São Paulo, quarta-feira, 07 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

Seleção do campeonato

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Os melhores do campeonato não são, necessariamente, os melhores. Nem os melhores das últimas rodadas, foram, obrigatoriamente, os melhores na maior parte dessa longa competição. Por isso, é difícil escalar uma seleção. Seria: Rogério Ceni, Paulo Baier, Cáceres, Gamarra e Gustavo Nery; Arouca, Tinga, Roger e Petkovic; Tevez e Rafael Sóbis. Vou tentar justificá-la. Sei que não vai adiantar. Ainda bem.
Como não houve nenhum goleiro que brilhasse na maior parte do campeonato, voto no Rogério Ceni, que foi regular, jogou a maior parte dos jogos e manteve a classe. Se o jovem Bruno, do Atlético-MG, e o Fábio Costa tivessem atuado mais vezes e com a qualidade das últimas partidas, um dos dois seria o escolhido.
Os três melhores zagueiros são estrangeiros: Lugano, Cáceres e Gamarra. Vou aproveitar o entrosamento da dupla da seleção do Paraguai.
Os melhores laterais foram, na verdade, alas, como Gustavo Nery, Paulo Baier, Gabriel, Cicinho, Jorge Wagner, Júnior, Michel Bastos e outros. Se jogassem na Europa, todos seriam armadores pelos lados, no esquema com duas linhas de quatro.
Dos volantes, Arouca foi o melhor e a revelação. Tinga foi o outro destaque, de volante ou de meia. Além de Roger, Petkovic, Tevez e Rafael Sóbis, muitos outros meias e atacantes brilharam, especialmente Juninho e o artilheiro Romário.
Muricy foi o melhor técnico. Abel Braga se entusiasmou com tantos elogios ao esquema ofensivo do Fluminense, que o time deixou de defender. Outros motivos foram responsáveis pela queda. A equipe precisa de um goleiro que pule menos e defenda mais e que torne as defesas difíceis mais fáceis, e não o contrário.
Tevez foi o melhor de todos. Será que ele vai jogar tanto na seleção da Argentina como fez no Corinthians ou ele brilhou intensamente por causa da fraqueza das defesas?

Luxemburgo e Robinho
Mais do que os resultados, a falta de atacantes pelos lados (característica dos times da Espanha) e a formação do elenco, principalmente as saídas do Figo e Owen, o que mais desagradou aos espanhóis em relação ao Luxemburgo foi a enorme comissão técnica de brasileiros e a tentativa do treinador de querer ser mais moderno do que a modernidade.
No Brasil, país de Terceiro Mundo, os treinadores são muito mais fascinados pela tecnologia, por auxiliares dando informações lá de cima por meio de um celular e por outras parafernálias. Após a tentativa no Brasil, sem êxito, Luxemburgo tentou na Espanha introduzir o fone no ouvido de um jogador para o técnico dar instruções durante a partida. Recebeu uma grande vaia.
Se o Luxemburgo não brilhar no próximo ano, vão diminuir as suas chances de ser o técnico da seleção após o Mundial, apesar dos parentes do Ricardo Teixeira na sua comissão técnica. Mesmo se o Brasil for campeão, Parreira não pretende continuar.
Robinho teve uma estréia espetacular no Real Madrid e, progressivamente, se apagou. Os espanhóis acham que ele é muito habilidoso, mas que finaliza mal e é muito franzino. São as críticas que havia no Brasil em um determinado momento de sua carreira. Se os espanhóis tiverem paciência, Robinho deverá brilhar intensamente como no Santos.
Mas será que o Robinho não deveria ter ido primeiro para um time menos badalado da Europa, como fizeram Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e Romário? Posteriormente, no Barcelona, os quatro se tornaram melhores do mundo.
Já Kaká não precisou de adaptação no Milan. A sua estrutura física e psicológica ajudaram bastante. A avaliação precisa ser individual.

Copa do Mundo
O Brasil pode enfrentar na primeira fase a Sérvia e Montenegro e mais uma outra equipe forte da Europa (Holanda ou Portugal ou República Tcheca). Essas quatro equipes estão no mesmo nível técnico das outras seleções da Europa que são cabeças-de-chave (Alemanha, Itália, França, Espanha e Inglaterra). A Argentina corre o mesmo risco.
Por outro lado, o Brasil pode enfrentar um time um pouco mais fraco da Europa (Polônia, Ucrânia, Suécia, Suíça, Croácia) e mais duas fracas seleções entre África ou Austrália e Ásia ou Concacaf. Seria um grupo ideal para treinar para os mata-matas.

E-mail tostao.folha@uol.com.br


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