São Paulo, Terça-feira, 07 de Dezembro de 1999


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BASQUETE NO MUNDO
Os sem-aro

MELCHIADES FILHO

"Caro Melk,
Meu nome é Jean, tenho 25 anos e sou fã da sua coluna da Folha. Tenho um problema relacionado ao basquete e esperança de que você me ajude, já que esgotei as minhas possibilidades.
Tenho uma série de amigos que já jogaram basquete por muito tempo, assim como eu. Gostaríamos de nos reunir semanalmente para jogar, se divertir e até para voltar a treinar um pouco.
O problema é que não encontramos nenhuma quadra de basquete em São Paulo. Só existe de futebol e de vôlei.
Aliás, seria um tema para você discutir na coluna, desculpe a intromissão. Como o basquete pode crescer num país em que não há quadras para a prática?
Obrigado pela atenção e parabéns pelo trabalho. Sucesso."
Não tem jeito, Jean. São Paulo possui hoje cerca de 10 milhões de habitantes. Ainda bem que os "basqueteiros" de fim-de-semana, como você e eu, representam uma minoria irrelevante, desaparecendo da cidade junto com o nosso esporte do coração. Fosse o contrário, quanta tristeza.
Sim, pois a Federação Paulista e a prefeitura mostram quadros cada vez mais pessimistas para o sujeito que quiser bater uma "pelada" de última hora.
Em toda a metrópole, informam as "autoridades", há somente duas quadras gratuitas, alegadamente em condições decentes de abrigar uma partida de basquete. Repito, apenas duas! Uma fica na Vila Clementino (Centro Educacional e Esportivo Mané Garrincha), a outra está na Vila Alpina (CEE Arthur Friedenreich).
Segundo a Secretaria de Esportes do município, existem ainda 12 CEEs com piso, tabelas e cestas em ordem. O "detalhe" é que, nesses locais, o interessado vai precisar levar a mão ao bolso -os preços da hora de aluguel variam de R$ 10 a R$ 50.
Imagino, é claro, que devam existir outros quintais esburacados, abertos ao público por aí afora. No parque Ibirapuera, mesmo com tabelas escangalhadas, recordo-me, as filas de sábado tinham proporções épicas no início da década (ainda continua assim, aliás?).
Mas o fato é que a prática apropriada do basquete hoje se restringe a clubes (mensalidades, carteirinhas...), escolas (fechadas à comunidade...) e playgrounds de bacana (...).
No improviso, meu chapa, aquele lance de juntar um grupo na última hora, vai ser muito difícil rolar alguma coisa.
Eu mesmo já desisti. Hoje me dedico exclusivamente a torneios de enterrada no batente superior da porta do corredor (momento Kobe Bryant), a desafios com bolinhas de papel nas latas de lixo da Redação (sou Demétrius, mão-dura como ele...) e a arremessos em direção ao teto da sala, com o corpo deitado no chão (sou um Dennis Rodman, que demência...). Completamente fora de forma, vou aparar as unhas para estrear um videogame.

E-mail melk@uol.com.br



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