São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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VÔLEI

Palmeiras, cujos atletas frequentam grupo de orações, e Suzano, que usa psicólogo, fazem hoje 1ª partida da decisão

Final do Paulista opõe religião e ciência

EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

De um lado, cânticos, leituras bíblicas, testemunhos e orações. Do outro, sessões de terapia, práticas de mentalização e técnicas para aprimorar a concentração.
Esses foram os diferenciais nas rotinas de treinamento dos atletas do Palmeiras/Guarulhos e do Wizard/Suzano, que iniciam hoje, às 20h30, no Paulo Portela, em Suzano, a série melhor de três que define o Paulista masculino de vôlei.
A equipe da capital, que mantém parceria com a cidade de Guarulhos há três anos e meio, tem a religião como principal fator de motivação psicológica.
Os grupos de oração formados por fiéis da igreja Nossa Senhora do Rosário, na Pompéia, são frequentados por seis jogadores da equipe -Talmo, Pascoal, Maurício, Alberto, Vitão e Fábio. Os quatro últimos foram crismados há duas semanas. As atividades dos grupos de oração incluem cânticos, orações e testemunhos.
"Nosso psicólogo é Deus", explica o levantador Talmo, cuja mensagem em seu telefone celular menciona a "paz de Jesus". "Antes, era muito temperamental. Se errava bola, me desesperava. Agora, quando erro, vou para a próxima. Deus me consola."
O jogador aponta também benefícios extraquadra. "Em vez de ir para as baladas e nos desgastar depois dos jogos, ficamos no hotel estudando a Bíblia", conclui o atleta, que integrou a seleção na conquista do ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona-1992.
"Apesar de não haver vaidades na equipe, essa atividade em conjunto ajuda [na união do time]", completa o ponta Maurício.
Já o Suzano, que tenta voltar ao lugar mais alto do pódio do Estadual após dois anos, escolheu métodos mais convencionais para lapidar a mente dos jogadores.
Atletas e comissão técnica intensificaram, às vésperas da final, o trabalho de psicologia aplicada ao esporte, que é executado com o grupo desde o início do ano.
"Fazemos sessões e terapias semanais para melhorar a concentração, o espírito de liderança e a motivação. Isso influencia muito antes de uma final", contou o médico Neil Hamilton Negrelli Júnior, responsável pela preparação psicológica dos jogadores.
Até o sisudo e assumidamente pragmático técnico da equipe, Ricardo Navajas, resolveu participar de algumas sessões e percebeu algumas melhoras no elenco.
"Os jogadores estão se cobrando mais, confiando mais uns nos outros. Mas é lógico que só isso não é suficiente. Precisamos também atentar para outros detalhes técnicos e físicos para vencermos o Palmeiras", disse o técnico, que triunfou sete vezes no Estadual no banco de reservas do Suzano.
Navajas confessa que até sua postura na quadra se alterou após as palestras. "Estou melhorando meu relacionamento com os atletas. Sou um líder e preciso sempre conciliar o grupo", revela.
Apesar dos benefícios que a preparação psicológica trouxe ao time, Navajas crê que o Palmeiras do técnico Jarbas Ferreira leva vantagem na luta pelo título. "Nas semifinais, ganhamos o reforço do Giovane, que defendeu o Brasil no Mundial. Mas ele chegou em um ritmo diferente do resto do grupo. O detalhe do entrosamento pode definir o campeão."
Se os confrontos entre as equipes na primeira fase servirem como base, os detalhes realmente serão fundamentais na decisão.
As duas partidas foram arrastadas até o quinto set -cada equipe registrou uma vitória.


NA TV - Sportv, ao vivo, a partir das 20h30



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