São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2000


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BASQUETE
Helen e Silvinha Luz querem Cintia no time
Irmãs pedem clã na seleção brasileira

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

As irmãs Gonçalves (Paula e Branca) tiveram seu momento.
As irmãs Sobral (Marta, Leila e Márcia) nunca chegaram a ter e dificilmente ainda terão.
Hoje, no basquete nacional, o momento é das irmãs Luz.
A armadora Helen, 27, a ala-armadora Silvinha, 24, e a ala Cintia, 28, tornaram-se o primeiro trio de uma mesma família a conquistar, como titulares, uma competição de primeira linha no Brasil.
No sábado passado, as três se sagraram campeãs paulistas pelo Paraná/Carapicuíba, depois de uma equilibrada decisão em cinco jogos contra a Arcor/Santo André, atual detentora dos títulos brasileiro e sul-americano.
O torcedor que acompanha basquete certamente já ouviu falar de Helen e Silvinha, que defendem a seleção brasileira há algum tempo. A primeira foi campeã mundial em 1994, na Austrália. A segunda, medalha de prata na Olimpíada de Atlanta, em 1996.
Ambas estiveram presentes em todas as convocações para competições importantes feitas pelo técnico do Brasil, Antonio Carlos Barbosa, desde que ele assumiu o time, no início de 1997, em substituição a outro Luz, Miguel Angelo, que não tem relação de parentesco com as jogadoras.
Mas foi justamente a terceira irmã Luz, Cintia, a menos conhecida, apesar de ser a mais velha das três, que surpreendeu positivamente no Paulista 99-00.
Menos pelos pontos marcados -ela terminou com a boa média de 14,9 pontos por partida e foi a quarta cestinha da equipe, atrás da norte-americana Vicky Bullett (17,7), da croata Vedrana Grgin (15,7) e de Helen (15,6) -, mais pelo espírito de liderança.
"Ela esteve sempre muito lúcida, incentivou e conduziu o time não só na final. Foi a melhor jogadora do campeonato", disse o técnico do Paraná/Carapicuíba, Antonio Carlos Vendramini.
Na partida decisiva, com o Paraná jogando mal e perdendo por diferença de sete pontos no início, foi Cintia a responsável pelas cestas que reequilibraram o jogo.
Devido a esse desempenho geral, Vendramini e as próprias irmãs de Cintia iniciaram um lobby para que Barbosa a reconvoque para a seleção e lhe dê chance de estar no time olímpico que jogará em Sydney, em setembro.
Cintia esteve, ao lado das irmãs, na seleção que conquistou o Sul-Americano de 1997, no Chile. Depois, não foi mais chamada.
"Será uma grande injustiça se o Barbosa não convocar a Cintia Luz", frisou Vendramini.
"Ela está em uma fase excelente, muito madura e confiante. Merece um prêmio com a convocação", declarou Helen, titular absoluta da seleção de Barbosa.
Silvinha, mesmo não tendo assegurado vaga no time titular e com o risco de ter Cintia como mais uma concorrente (junto com Adriana, da Arcor/Santo André, e Claudinha, do BCN/Osasco), também pensa do mesmo jeito: "A Cintia merece a chance pelo campeonato que fez".
Sempre classificada como a menos talentosa das irmãs, Cintia afirma que uma convocação só será bem-vinda justamente se tiver chance de disputar posição, o que não aconteceu anteriormente. "Na minha idade, não quero ir para a seleção só por ir. Prefiro ficar no clube a ficar no banco."
A próxima lista de atletas de Barbosa deve sair no início de março, para amistosos contra Cuba e EUA, mas o técnico já disse que Cintia tem poucas chances de ser chamada, pois está com o grupo praticamente fechado.
Silvinha, que tem considerável semelhança física com Cintia, discorda da posição do treinador: "Fala-se muito em renovação, mas é preciso aproveitar o momento da jogadora."
Ela mesma ainda tenta recuperar sua melhor forma, já que voltou há pouco mais de um mês aos jogos oficiais, depois de uma cirurgia no joelho esquerdo tê-la afastado das quadras no segundo semestre do ano passado.
Helen, no melhor momento da carreira, agradeceu publicamente à ex-jogadora Hortência, dirigente do Paraná, por juntá-la às irmãs -foi a última a chegar ao time, na metade do ano passado.
Lamentou o fato a técnica Lais Elena Aranha, da Arcor/Santo André, ex-time de Helen, que, fã das três, costuma fazer trocadilho com o sobrenome: "As irmãs Luz são mesmo iluminadas".
"Essas irmãs são especiais, elas se gostam muito, tiveram uma formação familiar muito boa", acrescentou Vendramini.
Nascidas em Araçatuba (interior paulista), as irmãs começaram no basquete em Jundiaí, no Divino Salvador, o mesmo colégio que revelou Paula e Branca.
Ainda jogaram em Piracicaba, para depois seguirem para clubes diferentes. A última vez em que estiveram juntas em uma equipe, antes do recente reencontro, havia sido em 1994, na Ponte Preta-Nossa Caixa, de Campinas. Em início de carreira e ainda sem grandes chances no time titular, elas foram campeãs brasileiras e vice-campeãs estaduais.


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