São Paulo, terça-feira, 07 de dezembro de 2010

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LOS GRINGOS - PAUL DOYLE

Falta um ciclone


Todos os principais times da Premier League parecem precisar de uma reconstrução


UM ESTUDO recente constatou que os torcedores do Stoke City são os mais barulhentos da Inglaterra.
É provável que sejam também os mais amargos.
Com razão. Não só sua cidade exibe um dos maiores índices de desemprego do país como seu time apresenta um dos mais estranhos históricos.
O melhor time que o Stoke já teve foi o dos anos 70, mas a chance mais real de o time obter um título acabou sabotada pela natureza. Em janeiro de 1976, quando o Stoke vinha embalado, um ciclone arrancou a cobertura de seu estádio. Para bancar o conserto, o clube teve de vender seus melhores atletas. A chance de título acabou e, uma temporada depois, o time caiu para a segunda divisão. Em Stoke, a raiva tem raízes psicológicas profundas. Se Tony Pulis não existisse, a torcida do Stoke teria de inventá-lo: exigem um técnico cujo estilo cause sofrimento aos visitantes. É uma forma de vingança.
Nenhum estádio da Premier League foi destruído por um ciclone nesta temporada, pelo menos até agora, mas temos um dos mais estranhos campeonatos da história recente. É estranhamente difícil prever quem ficará com o título, porque todos os principais times parecem precisar de uma reconstrução.
O Chelsea parece ter chegado ao fim de uma era, com seus astros já acima dos 30 anos e propensos a lesões. Roman Abramovich tentou se antecipar a isso montando o mais caro time juvenil de todos os tempos, mas os frutos desse esforço não parecem maduros.
O Tottenham sofre muitas lesões e não encontra consistência. O Liverpool caiu demais na tabela. O Manchester City é uma força em ascensão, mas muitos de seus atletas estão brigando ou com as táticas de Roberto Mancini ou com seus egos imensos. O líder Arsenal tem um ataque mágico, mas uma defesa que costuma frequentemente desaparecer em campo. Com a lesão de Vermaelen, a zaga central é um ponto fraco que os rivais exploram.
Aparentemente, Koscielny tinha índice de sucesso de 100% nos desarmes em seus dois anos finais na França, antes que o Arsenal o contratasse, mas, desde que chegou à Inglaterra, só vem provando a insensatez de se confiar demais em estatísticas.
No sábado, o Arsenal enfrenta seu eterno rival, o Manchester United. Nesta temporada peculiar, o time de Alex Ferguson é um paradoxo -embora invicto no Inglês, não impressiona. Seria compreensível, mas decepcionante, se o United vencesse.

PAUL DOYLE é redator-chefe de futebol do jornal britânico "The Guardian"

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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