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IATISMO
Piloto que "atropelou' Grael é indiciado
em Vitória
O empresário Carlos Guilherme
de Abreu e Lima, piloto da lancha
Laguna 1, que "atropelou" o iatista
Lars Grael, foi indiciado ontem sob
acusação de ter causado lesão corporal culposa.
Grael, ganhador de duas medalhas olímpicas, perdeu a perna direita durante o acidente, ocorrido
em 6 de setembro em Vitória (ES).
O inquérito instaurado pela Polícia Civil capixaba chegou ao fim
ontem. De acordo como o delegado José Monteiro Júnior, ficou caracterizado que Abreu e Lima agiu
com negligência e imperícia ao pilotar a lancha. Caso seja condenado, o empresário poderá pegar de
dois meses a um ano de prisão.
O relatório entregue ontem pelo
delegado ao Cartório de Distribuição do Fórum de Vitória será enviado para uma das seis varas criminais da cidade.
Para Monteiro, não houve indícios suficientes para caracterizar
uma ação dolosa (intencional) por
parte do empresário, como era esperado por José Carlos Stein Júnior, advogado da família Grael.
De qualquer forma, segundo
Stein, a família de Grael deverá
mover uma ação indenizatória
contra o empresário cujo valor poderá chegar a R$ 7 milhões.
O delegado afirmou, no entanto,
que a Justiça pode não concordar
com seu parecer ou ratificar o relatório. "A conclusão final é mesmo
da Justiça", disse.
Stein elogiou a conduta do delegado José Monteiro durante todo o
inquérito e afirmou que, apesar de
esperar que o indiciamento do empresário fosse feito por lesão dolosa, respeita a interpretação da autoridade.
"Acho que o delegado presidiu o
inquérito com muito brilhantismo, mas minha posição pessoal
pode ser divergente, e eu prefiro
omitir", declarou.
A advogada de Abreu e Lima, Elisângela Leite Melo, negou que seu
cliente possa ser preso.
"Mesmo que seja condenado a
um ano de prisão, pena máxima
prevista para o crime que lhe está
sendo imputado, e que fique provado que ele estava embriagado, o
que não ocorreu, ele não ficará
preso", afirmou.
Segundo a advogada, seu cliente
jamais poderia ser indiciado de
forma dolosa. "Ele nem sabia que
era Lars Grael quem estava no barco. Como poderia ter tido a intenção de lhe causar algum dano?".
Elisângela disse que em penas de
até quatro anos de prisão o regime
a ser cumprido vai de aberto (cumprimento da pena em liberdade) a
semi-aberto (quando o condenado
apenas dorme na cadeia).
Lima ainda é réu primário e tem
bons antecedentes, o que pode facilitar o estabelecimento de um regime aberto.
Apesar de a Capitania dos Portos
do Espírito Santo já ter divulgado
laudo pericial afirmando que acidente ocorreu por falta de atenção
do piloto da lancha, ela confirmou
que a defesa pediu uma perícia
particular.
Essa perícia deverá ser utilizada
em juízo para mostrar que o empresário poderia não ter visto o
barco de Grael e, portanto, não
também não teria tido como evitar
o acidente. (GLEICE BUENO)
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