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MOTOR
Mais revoluções por minuto
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Aos fatos. Em 20 de abril,
três dias antes de anunciar o
pacotão para 2008, Max Mosley,
junto com Bernie Ecclestone, foi a
Maranello conversar com Luca
Montezemolo. Três dias depois,
revolução deflagrada em Imola.
F-1 dos velhos tempos, 2,4 litros,
V8, sem freio de carbono, sem eletrônica, sem guerra de pneus, o
diabo. Reação imediata, a GPWC
rasgou o tal "memorando de entendimento", que inviabilizava a
série paralela e prolongava o Pacto de Concórdia até 2014.
Na semana seguinte, no dia 27,
Burkhard Goeschel, do conselho
da BMW, disse que a marca deixaria a novíssima F-1 se ela não
fosse "congruente" com os objetivos da empresa -para quem esqueceu, sócia de Ferrari, Ford,
Mercedes e Renault na GPWC.
Na quinta-feira, dia 29, foi a vez
de Montezemolo. "A única certeza é que no final de 2007 estaremos livres, sem vínculos com ninguém. Depois disso, todos poderão fazer o que bem entenderem."
Deixar a F-1? "Sim, por que não?"
Passou o final de semana, e algo
aconteceu. Tanto que, logo na segunda-feira, Mario Thiessen acenou com uma "solução técnica"
para o encontro do dia seguinte.
"Parte das propostas é interessante", afirmou o diretor da BMW.
O tom conciliador não apenas
se confirmou na reunião de Mônaco como transformou o troço
quase numa festa. Boa parte das
propostas foi aceita, alguns prazos até foram antecipados, e os
sorrisos brotaram confiantes. E
mais ricos, já que Ecclestone animou o encontro com um pequeno
mimo, US$ 180 milhões para os times esquecerem a série paralela.
Eles esqueceram, assim como
deixaram para trás as ameaças
da semana anterior. Mas algo
aconteceu. Na F-1, as pessoas não
mudam de opinião apenas por
mudar, precisam de argumentos
sólidos. Por incrível que pareça,
US$ 180 milhões, divididos por
dez times, não é sólido-só pelas
rubricas no tal memorando, Ecclestone oferecera sete vezes isso.
Atrás de uma resposta, resolvo
comparar a proposta de Mosley
com o acordado pelos times. Itens
mantidos, itens modificados, alguns em aberto... Epa! Um único
foi acrescentado: não haverá outro Pacto de Concórdia, que acaba, como se sabe, em 2007.
O documento, para quem também já esqueceu, regula todo o aspecto comercial da F-1. Lá está escrito, por exemplo, que Ecclestone
manda no pedaço e que ele cobra
por isso. Segundo consta, módicos
70% do que a F-1 fatura. Recentemente, dizem, cedeu, e o agenciamento de luxo caiu. Para 60%.
Juntando A com B, minha interpretação dos fatos: Mosley e
Ecclestone perceberam que a coisa ia para o buraco e decidiram se
mexer; foram a Montezemolo para saber o que a mãe Ferrari
achava, e ele deve ter dito que
mudar regra tanto fazia, o que interessava era dar mais dinheiro
aos times; Ecclestone com certeza
fez bico, mas Mosley resolveu divulgar o pacote; as grandes ameaçaram sair, Mosley perguntou o
que faremos, e elas responderam
aprovamos o pacote, você posa de
salvador, mas esse negócio da
China passa a ter vários chineses.
E o Bernie? Ele fatura até 2007,
depois é com a gente. Ok?
Michelin
Ao contrário da rival Bridgestone, que afirmou aceitar um futuro
monopolista, a fábrica francesa frisou que prefere a competição. Disse que apresentará proposta alternativa. É guerra quase perdida.
Villeneuve
A Williams está perto de assinar com um campeão a preço de banana. Villeneuve se ofereceu e está pessoalmente empenhado em garantir uma das vagas para 2005. Em Barcelona, dizem que o canadense liga quase todo dia para o escritório da escuderia na Inglaterra.
Toyota
E não é que a esforçada equipe japonesa caiu no conto do vigário?
Ralf é tudo o que eles não precisam. Basta ver o exemplo da BAR.
E-mail mariante@uol.com.br
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