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FUTEBOL
A moda que veio da Cornuália
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Caro leitor, adorada leitora, desde que o rei Arthur
reuniu 12 cavaleiros em torno de
uma távola circular, este móvel
tornou-se uma verdadeira obsessão da humanidade. Primeiro,
como objeto de decoração. Depois, como um sinônimo de debates acalorados sobre futebol, as
chamadas mesas-redondas. Hoje
em dia, só na TV aberta, temos os
programas das duplas Kfouri-Kajuru e Lang-Avallone -o convescote da Gazeta-, o "Cartão Verde", o "Super técnico" (agora com
Alberto Helena) e o caçula da turma, o novo programa do Milton
Neves.
Eu, confesso, sou um fã desse tipo de programa: gosto daquele
clima de debate-de-bar, das gozações e daquelas discussões tão
verdadeiras quanto golpes de luta
livre. Acho graça nisso tudo, o que
não me impede, no entanto, de
querer virar a mesa.
Não, não vou sugerir que se
acabe com esse tipo de programa.
Longe disso! O que pretendo é dar
aqui algumas sugestões para o
aperfeiçoamento da fórmula.
Não é porque uma coisa é boa que
não pode ficar maravilhosa.
Assim sendo, deixo aqui algumas possíveis variações que bem
poderiam melhorar nossas noites
de domingo.
1) Cama-redonda: a maioria
desses programas tem a discreta,
mas eficiente, participação de
uma mulher de belas formas. Por
que não fazer, então, uma mesa-redonda só com garotas como
Luize Altenhofen, Mari Alexandre, Ellen Rocche e as Sheilas?
Penso que, como uniforme, elas
deveriam vestir shorts minúsculos
e tops esvoaçantes. Talvez as análises não resultassem muito profundas, mas quem iria ligar para
isso? E, para que não me chamem
de sexista, proponho também, para as apreciadoras de futebol, um
programa com Paulos Zulus e
Alexandres Frotas.
2) Escrivaninha-redonda: para
os que gostam de análises sofisticadas, sugiro um programa só
com acadêmicos graduados nas
mais diferentes áreas do conhecimento. Tudo bem, não seria muito divertido, mas quem não gostaria de ver, só para variar, uma
discussão do mito do eterno retorno em relação a mais uma volta
do Candinho para a Lusa? Ou um
professor-doutor perguntando a
um zagueiro: "Então, Pé-de-cabra, você não acha que esse seu
gol pode ter uma leitura nietzscheana, um quê de afirmação do
caos dionisíaco contra o etos da
hierarquia apolínea?".
3) Mesa-branca-redonda: como boa parte dessas discussões se
ocupa do futurismo, acho que seria muito oportuno fazer um programa só com explicações místicas para os resultados e previsões
para as próximas partidas feitas
por tarólogos, numerólogos, astrólogos, pais-de-santo etc. Será
divertido ver gurus atirando turbantes uns nos outros, fazendo
guerrinha de búzios e xingando-se de "capricorniano sem caráter"
ou "leonino selvagem!".
E não precisamos parar por aí.
Podemos ter uma mesa-redonda
transmitida de um boteco, cheia
de brigas de verdade e palavrões;
uma de católicos, com o padre
Marcelo pulando feito pipoca, outra de evangélicos, com coleta eletrônica no final; uma só com políticos (tendo o cuidado de deixar
José Serra e Tasso Jereissati bem
distantes); uma só com surdos-mudos, que gesticulariam todos
ao mesmo tempo no momento de
discussão etc.
Seria a consagração do gênero,
a glória para o rei Arthur (que, ao
que consta, nem gostava tanto assim de futebol).
São Caetano
Enganou-se quem pensava
que a classificação do Azulão
seria a mais fácil de todas (inclusive eu).
Atlético-PR
É um time com personalidade, rapidez e alguns jogadores que fazem a diferença.
Mereceu vencer o São Paulo.
Atlético-MG
A melhor passagem para as
semifinais, o que dá muito
moral para o próximo duelo.
Fluminense
Foi um jogo dramático, desses sobre o qual Nélson Rodrigues escreveria um tratado psicossocialfutebolístico.
E a Ponte Preta novamente
morreu na praia.
CPI
Os semifinalistas que me perdoem, mas a aprovação do
relatório foi a vitória mais importante da semana. Talvez
do ano. Talvez da década.
E-mail: torero@uol.com.br
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