|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Garotas de programa estão no grid
F-1 Movidas por dinheiro ou chance de fama, elas estão no autódromo, em hotéis e camarotes
MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
Sorriso fácil, olhar provocante. Com vestidos curtíssimos ou macacões que emolduram seus corpos, centenas
de mulheres enfeitam a F-1.
No alto de seus saltos, elas
estão por todo canto: no grid,
nos camarotes, nos hotéis.
Na semana do GP Brasil,
em Interlagos, elas agradam
a todos os olhos, desde os
mais até os menos famintos.
Só não são bem-vistas por
elas mesmas. Ou melhor,
pelas companheiras de trabalho, e não de profissão.
Movidas pelo dinheiro (dito) fácil ou pela possibilidade
de acesso (rápido) à fama,
as garotas de programa invadiram o mundo da F-1.
Antes relegadas ao entorno do autódromo e restritas
às casas noturnas, agora elas
querem fazer parte do show.
Um dos fatores que podem
ter contribuído para essa migração foi a "limpeza" iniciada pelo prefeito Gilberto Kassab nos últimos anos, com a
proibição de propaganda escancarada e o fechamento de
famosas casas noturnas.
A chamada profissão mais
antiga do mundo não se acomodou justamente na semana de maior público da temporada. Elas migraram.
Quem revela a concorrência são as recepcionistas e as
modelos que trabalham em
eventos como a F-1 há anos.
"Os homens já olham para
nós com olhos de desejo. A
menina precisa se impor se
não quiser. Mas muitas se iludem com o dinheiro fácil",
revela Luciane (nome fictício), mãe, que neste ano foi
agenciada para ser recepcionista bilíngue em hotel.
"Tem de tudo. Tem piriguete, tem modelo, tem recepcionista. Cada menina
tem sua história, suas contas
para pagar", declara a modelo Isabela (nome fictício),
que é solteira e foi contratada
por uma multinacional.
Quem são as piriguetes?
"As garotas de programas", responde, direta. "E
já são uns 60%. Estão aumentando. Eu trabalho com
eventos, é a minha profissão.
Mas há muita mulher sem
respeito próprio", ataca.
No GP Brasil, cada recepcionista recebe em média de
R$ 300 por dia. Elas trabalham de quinta a domingo,
em pé, por até 12 horas. O auge é ser uma das "grid girls".
"Tem famosa que era recepcionista. É a fama, no fim,
todas querem fama", diz Isabela. O pensamento é similar
ao de outra recepcionista. "A
menina acha que vai se casar
com famoso, que vai virar
"star". Eu trabalho porque
gosto, mas essas meninas
atrapalham quem é sério."
As agências são responsáveis por contratá-las para as
empresas. A organização do
GP Brasil não se envolve.
Segundo uma recepcionista, certas agências fazem até
"lista rosa", com o nome das
garotas que fazem programa.
Uma das agenciadoras
que trabalha com a F-1, Edileine Mantovani diz que há
certo exagero nos ataques.
"Na minha agência, sei
que não tem. Garota de programa não aguenta ficar em
pé por dez horas, não tem
postura para ficar no salto",
diz, mas, a seguir, admite:
"Claro que a F-1 e o Salão
do Automóvel agitam esse
mercado. Mas tem garota de
programa em todo lugar. O
que há é preconceito com as
recepcionistas. Folclore".
Texto Anterior: Super Poderosas Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros
|