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CBF aumentou público do Nacional com "fantasmas"
Entidade fez contas com ingressos
e contabilizou 370 mil torcedores que não passaram pelos estádios
EDUARDO OHATA
DO PAINEL FC
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O público do Campeonato Brasileiro-05 foi inflado com quase
400 mil torcedores que não passaram nem perto dos estádios.
Isso porque a CBF contabilizou
na sua estatística todos os ingressos comprados pela Nestlé. Só
que nem todos esses bilhetes foram adquiridos pelos clientes da
empresa, que trocavam os ingressos por produtos alimentícios.
Segundo a Nestlé, foram trocados 930 mil ingressos, ou 370 mil a
menos do que a CBF lançou nos
borderôs das quase 80 partidas
que a multinacional comprou. A
diferença representa 6,3% do total
de público pagante, de 5.895.912.
Esse número pode ser maior, já
que não necessariamente quem
pegou o ingresso foi ao estádio.
A assessoria da empresa considera normal o encalhe de ingressos em alguns jogos. Dá como
exemplo um jogo em Caxias do
Sul no inverno, com temperatura
negativa. Se o público real fosse
considerado, a média do Nacional, de 13,7 mil torcedores, cairia
para 12,8 mil. Assim, a edição não
seria a de melhor bilheteria do século -a de 2002 teve 12,9 mil.
Em alguns casos, a diferença entre os torcedores dos borderôs e o
público real foi imensa. Jogos do
São Caetano e do Vasco são os
maiores exemplos dessa situação.
No confronto do clube do Grande ABC contra o Coritiba, por
exemplo, foram contabilizados
9.800 ingressos, a carga comprada
pela Nestlé. Mas a empresa só trocou 2.236 cupons por seus produtos. Sobra maior aconteceu no
duelo Vasco x Paysandu, em São
Januário. Das 20 mil entradas lançadas no borderô, só 3.027 acabaram nas mãos dos torcedores.
Comemorando a marca de quase 1 milhão de trocas em seus jogos, o que rendeu quase 350 toneladas de seus produtos doados
para instituições de caridade, a
Nestlé quer continuar com a promoção na próxima edição.
"O índice de notoriedade ajudou no giro, na imagem da empresa. Estamos muito satisfeitos
com os resultados deste ano", diz
Mário Castellar, diretor de comunicação e serviços de marketing
da multinacional de origem suíça,
que já iniciou negociações para
renovar o contrato.
Os valores pagos pela empresa
variaram. Em alguns casos, especialmente o do Corinthians, o
acordo não foi um bom negócio.
Pelos jogos que comprou do clube, a Nestlé pagou R$ 150 mil, o
que não chega à metade da média
de arrecadação do time.
Já para equipes do porte do São
Caetano a promoção foi ótima. O
clube chegou a ganhar R$ 62 mil
da Nestlé em cada um de seus jogos, ou mais do que o dobro da
sua bilheteria média no torneio.
Fábio Koff, presidente do Clube
dos 13, quer que o acordo continue. "Pretendemos que a promoção em 2006 seja desde a primeira
rodada [neste ano, começou na
sétima], com a possibilidade de
negociar parte dos ingressos."
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