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BOXE
Politicamente incorreto
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O "assassino do leste",
Larry Holmes, não foi só
campeão dos pesados. Holmes foi
também o campeão do politicamente incorreto. Antes de sua 49ª
luta, quando igualaria o recorde
de Rocky Marciano, Holmes caiu
na besteira de dizer, durante uma
entrevista -e na presença de parentes do ex-campeão-, que
"Marciano não tinha categoria
para carregar minha coquilha".
Detalhe, Marciano não pôde se
defender, nem verbalmente, pois
havia morrido décadas antes.
Causou tamanho mal-estar a
declaração de Holmes, que seu
treinador, Richie Giachetti, lançou-lhe um olhar de reprovação.
É possível que a atitude de Holmes tenha influenciado os jurados, pois Holmes perdeu aquele
combate para Michael Spinks em
uma decisão bastante polêmica.
Também afirmou que "as pessoas que amariam vê-lo sendo
derrotado poderiam beijar o lugar onde a luz do Sol não atinge".
Após perder para "Iron" Mike
Tyson por nocaute em quatro assaltos em 1988, após retornar da
aposentadoria, Tyson elogiou
Holmes ao afirmar que não teria
chance contra ele se o combate tivesse sido alguns anos antes.
A resposta de Holmes? "Que você [Tyson" seja muito feliz com
sua carreira, mas vai se f..." Na
mesma ocasião, ao ser questionado se lamentava o resultado da
luta, afirmou que "iria rir durante todo o caminho para o banco".
Mas Tyson também foi autor de
algumas belas pérolas. Sobre
Tyrell Biggs, a quem teria "poupado" até o sétimo assalto para
castigá-lo, em 1988, Tyson disse:
"Toda vez que bati em seu corpo
ele gemeu como uma mulher".
E quando dominava a cena em
seu primeiro reinado, Tyson perguntou: "Como eles [seus oponentes" ousam me desafiar com sua
habilidade pré-histórica?".
Muhammad Ali foi odiado por
afirmar, ao se recusar a servir no
Vietnã, que "nenhum vietnamita
me chamou de tição". Hoje, é ídolo indiscutível. Jack Johnson, o
primeiro campeão negro dos pesados, em 1908, também foi odiado. Seu crime? Manter relacionamentos com brancas (ele foi preso
por transportar de um Estado a
outro uma delas -sua mulher).
O último lutador a atrair a ira
das massas foi o australiano Anthony Mundine, muçulmano.
Muitos interpretaram sua declaração de que "foram os EUA
que provocaram os atentados terroristas de 11 de setembro" como
um elogio ao terror. (Não seria
apenas a explicação dele para o
fato?) Como punição, foi retirado
do ranking do CMB. No último
sábado, perdeu por nocaute em
dez assaltos para o alemão Sven
Ottke, pelo título da FIB. Pode ser
que não receba outra chance.
Muitos podem se espantar, mas
foi recebido como herói no aeroporto na Austrália. Após a repercussão de suas declarações, Mundine não negou que havia dito
aquilo. Apenas disse que sua frase
foi retirada do contexto.
Por outro lado, o supermédio
Omar Sheika, também muçulmano, que em entrevista condenou
os terroristas, deixou de subir ao
ringue usando roupas árabes e
abandonou um apelido que remetia à sua ascendência árabe.
Pior, no início do ano desafiava
o judeu Dana Rosemblatt a cada
momento, usando para isso argumentos que contrapunham suas
religiões, mas após os atentados
"apagou" isso de seu passado.
O que é pior? Quem colaborou
mais com o sentimento de intolerância e é mais hipócrita?
Brasil 1
Popó e Joel Casamayor participaram na terça-feira de entrevista
promocional com a usual troca de provocações: blablablá.
Brasil 2
O primeiro do ranking da AMB, o mongol Lakva Sim, possível futuro adversário de Popó caso o brasileiro tome o título de Casamayor, luta no dia 27 de janeiro, no Japão.
Brasil 3
Floyd Mayweather, outro rival em potencial de Popó, foi aprovado
como próximo adversário do campeão dos leves do CMB, o mexicano Jose Luis Castillo. Se vencer, terá 15 dias para decidir se permanece entre os leves ou mantém o cinturão dos superpenas.
Brasil 4
Os paulistas venceram o desafio com o Chile na terça por 4 a 1.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
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