Ex-presidente corintiano, que se recusou a depor e só falará em juízo, deve ser processado por estelionato e formação de quadrilha

DA REPORTAGEM LOCAL
DO PAINEL FC

O ex-presidente do Corinthians Alberto Dualib, 87, foi indiciado ontem por estelionato e formação de quadrilha pela delegada Inês da Silva Cunha, supervisora da UIP (Unidade de Inteligência Policial) do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) da Polícia Civil.
Ela é responsável pelo inquérito que investiga esquema de emissão de notas frias no clube do Parque São Jorge. O indiciamento de Dualib aconteceu às 13h45 de ontem. Ele preferiu falar somente em juízo.
O Gaeco (grupo de atuação contra o crime organizado), do Ministério Público de São Paulo, já havia feito a denúncia, rejeitada pela Justiça, que entendeu que a Promotoria não tinha poder para investigar. O caso então foi para o Deic.
Segundo o Ministério Público, as notas eram usadas em esquema de desvio de dinheiro do clube chefiado por Alberto Dualib e Nesi Curi, ex-vice corintiano. Eles também são réus em processo na Justiça Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Os promotores José Reinaldo Carneiro e Roberto Porto apreenderam notas e documentos contábeis no Corinthians e também na sede da empresa de serviços contábeis NBL, no bairro de Perdizes.
Segundo a Promotoria, o total desviado pode chegar a R$ 1,5 milhão. O esquema começou em 2002 e foi encerrado apenas quando Nesi e Dualib pediram afastamento de seus cargos, em agosto deste ano.
Juraci Benedito, responsável pela NBL, também foi indiciado e preferiu só falar em juízo. A empresa responderá ainda por crime fiscal.
Dualib não quis prestar depoimento ontem. "Quando chegamos lá, tinham sete ou oito volumes de notas, e ele [Dualib] não poderia falar porque não daria tempo de tomar conhecimento de tudo. Então, ele só fala em juízo", disse o advogado José Luiz Toloza, que sustentou a inocência do cliente.
"O regime no Corinthians é presidencialista, mas o presidente não tem controle sobre tudo o que acontece", afirmou.
Apesar disso, a delegada do Deic avaliou ter indícios suficientes para indiciar o ex-presidente corintiano. Isso significa que, de novo, ele deve ser denunciado pela Promotoria.
Segundo o Deic, o depoimento de Dualib já deveria ter ocorrido na última segunda-feira, mas seu advogado avisou que não levaria seu cliente porque a notícia de seu indiciamento havia vazado para a imprensa.
Hoje, Nesi deve prestar depoimento e também ser indiciado. "Tudo está sendo investigado, tudo está sendo passado para a polícia. Eu vou falar tudo o que sei quando sair daqui", disse o atual presidente corintiano, Andrés Sanches.
No último domingo, após o rebaixamento do time, ele ameaçou revelar detalhes da antiga administração.


Texto Anterior: Cartola diz que time terá até 7 reforços
Próximo Texto: "Reis de Copas", Boca e Milan chegam ao Japão
Índice