ter encontros
até com o presidente Lula, dependendo da situação do cronograma de obras. Citou que,
acompanhado do presidente
do COI, Jacques Rogge, reuniu-se com Vladimir Putin, primeiro-ministro da Rússia, para
tratar das obras dos Jogos de
Inverno de Sochi-2014.
A partir de janeiro, em encontro com os organizadores
locais, o COI traçará o plano
geral com cronograma de execução para a Rio-2016.
É política do COI ter participação ativa na execução das
Olimpíadas. Para isso, adota
procedimentos por etapas.
Primeiro, repassa ao comitê
organizador local o seu plano
geral para os Jogos. Segundo,
educa o comitê local para entender a informação. Terceiro,
acompanha a realização de
suas instruções. Quarto, se não
der certo, envia especialistas ao
local para acelerar a execução.
O controle rígido serve para
evitar atrasos, como os ocorridos no Pan de 2007. Foram entregues instalações esportivas
na última hora, o que prejudicou a realização de eventos-
-teste. Felli esteve no Rio.
"Claro [que houve atrasos]. A
diferença é que não havia estrutura da Odepa [Organização
Desportiva Pan-Americana]
para apoiar os organizadores. O
Rio teve que fazer tudo sozinho", disse ele, acrescentando
que confia no comitê local.
O acompanhamento do COI
se dará por conferências telefônicas a cada duas semanas,
quando se tornarem mais intensos os preparativos. E haverá visitas periódicas à cidade,
possivelmente semestrais.
Segundo Felli, em cada encontro, são checadas 47 funções relacionadas aos Jogos
por especialistas do COI e do
comitê local para saber se está
tudo dentro do prazo.
No cronograma, as primeiras
sedes olímpicas a serem entregues serão às dos esportes praticados em campo aberto, como o remo. Nesse caso, tudo terá de ficar pronto um ano antes
do evento. O objetivo é testar
as instalações sob as mesmas
condições meteorológicas da
época da competição oficial.
Para o Pan do Rio-2007, o remo sofreu com atrasos nas
obras na sua sede na lagoa Rodrigo de Freitas, por conta de
disputa judicial relacionada ao
tombamento de parte do local.
A filosofia do COI, segundo
Felli, é não punir os organizadores por atrasos na obra.
"No contrato, há cláusula em
que as partes podem tomar
ação contra o parceiro. Mas o
COI nunca teve que fazer isso."
O contrato padrão dos Jogos
prevê que o COI possa adotar
medidas para cobrar por prejuízos à realização do evento.
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