São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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AÇÃO

Feito, bem-feito e perfeito

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Quando as competições de ondas grandes ganharam força, o mundo, admirado, parou para assistir. De um dia para o outro, surgia uma nova dimensão nos eventos de surfe que fazia as outras, diante da grandiosidade do big surfe, parecerem ultrapassadas. Mas não seria bem assim.
A história começa com o Eddie Aikau, competição de um dia criada em 86 para homenagear o guarda-vidas havaiano e que só acontece entre surfistas convidados quando as condições de swell e vento são ideais. Depois, foi reforçada com o Quiksilver Men Who Ride Mountain, criado em 99 por Jeff Clark, pioneiro em Maverick's, um dos mais famosos picos de ondas grandes. Quando Clark mostrou o que pretendia fazer, conquistou a atenção da mídia. E, para deixar os convidados ainda mais estimulados, um prêmio de US$ 30 mil foi oferecido ao vencedor. Tudo perfeito, não fosse a necessidade do swell gigante.
Nos dois primeiros anos, com a Quiksilver por trás, o evento de Clark foi realizado. Mas, na temporada 2000/01, o organizador, esperando as ondas ideais, foi adiando a chamada que iniciaria os duelos e, quando se deu conta, a temporada tinha acabado.
Enquanto isso, em Jaws, Havaí, nascia na temporada 2001/02, em grande estilo, a Copa do Mundo de tow-in. Ondas com faces de 60 pés varreram o arquipélago e, dada a atenção da mídia, o prêmio de US$ 60 mil e a presença de ícones do esporte, os organizadores tiveram a certeza de que tinham criado ali o Superbowl do surfe.
Mas, na temporada seguinte, esperando pelo swell ideal, a Copa não aconteceu. Como também não rolou neste ano, quando o prêmio seria de US$ 100 mil.
Ironicamente, em 10 de janeiro, três dias antes do início do período oficial, o mar em Jaws cresceu assustadoramente. Como a organização ainda aguardava a resposta de um potencial patrocinador, resolveu esperar um novo swell, na certeza de que, até 15 de março, ele viria. Não veio.
Os surfistas que estavam em Jaws para a Copa pelo menos se credenciaram para o Billabong XXL, que concede a quem dropar a maior onda da temporada um prêmio de US$ 1.000 por pé surfado. Nesta semana, os cinco finalistas do Billabong XXL foram anunciados e, deles, quatro saíram de Jaws em 10 de janeiro, entre eles o brasileiro Danilo Couto. O vencedor será anunciado no dia 16 em Los Angeles.
O clássico Eddie Aikau, que nos últimos 16 anos só foi realizado cinco vezes e neste ano tinha prêmio de US$ 50 mil, também não se concretizou, embora o swell tenha entrado; o período de espera foi encerrado em 29 de fevereiro.
Surpreendentemente, a única disputa que ocorreu foi em Maverick's, onde Clark, após três anos, voltou à tona. Sem um grande patrocinador e sem esperar que o dia ideal se apresentasse, Clark deu luz verde no dia 28 de fevereiro, quando o swell chegou a 15 pés. Não se tratou de um dia histórico, mas a disputa foi a campo, e Darryl "Flea" Virostko faturou um cheque de US$ 10 mil. Clark, pelo visto, aprendeu a diferenciar o feito, o bem-feito e o perfeito. Neste ano, optou pelo "feito".

Por falar em ondas grandes
A parada australiana seis estrelas do WQS ocorreu em Margareth River e começou em ondas de 6 m. Neco Padaratz obteve US$ 15 mil e a liderança do ranking. Raoni Monteiro ficou em segundo lugar.

Treinos arriscados
O atropelamento de um grupo de elite do triatlo em Niterói, entre eles Sandra Soldan, que deve ir a Atenas, chama a atenção para uma situação que em São Paulo é crítica. Na USP, a rua da raia virou rota de fuga da marginal e da Bandeirantes. Além dos carros, há ladrões.

Wakeboard
O australiano Daniel Watkins venceu na abertura do Circuito Mundial no Rio. Marito, décimo, foi o melhor brasileiro.

E-mail sarli@trip.com.br


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