São Paulo, Terça-feira, 07 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Edílson revela bastidores do racha interno vivido pelo grupo, negado pelo técnico Oswaldo de Oliveira
Corinthians é salvo por pacto de paz

MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local

Um racha interno, provocado por uma ""guerra de vaidades", quase custou a eliminação do Corinthians no Brasileiro-99.
A revelação foi feita ontem pelo atacante Edílson, contradizendo o técnico Oswaldo de Oliveira, que insiste em negar que o time tenha passado por conflitos em razão da desunião do grupo.
O problema só foi superado na preleção do primeiro jogo das semifinais, contra o São Paulo, depois que Edílson, o ""pomo de discórdia" do grupo, se desculpou diante de todos os jogadores, selando um pacto de paz.
As dificuldades -e o susto- que o time passou para eliminar o Guarani nas quartas-de-final do campeonato, depois de terminar a primeira fase na liderança, motivaram o pacto.
Na primeira partida (0 a 0), o domínio foi do Guarani. Na segunda (2 a 0 para o Corinthians), o Guarani teve um gol anulado e reclamou de um pênalti não marcado, causando preocupação nos corintianos, apesar do resultado. Na terceira (1 a 1), a tensão aumentou ainda mais, principalmente quando o time soube que teria o São Paulo pela frente.
""Na preleção para o primeiro jogo das semifinais, senti que o clima estava ruim e pedi a palavra ao Oswaldo. Me desculpei com o Rincón, com quem não conversava desde abril, e pedi a todos que deixassem as mágoas de lado. Isso nos uniu e nos deu força", afirmou Edílson em entrevista a uma emissora de rádio.
A briga com Rincón, segundo ele, ocorreu em Cochabamba, na Bolívia, onde o Corinthians foi enfrentar o Jorge Wilsterman, pela Libertadores da América, no dia 14 de abril deste ano.
""Ficamos todo esse tempo sem conversar. Nosso relacionamento era apenas profissional, dentro de campo", disse.
O problema de relacionamento no grupo, de acordo com o atacante, se agravou com o silêncio decretado à imprensa nas quartas-de-final, aumentando a divisão interna que já se verificava.
""Colocaram o Vampeta e eu como os cabeças da greve. A gente tem liderança, sim, mas foi uma decisão conjunta", afirmou.
Para ele, o mérito da classificação do time à segunda final consecutiva do Brasileiro deve ser atribuído ao técnico Oswaldo de Oliveira, que ""soube segurar as feras". ""É difícil comandar um grupo como esse. Existem vaidades, personalidades diferentes. O técnico tem de ter capacidade para controlar a situação."
Edílson lembrou que, quando defendia o Palmeiras (1993 e 1994), chegou a ficar quase um ano sem falar com Evair. ""Briguei também com o Edmundo. Aprendi que é preciso união para conquistar um título tão importante como o Brasileiro."
Oliveira nega o clima de desunião apontado por Edílson, que quase acabou comprometendo o seu trabalho de treinador.
""Esse negócio de equipe desunida são controvérsias de pessoas que ficaram descontentes com a "greve do silêncio" decretada pelos jogadores. Um time desunido não chega aonde chegamos", afirmou.
E ainda insistiu, ao ser questionado se a classificação do time à final do Brasileiro em apenas dois jogos, eliminando a possibilidade de um terceiro, seria uma prova da união do grupo: ""Não é prova porque o Corinthians não precisava provar nada".
Oliveira, que aproveitou o dia de ontem para descansar, decide hoje, na reapresentação do grupo, no Parque São Jorge, se voltará a isolar a equipe para a preparação para as finais.
Embora tenha elogiado a concentração de quatro dias em Barueri na semana passada, Oliveira está repensando a idéia de ficar no centro de treinamento de propriedade do diretor de futebol do Corinthians José Roberto Guimarães, o Sportville, preocupado com o desgaste de sua imagem.
O técnico vai enviar um ""espião" ao jogo entre Vitória e Atlético-MG, amanhã, na Bahia, para analisar o próximo adversário.


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