São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2010

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Garotas de programa estão no grid

F-1
Movidas por dinheiro ou chance de fama, elas estão no autódromo, em hotéis e camarotes

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

Sorriso fácil, olhar provocante. Com vestidos curtíssimos ou macacões que emolduram seus corpos, centenas de mulheres enfeitam a F-1.
No alto de seus saltos, elas estão por todo canto: no grid, nos camarotes, nos hotéis.
Na semana do GP Brasil, em Interlagos, elas agradam a todos os olhos, desde os mais até os menos famintos.
Só não são bem-vistas por elas mesmas. Ou melhor, pelas companheiras de trabalho, e não de profissão.
Movidas pelo dinheiro (dito) fácil ou pela possibilidade de acesso (rápido) à fama, as garotas de programa invadiram o mundo da F-1.
Antes relegadas ao entorno do autódromo e restritas às casas noturnas, agora elas querem fazer parte do show.
Um dos fatores que podem ter contribuído para essa migração foi a "limpeza" iniciada pelo prefeito Gilberto Kassab nos últimos anos, com a proibição de propaganda escancarada e o fechamento de famosas casas noturnas.
A chamada profissão mais antiga do mundo não se acomodou justamente na semana de maior público da temporada. Elas migraram.
Quem revela a concorrência são as recepcionistas e as modelos que trabalham em eventos como a F-1 há anos.
"Os homens já olham para nós com olhos de desejo. A menina precisa se impor se não quiser. Mas muitas se iludem com o dinheiro fácil", revela Luciane (nome fictício), mãe, que neste ano foi agenciada para ser recepcionista bilíngue em hotel.
"Tem de tudo. Tem piriguete, tem modelo, tem recepcionista. Cada menina tem sua história, suas contas para pagar", declara a modelo Isabela (nome fictício), que é solteira e foi contratada por uma multinacional.
Quem são as piriguetes?
"As garotas de programas", responde, direta. "E já são uns 60%. Estão aumentando. Eu trabalho com eventos, é a minha profissão. Mas há muita mulher sem respeito próprio", ataca.
No GP Brasil, cada recepcionista recebe em média de R$ 300 por dia. Elas trabalham de quinta a domingo, em pé, por até 12 horas. O auge é ser uma das "grid girls".
"Tem famosa que era recepcionista. É a fama, no fim, todas querem fama", diz Isabela. O pensamento é similar ao de outra recepcionista. "A menina acha que vai se casar com famoso, que vai virar "star". Eu trabalho porque gosto, mas essas meninas atrapalham quem é sério."
As agências são responsáveis por contratá-las para as empresas. A organização do GP Brasil não se envolve.
Segundo uma recepcionista, certas agências fazem até "lista rosa", com o nome das garotas que fazem programa.
Uma das agenciadoras que trabalha com a F-1, Edileine Mantovani diz que há certo exagero nos ataques.
"Na minha agência, sei que não tem. Garota de programa não aguenta ficar em pé por dez horas, não tem postura para ficar no salto", diz, mas, a seguir, admite:
"Claro que a F-1 e o Salão do Automóvel agitam esse mercado. Mas tem garota de programa em todo lugar. O que há é preconceito com as recepcionistas. Folclore".


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