São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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dois pesos, duas medidas

Seletiva do Pan, no fim, não seleciona

Copa expõe critérios obscuros da confederação de judô e deixa BH sem definir representante da categoria mais disputada

Campeão mundial e preferido da CBJ, João Derly tem resultados similares ao do rival Cunha, e escolha acontecerá fora do tatame


LUÍS FERRARI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A Copa do Mundo de judô era para ser o tira-teima do método qualificatório, para o Pan, que mostrou contradição de critérios nos últimos dias.
Mas o meio-leve masculino (66 kg), a classe mais disputada da seletiva, segue com um ponto de interrogação. Que será posto de lado só na sexta, quando será anunciada a equipe.
O campeão mundial João Derly e Leandro Cunha tiveram performance equivalente tanto nos torneios da Europa -cada um perdeu só um combate-, quanto em Belo Horizonte, quando ficaram com o bronze (no judô, dois são premiados pelo terceiro lugar).
Derly perdeu na semifinal do cubano Yordanis Arencibia no "golden score", a morte súbita do judô. E queixou-se da arbitragem. "Vi o vídeo da luta e achei que pontuei antes."
No mesmo estágio, Cunha perdeu para o equatoriano Roberto Ibañez, 22, bem menos conhecido que o algoz de Derly.
"Fiquei surpreso com a derrota do Coxinha [apelido de Cunha] para o equatoriano", disse o gaúcho. Seu técnico, Antônio Carlos Pereira, o Kiko, chegou a desdenhar do equatoriano antes da final.
Derly e Cunha ganharam bronze, mas o campeão mundial havia perdido para aquele que todos esperavam que vencesse a Copa -o que poderia pesar para sua escalação.
Mas Arencibia foi surpreendido pelo equatoriano nos segundos finais, o que, subitamente, valorizou o algoz de Cunha, embaralhando novamente as chances dos brasileiros.
"Não perdi para um cara fraco, perdi para o campeão", vibrou Cunha. "Isso embola mais ainda a definição do titular", comentou o atleta que alega encarar com naturalidade o fato de Derly, por seu título mundial, ter tido certo favoritismo por parte dos dirigentes.
Cunha finalizou destacando que espera que, agora, pesem somente os resultados e o aspecto técnico dele e de Derly e não o currículo dos dois.
A observação é uma alfinetada na comissão técnica.
Anteontem, Ney Wilson, coordenador técnico da CBJ (Confederação Brasileira de Judô), apontara Derly como "o maior patrimônio do judô brasileiro no momento" e dissera acreditar em sua classificação.
A "tomada de partido" foi uma reação à crítica de Derly à forma como a comissão técnica definiu Flavio Canto (nos 81 kg) e Tiago Camilo (nos 90 kg) como titulares do Pan.
Eles concorriam entre si nos 81 kg. Com a decisão, Carlos Honorato, único candidato nos 90 kg após a lesão de Hugo Pessanha, foi cortado do Pan.
Em contrapartida, foi efetivado como titular do Mundial em setembro, o que desagradou Derly, único atleta do país a ter vencido este título e que não sabe ainda se poderá defendê-lo.
O Pan, no qual tanto Derly quanto Cunha podem ser escalados, qualifica ao Mundial -exceto nos 81 kg, Canto e Camilo disputarão uma seletiva.
Ontem após vencer o torneio, Canto elogiou a decisão e repetiu o discurso dos cartolas e Camilo -que Honorato está em má fase e tem a chance de treinar para o Mundial.


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