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Rio-2016 quer diplomacia a serviço da candidatura
Comitê organizador cria documento para instruir funcionários do Itamaraty
Diplomatas são orientados a incluírem membros do COI em suas listas de contatos e a distribuírem convites para eventos nas embaixadas
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Finalista na disputa pelos Jogos de 2016, o Rio de Janeiro
precisa correr atrás de votos
mais do que qualquer outro
concorrente. Para isso, o governo brasileiro já acionou cabos
eleitorais pelo mundo.
Postos do país no exterior receberam documento com instruções de ações para promover a candidatura, argumentos
para seduzir dirigentes e pontos fortes dos adversários.
O texto ao qual a Folha teve
acesso foi acompanhado de lista dos prováveis membros votantes do Comitê Olímpico Internacional (COI), com fotos.
A eleição da sede de 2016 será em 2 de outubro. Na primeira etapa do processo, o Rio recebeu piores notas que Tóquio,
Chicago e Madri, suas rivais.
O Ministério das Relações
Exteriores, via assessoria de
imprensa, afirmou que o documento foi formulado pelos órgãos governamentais ligados à
Rio-2016 em parceria com o
Comitê Olímpico Brasileiro. E
o Itamaraty usa sua rede mundial de contatos para ajudar na
projeção da candidatura.
O texto lista ações que poderão render frutos. O governo
pede, por exemplo, que seus representantes no exterior citem
a candidatura sempre que possível e peçam apoio explicitamente. Essa é a prática a ser
adotada pelo presidente da República em todos os encontros
bilaterais, afirma o documento.
Os diplomatas também são
instruídos a incluírem membros votantes em suas listas de
contatos e a distribuírem convites para eventos na embaixada. Há, porém, um alerta: "De
acordo com o Código de Ética
do COI , não será permitido a
organização em consulados e
embaixadas de eventos concebidos exclusivamente para divulgar a candidatura".
Apesar do veto, o manual reforça que alusão à candidatura,
exibição de fotos ou filmes e
distribuição de material promocional não são proibidos.
Para ajudar as embaixadas a
convencerem os membros do
COI a votarem no Rio, o governo lista argumentos como o
ineditismo dos Jogos na América do Sul e a oportunidade de
levar o olimpismo aos jovens.
A organização do Pan-2007 e
da Copa-2014 também é citada
como trunfo do Brasil.
Outros fatores positivos
apresentados são as ações de
cooperação com países africanos, asiáticos e latino-americanos, como a exportação do Segundo Tempo, projeto do Ministério do Esporte.
O amistoso que levou a seleção ao Haiti e causou comoção
em Porto Príncipe também é
lembrado. Segundo o texto, o
jogo "deu relevante contribuição para a pacificação" do país.
Para angariar apoios, os representantes do Brasil no exterior também precisam conhecer os pontos fortes dos rivais.
O apoio de Barack Obama é
apresentado como o principal
trunfo de Chicago. E, graças ao
presidente, deverá ganhar os
votos africanos na região de
"influência do Quênia".
Os EUA, no entanto, teriam
um ponto fraco: os Jogos de
Atlanta-1996, um dos mais criticados da história. "O fato de
abrigarem duas Olimpíadas
nos últimos 25 anos poderia
constituir grave entrave à candidatura", diz o documento.
A geopolítica também é
apontada como argumento
contra Madri. Na avaliação do
governo brasileiro, será no mínimo surpreendente se outra
cidade europeia vier a ser escolhida logo em seguida a Londres, sede do evento em 2012.
O plano de Tóquio é apresentado como a "Olimpíada verde". No entanto, diz o texto, a
imprensa especializada aponta
como problema o fuso, malvisto pelas TVs de EUA e Europa.
Em 2008, os Jogos de Pequim
tiveram programação alterada
por causa das transmissões.
O documento às embaixadas
brasileiras termina com a afirmação de que, segundo a imprensa, "a contenda final se dará entre Chicago e Rio".
Para a candidatura nacional
chegar a esse estágio, o corpo-a-corpo terá de ser eficiente.
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