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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Melhores do mundo

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Zidane e Ronaldo são os jogadores que mais me encantam. Não sei qual é o melhor, já que atuam em posições diferentes. Porém votaria no Roberto Carlos para o melhor do ano. Ele ainda não recebeu esse título da Fifa. Os defensores precisam ser mais valorizados. Defender bem não é tão bonito, mas é também uma arte. Roberto Carlos é ótimo na defesa, no apoio e no ataque.
Os três craques não são perfeitos. Ronaldo não cabeceia e nem se antecipa bem aos zagueiros nos cruzamentos. O que lhe falta é a maior qualidade dos outros artilheiros. Já imaginou se ele cabeceasse bem num time que tem dois dos melhores cruzadores do mundo, Beckham e Figo? Ronaldo é muito mais que um artilheiro. Faz o que outros não fazem. É original, fantástico. Há outros atacantes excepcionais, como Schevchenko, Henry e Van Nistelrooy, mas nenhum se compara ao Fenômeno. Além do talento, é forte e veloz. O "gordinho" chega sempre à frente dos zagueiros.
Zidane é disparado o melhor armador e o jogador mais elegante do mundo. Porém faz poucos gols. Se ele finalizasse bem de fora da área como Rivaldo, seria tão bom quanto Platini, um dos maiores jogadores da história.
Roberto Carlos é um superlateral, mas não cruza tão bem como Beckham, Figo, Alex e Arce. Nem tem muita habilidade para driblar em pequenos espaços.
Só Pelé foi perfeito. Mas se o Rei jogasse hoje num clube brasileiro, alguém diria que ele não é tão espetacular porque não joga num dos grandes da Europa. Nem seria eleito o melhor do mundo. Talvez perdesse para o Henry.

Situações diferentes
Para o próximo Campeonato Brasileiro por pontos corridos melhorar, ser mais emocionante e rentável, será fundamental que mais equipes disputem o título até as últimas rodadas. Para isso, é necessário planejar com antecedência, trabalhar com seriedade e competência e não trocar tanto de técnico e de jogadores.
Os atletas continuarão saindo. O Brasil é um país pobre. Por ter melhor estrutura profissional, o Cruzeiro poderá manter ou até reforçar o elenco. Fala-se muito na ida do Renato, do Santos, para o time mineiro. Corre-se riscos de aumentar a diferença do Cruzeiro para os demais. Isso não será bom para o futebol. A solução é descobrir talentos nas categorias de base e nas pequenas equipes, como fizeram Santos e Cruzeiro.
O futebol brasileiro vive nova realidade. Aos poucos, vai acabar a farra dos clubes que gastam mais do que podem, que assumem compromissos e não pagam, de dirigentes que não se sentem responsáveis por seus atos, que se perpetuam no poder e que aproveitam a posição para se elegerem em cargos públicos, sem terem condições. Os torcedores estão aprendendo a diferenciar uma coisa da outra. Ainda bem.

Animal 2
Qualquer pessoa, atleta ou não, em algum momento da vida age impulsivamente, comete agressões físicas ou verbais e às vezes se arrepende. Alguns não conseguem conter os "nervos" e repetem as condutas. Quando isso passa a ser um hábito, como acontece com Luis Fabiano, há muitas perdas pessoais e profissionais, mas também ganhos, conscientes e ou inconscientes.
Se os clubes, imprensa e torcedores aprovarem esse comportamento (alguns atletas são elogiados pela bravura e raça) ou tolerarem o jogador como um bom menino rebelde, bem-intencionado mas nervoso, esses atletas vão se achar diferentes e passarão a curtir a fama de indisciplinados. Aí será mais difícil mudar.
Nas entrevistas, sorrindo e com a fala mansa, esses jogadores dizem que estão arrependidos e que vão mudar. Alguns tentam, mas não conseguem. O impulso é mais determinante do que a razão. Uma coisa é saber o que se deve fazer. Outra é incorporar essa conduta, transformá-la num forte desejo e praticá-la.
Nos gramados, o atacante do São Paulo repete a trajetória de Edmundo, um ótimo jogador que tinha tudo para ser muito melhor do que foi. Luis Fabiano é o Animal 2. O segundo filme costuma ser pior e menos interessante.

Pirataria
Escrevo somente para jornais, na quarta-feira e no domingo. Não são meus textos ou frases que aparecem na internet.
A não ser que sejam reproduções das minhas colunas, publicadas na íntegra pelos sites dos jornais que escrevo.

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