São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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FUTEBOL

Os quatro fantásticos

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro times, quatro foras-de-série e quatro duplas.
Quando um torneio afunila, surgem teses para explicar o sucesso dos sobreviventes. A coluna engatilhava a história dos "times de um homem só": o Arsenal de Henry, o Barcelona de Ronaldinho, o Lyon de Juninho e o Villarreal de Riquelme. Mas a tradição do Milan na Copa dos Campeões falou mais alto no fim que a ordem e a ousadia do campeão francês. Não que o clube italiano não tenha seu fora-de-série, mas é que conta normalmente com mais de um homem-decisão.
Pegando as estatísticas da Uefa, as últimas eleições de melhor do mundo e da Europa e, mais que isso, admirando os jogos dos semifinalistas da Champions League, percebe-se mesmo que o craque faz a diferença nesta temporada. Separe o Juninho acima (pena) e acrescente Shevchenko. Novamente o ucraniano surge no topo da lista de goleadores do nobre interclubes (nove gols) e mais uma vez define a favor do Milan, mesmo sem jogar bem. Além disso, tem três assistências na liga, mais que Kaká, seu garçom brasileiro (uma assistência) e que esteve apagado contra o Lyon.
Shevchenko não é artístico como Henry, Riquelme e Ronaldinho, mas é um caso à parte também. Seria meio exagero dizer "o Milan de Shevchenko" como falei acima de Arsenal, Barcelona e Villarreal de seus gênios, mas isso só passaria um pouco do tom. Para ser mais justo, politicamente correto e dividir honras, incluo na conversa os sensacionais coadjuvantes, ou melhor, as fundamentais "segundas vozes" dos classificados: Eto'o, Forlán, Pires e o próprio Kaká, de quem já escrevi. Ronaldinho se entende mais com o camaronês do que com qualquer conterrâneo seu. Riquelme fala a mesma língua do atacante uruguaio não só literalmente. Henry tem Pires como seu parceiro até na hora do pênalti em dois toques. E Shevchenko curte a companhia de Kaká até no golfe.
Vamos aos gols: Shevchenko-Kaká balança mais a rede (14) que Ronaldinho-Eto'o (12), Henry-Pires (7) e Riquelme-Forlán (4). A última dupla é mais caçada (41 faltas) que as de Milan (39), Barça (33) e Arsenal (21). O dueto francês do time londrino é o que ficou menos tempo junto em campo por questões físicas e táticas (somadas as atuações de ambos, 1.175 minutos), menos que os duetos de Villarreal (1.475), Barcelona (1.521) e Milan (1.580).
Não é preciso interpretar números para constatar que Henry é o fora-de-série mais essencial a seu time. Ronaldinho, melhor do mundo que perdeu pênalti e não luziu contra o Benfica, tem ao lado o líder em assistências na liga, Eto'o, que já deu quatro passes para gols. Riquelme, autor da jogada mais bela do meio de semana, é talvez quem mais se aproxime de Henry nas semifinais no quesito "dono do time".
Seriam semis Henry x Riquelme e Ronaldinho-Eto'o x Shevchenko-Kaká. Mas, no final, a história deverá grudar o nome de um só ao do time campeão, mesmo que esse não seja o Real Madrid de Di Stéfano, o Santos de Pelé, o Ajax de Cruyff, o Flamengo de Zico, o Bayern de Beckenbauer...

Uma final fantástica
Sem o Lyon, nada de time francês na decisão da Copa dos Campeões no Stade de France. Mas o Arsenal de Henry tem Cygan, Diaby, Flamini e Pires, além de Clichy (time B) e Arsène Wenger (banco). Ronaldinho não é francês, mas conhece bem lá (PSG). U-la-lá!

Um africano fantástico
Próximo indicado pela Fifa a melhor jogador jovem da Copa: Tagoe, 19, avante do saudita Al Ittihad que deve defender Gana no Mundial.

Um técnico fantástico
Com Telê Santana, o São Paulo jogou 15 vezes na Libertadores no Morumbi, ganhando 14 e empatando uma. Por isso, também, é seu nome que está grudado no do São Paulo bi mundial 1992/93. Força!

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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