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FUTEBOL
Os quatro fantásticos
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro times, quatro foras-de-série e quatro duplas.
Quando um torneio afunila,
surgem teses para explicar o sucesso dos sobreviventes. A coluna
engatilhava a história dos "times
de um homem só": o Arsenal de
Henry, o Barcelona de Ronaldinho, o Lyon de Juninho e o Villarreal de Riquelme. Mas a tradição
do Milan na Copa dos Campeões
falou mais alto no fim que a ordem e a ousadia do campeão
francês. Não que o clube italiano
não tenha seu fora-de-série, mas é
que conta normalmente com
mais de um homem-decisão.
Pegando as estatísticas da Uefa,
as últimas eleições de melhor do
mundo e da Europa e, mais que
isso, admirando os jogos dos semifinalistas da Champions League, percebe-se mesmo que o craque faz a diferença nesta temporada. Separe o Juninho acima
(pena) e acrescente Shevchenko.
Novamente o ucraniano surge no
topo da lista de goleadores do nobre interclubes (nove gols) e mais
uma vez define a favor do Milan,
mesmo sem jogar bem. Além disso, tem três assistências na liga,
mais que Kaká, seu garçom brasileiro (uma assistência) e que esteve apagado contra o Lyon.
Shevchenko não é artístico como Henry, Riquelme e Ronaldinho, mas é um caso à parte também. Seria meio exagero dizer "o
Milan de Shevchenko" como falei
acima de Arsenal, Barcelona e Villarreal de seus gênios, mas isso só
passaria um pouco do tom. Para
ser mais justo, politicamente correto e dividir honras, incluo na
conversa os sensacionais coadjuvantes, ou melhor, as fundamentais "segundas vozes" dos classificados: Eto'o, Forlán, Pires e o próprio Kaká, de quem já escrevi. Ronaldinho se entende mais com o
camaronês do que com qualquer
conterrâneo seu. Riquelme fala a
mesma língua do atacante uruguaio não só literalmente. Henry
tem Pires como seu parceiro até
na hora do pênalti em dois toques. E Shevchenko curte a companhia de Kaká até no golfe.
Vamos aos gols: Shevchenko-Kaká balança mais a rede (14)
que Ronaldinho-Eto'o (12),
Henry-Pires (7) e Riquelme-Forlán (4). A última dupla é mais caçada (41 faltas) que as de Milan
(39), Barça (33) e Arsenal (21). O
dueto francês do time londrino é o
que ficou menos tempo junto em
campo por questões físicas e táticas (somadas as atuações de ambos, 1.175 minutos), menos que os
duetos de Villarreal (1.475), Barcelona (1.521) e Milan (1.580).
Não é preciso interpretar números para constatar que Henry é o
fora-de-série mais essencial a seu
time. Ronaldinho, melhor do
mundo que perdeu pênalti e não
luziu contra o Benfica, tem ao lado o líder em assistências na liga,
Eto'o, que já deu quatro passes
para gols. Riquelme, autor da jogada mais bela do meio de semana, é talvez quem mais se aproxime de Henry nas semifinais no
quesito "dono do time".
Seriam semis Henry x Riquelme
e Ronaldinho-Eto'o x Shevchenko-Kaká. Mas, no final, a história
deverá grudar o nome de um só
ao do time campeão, mesmo que
esse não seja o Real Madrid de Di
Stéfano, o Santos de Pelé, o Ajax
de Cruyff, o Flamengo de Zico, o
Bayern de Beckenbauer...
Uma final fantástica
Sem o Lyon, nada de time francês na decisão da Copa dos Campeões
no Stade de France. Mas o Arsenal de Henry tem Cygan, Diaby, Flamini e Pires, além de Clichy (time B) e Arsène Wenger (banco). Ronaldinho não é francês, mas conhece bem lá (PSG). U-la-lá!
Um africano fantástico
Próximo indicado pela Fifa a melhor jogador jovem da Copa: Tagoe,
19, avante do saudita Al Ittihad que deve defender Gana no Mundial.
Um técnico fantástico
Com Telê Santana, o São Paulo jogou 15 vezes na Libertadores no
Morumbi, ganhando 14 e empatando uma. Por isso, também, é seu
nome que está grudado no do São Paulo bi mundial 1992/93. Força!
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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