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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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Clubes seguem modelo dos EUA e contratam profissionais para cuidar de zagueiros e atacantes

Brasileiro entra na onda do treinador especialista

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois dos goleiros, chegou a vez de zagueiros e atacantes terem um treinador só para eles.
No Campeonato Brasileiro-2003, o Paraná, líder da competição, conta com um preparador de atacantes. No Vasco, a zaga é cuidada pelo "professor" Mauro Galvão, 41. Outros clubes, como Coritiba e São Paulo, deslocam auxiliares para treinos específicos de cada setor da equipe.
A nova tendência segue, principalmente, o que acontece no esporte dos EUA. Lá, qualquer time de basquete, beisebol ou futebol americano ostenta especialistas para cada um de seus setores.
Entre os clubes do país que já seguem essa trilha, quem mais comemora é o Paraná. Ex-jogador do clube, Saulo, 35, está na sua segunda passagem como preparador de atacantes do time.
Ao final de cada treino geral, ele fica 30 minutos com os atacantes.
Assim, o modesto time de Curitiba lidera o Nacional, mesmo tendo enfrentado os dois últimos campeões -Atlético-PR e Santos. Seu ataque já marcou cinco vezes na competição. No ano passado, quando quase foi rebaixado à Série B, o Paraná fez só dois gols nas duas rodadas iniciais.
"O treinamento de um centroavante é totalmente diferente do de um meia ou de um zagueiro", diz Saulo, justificando seu cargo.
Segundo ele, um especialista não deve fazer indicações ao treinador para a equipe titular. "Eles [os técnicos] escutam a gente, mas são os líderes e escalam o time", afirma Saulo, que explica suas prioridades. "O mais importante é ensinar o posicionamento. Finalização o jogador tem mais facilidade para aprender", diz ele, que considera essencial a experiência como atleta para um especialista.
Outro que começou com o pé direito a carreira de técnico específico foi o ex-zagueiro da seleção Mauro Galvão, apesar de um início ruim no primeiro Nacional com pontos corridos da história.
Treinando os zagueiros do Vasco, ele acaba de conquistar o Estadual do Rio. O clube fez isso com uma defesa segura -teve média de só 0,93 gol sofrido por jogo.
Assim como Saulo com os atacantes do Paraná, Mauro Galvão coloca o posicionamento como prioridade de seu trabalho.
"Certas coisas são impossíveis de serem passadas, mas posicionamento e aspectos táticos não", diz ele, que pretende passar a treinador-geral em dois anos.
Para Galvão, seu trabalho é facilitado pela ausência de medalhões na zaga do time de São Januário.
"São jogadores que querem melhorar, e isso é a base de tudo", afirma o técnico de zagueiros, que prioriza os problemas na zaga nas suas conversas com o técnico Antônio Lopes.
Mesmo sem criar cargos específicos para defesa ou ataque, outros clubes da elite do país também apostam na especialização.
No Coritiba, o técnico Bonamigo conta com três auxiliares que se revezam pelos setores da equipe. "No nosso caso, temos uma variação. Dependendo da necessidade, um auxiliar faz um trabalho específico. No ataque, por exemplo, quem costuma fazer isso é o Édson [Gonzaga], que foi atacante", diz o treinador.
O São Paulo também deslocou um auxiliar para cuidar de um setor exclusivo. Waldemar de Oliveira, irmão do técnico Oswaldo, chegou ao clube com a responsabilidade de orientar a defesa. Até agora não teve sucesso, já que o setor falha constantemente.
Waldemar se diz um pioneiro dessa situação -fez isso na década de 80 quando trabalhava com Renê Simões no Mesquita, pequeno clube do Rio.
"Dar trabalho específico em todas as posições, que são cheias de detalhes, seria muito importante para o futebol brasileiro", afirma.


Colaborou Eduardo Arruda, da Reportagem Local


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