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TÊNIS
Simpatia, quase amor
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Jose-Luis Clerc. Na época
em que eu, criança, começava
a consumir tênis, era esse o nome
que me chamava a atenção, por
razões que jamais descobriria.
Obviamente John McEnroe,
Jimmy Connors e Bjorn Borg
eram mais presentes na TV. Mas
como não torcer, sem saber o motivo, para Jose-Luis Clerc quando
era anunciado nos torneios por
aqui, Guarujá, por exemplo?
Anos depois, a mesma reação
com Gabriela Sabatini. Ainda
moleque, era difícil escolher uma
tenista que, quase sempre, perdia
na final (várias finais) para a tal
Steffi Graf. Mas isso não fazia diferença. Por causa de Sabatini,
cresci com rejeição a Graf (talvez
o único jogo em que desejei vê-la
vencedora foi a final de Roland
Garros-99, ante Martina Hingis,
quando a suíça "barbarizou").
Ver Sabatini bater Graf na final
do Aberto dos EUA-90 foi um dos
maiores prazeres esportivos que
experimentei enquanto morava
nos EUA naquele ano. Quando tive a primeira chance de, já jornalista, entrevistar Sabatini, "gastei" mais da metade do papo para
lembrar desse jogo. Obviamente a
entrevista não rendeu -por culpa exclusivamente minha, diante
da simpatia da atleta.
Em outro caso, há apenas três
anos, via Gustavo Kuerten enfrentar Guillermo Coria no Torneio da Costa do Sauípe. Manhã
de sol, calor insuportável, torcida
fanática, jogo equilibrado, disputa de título. Guga chegou a salvar
um match point, virou uma partida fantástica e, após quase três
horas, ficou com o troféu.
A conversa pós-jogo de Kuerten
com os jornalistas foi só euforia. A
entrevista oficial de Coria caminhava para uma mera formalidade quando perguntei a ele, em
bom português, se os juízes de linha não haviam errado demais.
Coria, simpático, sorriu ironicamente. "Erraram bastante. Tive
de engolir." Perguntei o que achara da torcida: "Tive medo, não
pude reagir". Um colega tentou
amenizar o papo ao dizer que os
brasileiros não estavam acostumados com tênis. Coria rebateu:
"Quem me chamava de "argentino de merda" e "filho da puta"
eram torcedores perto da quadra,
pessoas com certo nível cultural".
Todos foram embora considerando aquilo choro de perdedor;
eu achava que Coria tinha razão.
Mais: que viraria top ten e não
desejaria mais jogar por aqui. Infelizmente deu no que deu...
Lembrei disso tudo porque recentemente alguns leitores tiveram a impressão de que eu "detesto, desprezo e não dou valor"
aos tenistas argentinos -naquela semana, escrevi que Federer
"deixou o caminho aberto" para
Nalbandian levar o Masters.
Nada tenho contra Nalbandian, argentinos, russos, iraquianos, iranianos, brasileiros ou
americanos. Ainda hoje admiro
Clerc, Sabatini e Coria. Coincidentemente, são argentinos.
Também admiro Patrick Rafter,
Goran Ivanisevic, Pete Sampras,
Stefan Edberg, Mahesh Bupathi,
Roger Federer, Rafael Nadal, australiano, croata, americano, sueco, indiano, suíço, espanhol, respectivamente, entre outros.
Deve ser porque são excelentes
tenistas, independentemente de
suas nacionalidades. Desconfio.
Programão
Com Guga, Martina Hingis, Ricardo Mello, Nicolas Kiefer, Robby
Ginepri, Nicolas Lapentti e Anna Kournikova, entre outros, o Desafio Petrobras, na praia de Copacabana, no Rio, é o melhor programa
para este verão. Vai até sábado à noite e, o que é melhor, sai de graça.
Emoção
Fantástico e merecido o título croata na Davis. No banco, o apoio do
carismático Goran Ivanisevic. Em quadra, a vitória no último jogo
com Mario Ancic, jovem talentoso e, lá, chamado de "Baby Goran".
Dinossauro
Em fevereiro, John McEnroe estará de volta ao circuito profissional.
Faz dupla com Jonas Bjorkman no Torneio de San Jose, nos EUA.
E-mail reandaku@uol.com.br
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