|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AÇÃO
Feito, bem-feito e perfeito
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Quando as competições de
ondas grandes ganharam
força, o mundo, admirado, parou
para assistir. De um dia para o
outro, surgia uma nova dimensão
nos eventos de surfe que fazia as
outras, diante da grandiosidade
do big surfe, parecerem ultrapassadas. Mas não seria bem assim.
A história começa com o Eddie
Aikau, competição de um dia
criada em 86 para homenagear o
guarda-vidas havaiano e que só
acontece entre surfistas convidados quando as condições de swell
e vento são ideais. Depois, foi reforçada com o Quiksilver Men
Who Ride Mountain, criado em
99 por Jeff Clark, pioneiro em Maverick's, um dos mais famosos picos de ondas grandes. Quando
Clark mostrou o que pretendia fazer, conquistou a atenção da mídia. E, para deixar os convidados
ainda mais estimulados, um prêmio de US$ 30 mil foi oferecido ao
vencedor. Tudo perfeito, não fosse
a necessidade do swell gigante.
Nos dois primeiros anos, com a
Quiksilver por trás, o evento de
Clark foi realizado. Mas, na temporada 2000/01, o organizador,
esperando as ondas ideais, foi
adiando a chamada que iniciaria
os duelos e, quando se deu conta,
a temporada tinha acabado.
Enquanto isso, em Jaws, Havaí,
nascia na temporada 2001/02, em
grande estilo, a Copa do Mundo
de tow-in. Ondas com faces de 60
pés varreram o arquipélago e, dada a atenção da mídia, o prêmio
de US$ 60 mil e a presença de ícones do esporte, os organizadores
tiveram a certeza de que tinham
criado ali o Superbowl do surfe.
Mas, na temporada seguinte,
esperando pelo swell ideal, a Copa não aconteceu. Como também
não rolou neste ano, quando o
prêmio seria de US$ 100 mil.
Ironicamente, em 10 de janeiro,
três dias antes do início do período oficial, o mar em Jaws cresceu
assustadoramente. Como a organização ainda aguardava a resposta de um potencial patrocinador, resolveu esperar um novo
swell, na certeza de que, até 15 de
março, ele viria. Não veio.
Os surfistas que estavam em
Jaws para a Copa pelo menos se
credenciaram para o Billabong
XXL, que concede a quem dropar
a maior onda da temporada um
prêmio de US$ 1.000 por pé surfado. Nesta semana, os cinco finalistas do Billabong XXL foram
anunciados e, deles, quatro saíram de Jaws em 10 de janeiro, entre eles o brasileiro Danilo Couto.
O vencedor será anunciado no
dia 16 em Los Angeles.
O clássico Eddie Aikau, que nos
últimos 16 anos só foi realizado
cinco vezes e neste ano tinha prêmio de US$ 50 mil, também não
se concretizou, embora o swell tenha entrado; o período de espera
foi encerrado em 29 de fevereiro.
Surpreendentemente, a única
disputa que ocorreu foi em Maverick's, onde Clark, após três anos,
voltou à tona. Sem um grande patrocinador e sem esperar que o
dia ideal se apresentasse, Clark
deu luz verde no dia 28 de fevereiro, quando o swell chegou a 15
pés. Não se tratou de um dia histórico, mas a disputa foi a campo,
e Darryl "Flea" Virostko faturou
um cheque de US$ 10 mil. Clark,
pelo visto, aprendeu a diferenciar
o feito, o bem-feito e o perfeito.
Neste ano, optou pelo "feito".
Por falar em ondas grandes
A parada australiana seis estrelas do WQS ocorreu em Margareth River e começou em ondas de 6 m. Neco Padaratz obteve US$ 15 mil e a
liderança do ranking. Raoni Monteiro ficou em segundo lugar.
Treinos arriscados
O atropelamento de um grupo de elite do triatlo em Niterói, entre
eles Sandra Soldan, que deve ir a Atenas, chama a atenção para uma
situação que em São Paulo é crítica. Na USP, a rua da raia virou rota
de fuga da marginal e da Bandeirantes. Além dos carros, há ladrões.
Wakeboard
O australiano Daniel Watkins venceu na abertura do Circuito Mundial no Rio. Marito, décimo, foi o melhor brasileiro.
E-mail sarli@trip.com.br
Texto Anterior: Seleção brasileira está fora do torneio Próximo Texto: Futebol - Soninha: F.A.Q. Índice
|