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Clubes seguem modelo dos EUA e contratam profissionais para cuidar de zagueiros e atacantes
Brasileiro entra na onda do treinador especialista
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois dos goleiros, chegou a
vez de zagueiros e atacantes terem
um treinador só para eles.
No Campeonato Brasileiro-2003, o Paraná, líder da competição, conta com um preparador de
atacantes. No Vasco, a zaga é cuidada pelo "professor" Mauro Galvão, 41. Outros clubes, como Coritiba e São Paulo, deslocam auxiliares para treinos específicos de cada setor da equipe.
A nova tendência segue, principalmente, o que acontece no esporte dos EUA. Lá, qualquer time
de basquete, beisebol ou futebol
americano ostenta especialistas
para cada um de seus setores.
Entre os clubes do país que já seguem essa trilha, quem mais comemora é o Paraná. Ex-jogador
do clube, Saulo, 35, está na sua segunda passagem como preparador de atacantes do time.
Ao final de cada treino geral, ele
fica 30 minutos com os atacantes.
Assim, o modesto time de Curitiba lidera o Nacional, mesmo
tendo enfrentado os dois últimos
campeões -Atlético-PR e Santos. Seu ataque já marcou cinco
vezes na competição. No ano passado, quando quase foi rebaixado
à Série B, o Paraná fez só dois gols
nas duas rodadas iniciais.
"O treinamento de um centroavante é totalmente diferente do de
um meia ou de um zagueiro", diz
Saulo, justificando seu cargo.
Segundo ele, um especialista
não deve fazer indicações ao treinador para a equipe titular. "Eles
[os técnicos] escutam a gente, mas
são os líderes e escalam o time",
afirma Saulo, que explica suas
prioridades. "O mais importante
é ensinar o posicionamento. Finalização o jogador tem mais facilidade para aprender", diz ele, que
considera essencial a experiência
como atleta para um especialista.
Outro que começou com o pé
direito a carreira de técnico específico foi o ex-zagueiro da seleção
Mauro Galvão, apesar de um início ruim no primeiro Nacional
com pontos corridos da história.
Treinando os zagueiros do Vasco, ele acaba de conquistar o Estadual do Rio. O clube fez isso com
uma defesa segura -teve média
de só 0,93 gol sofrido por jogo.
Assim como Saulo com os atacantes do Paraná, Mauro Galvão
coloca o posicionamento como
prioridade de seu trabalho.
"Certas coisas são impossíveis
de serem passadas, mas posicionamento e aspectos táticos não",
diz ele, que pretende passar a treinador-geral em dois anos.
Para Galvão, seu trabalho é facilitado pela ausência de medalhões
na zaga do time de São Januário.
"São jogadores que querem melhorar, e isso é a base de tudo",
afirma o técnico de zagueiros, que
prioriza os problemas na zaga nas
suas conversas com o técnico Antônio Lopes.
Mesmo sem criar cargos específicos para defesa ou ataque, outros clubes da elite do país também apostam na especialização.
No Coritiba, o técnico Bonamigo conta com três auxiliares que
se revezam pelos setores da equipe. "No nosso caso, temos uma
variação. Dependendo da necessidade, um auxiliar faz um trabalho específico. No ataque, por
exemplo, quem costuma fazer isso é o Édson [Gonzaga], que foi
atacante", diz o treinador.
O São Paulo também deslocou
um auxiliar para cuidar de um setor exclusivo. Waldemar de Oliveira, irmão do técnico Oswaldo,
chegou ao clube com a responsabilidade de orientar a defesa. Até
agora não teve sucesso, já que o
setor falha constantemente.
Waldemar se diz um pioneiro
dessa situação -fez isso na década de 80 quando trabalhava com
Renê Simões no Mesquita, pequeno clube do Rio.
"Dar trabalho específico em todas as posições, que são cheias de
detalhes, seria muito importante
para o futebol brasileiro", afirma.
Colaborou Eduardo Arruda, da Reportagem Local
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